é goleada tricolor na internet
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Publicada em 17 de abril de 2024 às 08:41 por Manuelito Magalhães

Manuelito Magalhães

Sobre heróis e vilões

Rogério Ceni perdeu a tranquilidade após as finais do Campeonato Baiano e foi bastante questionado na sequência da derrota com requintes de vexame perante o Internacional. Seus erros acabaram com o que restava de bom senso e de paciência na torcida tricolor. O resultado positivo perante o Fluminense-RJ deu a ele o que precisava para trabalhar o time para o clássico do próximo domingo: um pouco de paz. Todavia, arrisco-me a dizer que o torcedor não devolveu ao treinador a tranquilidade para seguir adiante com seu trabalho. A sequência de erros estratégicos e táticos deixou feridas que, no primeiro tropeço, vão reabrir.

Ceni foi o técnico ideal para o momento em que Paiva saiu. Workaholic, rapidamente assimilou os processos do grupo City e entendeu as características do elenco à sua disposição, conseguindo manter a equipe na primeira divisão do campeonato brasileiro. Gostou tanto do que viu e viveu que abriu mão de férias para conhecer estruturas do City na Europa, chegando ao ponto de levar a equipe tricolor para fazer a pré-temporada de 2024 em Manchester…

Com um elenco encorpado pelas chegadas de Éverton Ribeiro, Jean Lucas, Santi Árias, Cuesta e Caio Alexandre, disputou partidas contra equipes mais frágeis e logo virou a equipe sensação do Brasil. O quarteto “mágico” no meio de campo – Jean Lucas, Caio Alexandre, Cauly e Éverton Ribeiro – levava os torcedores a sonhar mais alto, quem sabe com a possibilidade de mais uma estrela na camisa. As lacunas no elenco eram preenchidas com improvisos, mostrando a “genialidade” do comandante: Thaciano como centroavante, Rezende ou Juba na lateral esquerda. E o torcedor desdenhava das fragilidades, afinal Ceni é um profissional experiente e o grupo City não seria capaz de cometer os mesmos erros da temporada passada, deixando a equipe com deficiências em alguns setores.

O tempo, como sabemos, é o senhor da razão e mostrou-se impiedoso ao desnudar toda a arrogância e a falsa sensação de euforia que circundava nosso time. As derrotas e os vexames que passamos chamaram o torcedor à realidade, nua e crua. Nosso time, apesar do elenco estrelado e da alta folha de pagamentos, não formava uma equipe coesa e competitiva. Não bastasse esse duro choque, ficou evidente que Ceni – apesar de toda sua experiência – não se comportava à altura do desafio, passando a agir como muitos outros: eu ganho, nós empatamos, eles perdem

A sequência de resultados negativos e o desempenho aquém do esperado trouxeram à tona desculpas novas (“Elenco curto” e “time preparado para 70 minutos” foram algumas dessas), que se somaram às  tradicionais: “falta de tempo para treinar” e “cansaço da equipe”. Deixando de lado a bizarrice das justificativas apresentadas, elas serviram para expor o elenco, a diretoria de futebol do Bahia e a própria equipe do treinador, responsável pela preparação física. Um passo em falso de Ceni. Suficiente para provocar sua queda? Teremos que esperar as cenas do próximo capítulo para saber!

Embora sempre a conta fique para o treinador, é inegável que a responsabilidade, neste momento não é só dele. Sim, há erros táticos e de escalação dos atletas. Mas, estes também tem sua cota de participação no desempenho da equipe. A apatia, a falta de cobrança dentro de campo, a acomodação diante dos resultados, a incapacidade de reação, dentre outros problemas, não podem ser atribuídos a Ceni. Faltam liderança e entrega dentro de campo. E isso não é atributo a ser cobrado do técnico. Menos mal que na partida diante do tricolor carioca, na última terça-feira, o time já apresentou uma postura diferente, inclusive de cobranças em campo, entre os jogadores. Ceni também procurou não inventar, improvisando onde era necessário e fazendo substituições que não desmontaram a estrutura do time. Bem diferente dos jogos anteriores.

Da mesma forma, o grupo City não pode passar incólume. Errou no planejamento do elenco deixando fragilidades que agora cobram seu preço. E erra insistentemente em não desenvolver uma comissão técnica fixa do clube, capaz de apontar para o treinador de plantão seus erros e o que precisa ser mudado, na opinião de quem tem compromisso com o Bahia e cujo emprego não depende da performance do comandante técnico. E, sobretudo, uma comissão capaz de desenvolver a capacidade física dos atletas pensando sempre não no próximo jogo, mas na temporada. Tais “detalhes” não podem ficar à mercê do “treinador do dia”, devem ser responsabilidade da equipe, como um todo. É assim que fazem os grandes times. O Bahia terá dificuldades em se impor como uma equipe de ponta se continuar seguindo sendo refém de “heróis” de ocasião que, rapidamente, se transformam em “vilões” do momento. O técnico de futebol não pode ser endeusado no triunfo, nem demonizado na derrota. Ele é um ser humano, sujeito a erros. Cabe ao processo de gestão do clube fazê-lo entender que dividir as decisões com o próprio clube é a maneira mais sensata de minimizar erros. Para isso, o clube precisa estar capacitado. Até agora, o Bahia não demonstrou ter essa capacidade. Aguardemos! BBMP!!

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