Não era segredo para ninguém. Muito pelo contrário. De tão evidentes, os problemas defensivos do Bahia em 2015 foram reconhecidos até por Sérgio Soares, treinador do time durante a maior parte da temporada passada. A bola aérea era um pesadelo. E assim, entre falhas individuais e coletivas, 41 gols foram sofridos durante a Série B – 75 durante o ano inteiro. O desempenho provocou mudanças. Jailton e Gabriel Valongo passaram a treinar separados dos demais atletas. O volante Éder concordou em recuar para encorpar o setor e Lucas Fonseca foi contratado. O roteiro, contudo, seguiu sem grandes mudanças. Assim como em 2016, a defesa é um setor crítico.
Em quatro meses da atual temporada, o Bahia disputou 22 jogos oficiais e sofreu 17 gols, média de 0,77 gol por partida. A defesa tricolor não foi vazada em nove jogos, o que corresponde a 40,9% do total. Os números mostram que, em mais da metade dos jogos, o time treinado por Doriva foi obrigado a buscar a bola no fundo das redes. No entanto, o desempenho é superior quando comparado ao Bahia de 2015. Na temporada passada, a equipe de Sérgio Soares chegou ao fim de abril com 25 partidas disputadas e 26 gols sofridos, média de 1,04 gol por jogo.
Se os amistosos disputados em 2016 forem colocados na balança, o quadro da defesa fica ainda pior. Contra o Santos, o time empatou em 2 a 2. Contra o Orlando City, o cenário foi desolador. O time americano goleou o Tricolor por 6 a 1. A bola aérea voltou a se mostrar uma grande ameaça. Na partida, disputada no estádio Citrus Bowl, em Orlando, o zagueiro Seb Hines marcou nada menos do que quatro gols de cabeça.
Em partidas oficiais, a bola aérea não foi uma ameaça real. Apenas um gol foi sofrido pelo alto, contra o Colo Colo. As falhas individuais e coletivas, contudo, se proliferaram. Dos 17 gols sofridos em 2016, ao menos nove surgiram de erros dos defensores. Contra o Juazeirense, na estreia do Campeonato Baiano, o lado esquerdo sofreu dois apagões. No clássico contra o Vitória, Hayner errou ao tentar cortar um passe para Vander e o jogador rubro-negro ficou livre para empurrar a bola para o fundo das redes. No mesmo jogo, a retaguarda tricolor se equivocou na saída de bola e Tiago Real ampliou.
A falha mais grave ocorreu na Copa do Nordeste. Contra o Santa Cruz, pelas semifinais do regional, Robson errou ao receber passe de Paulo Roberto e foi desarmado por Grafite, lance que resultou no gol solitário da partida e que eliminou o Tricolor da competição. Dois dias após o jogo contra o Cobra Coral, o goleiro Marcelo Lomba saiu em defesa do setor, que segue em 2016 com críticas semelhantes às de 2015.
“Não é justo. Eu sei que há uma pressão que vem do ano passado. Justo, não acho. Vejo várias pessoas criticando a nossa bola aérea. Vou tirar o jogo dos EUA [contra o Orlando City, quando o Bahia perdeu por 6 a 1] que foi horrível, mas que a gente foi sem condições de jogar em alto nível. A gente pagou por isso. Ninguém queria errar, e acabamos errando várias vezes. Vou descontar esse jogo. A gente tomou um gol de bola área. Sabe qual foi? Em Ilhéus, impedido. É o que eu me recordo. Aí eu fico ouvindo as pessoas baterem que a gente não tem bola aérea o tempo todo. A gente tomou um gol esse ano, impedido. A gente se cobrou muito no sistema defensivo. No início, a gente demorou um pouco, porque o Doriva veio com uma metodologia diferente. A gente demorou um pouco a entender. Correu riscos? Correu riscos. Mas acho que, a partir de um certo momento, o sistema defensivo começou a dar respostas. No último jogo, a gente tomou um gol que não queria ter tomado. Acabou esse gol sendo decisivo. Mas eu acho que os meninos, Robson e Éder, acabaram levando a melhor em 90% dos lances, ou mais. Acabamos pagando caro pelo gol sofrido. Durante os 90 minutos, acreditei muito que a gente fosse fazer o gol, porque tivemos chances, mas a gente não conseguiu. A gente sai triste. Doeu um pouco pela nossa campanha, pela nossa forma de jogar, pelo time que a gente tem. A gente queria muito a Copa do Nordeste, mas agora tem o Campeonato Baiano, e, graças a Deus, a gente pode disputar o tricampeonato, porque é uma motivação maior”, disse Lomba.
A diretoria tricolor não esconde que a busca de reforços para a zaga é uma prioridade. Até o momento, 12 jogadores foram contratados em 2016 para integrar o elenco comandado por Doriva. Lucas Fonseca foi o único zagueiro que desembarcou no Fazendão desde janeiro. Os nomes de Ronaldo Alves, do Náutico, Nathan, do Palmeiras, Werley, do Grêmio, e Léo, do Cruzeiro, foram especulados, mas as negociações não vingaram. Com opções escassas, um jogador formado no clube ganhou espaço mesmo sem atuar em sua posição de origem. Durante a pré-temporada, o treinador pediu ao volante Éder para atuar como zagueiro. O atleta aceitou e atualmente é titular do time.
“A questão do zagueiro, foi o Doriva realmente [o responsável] porque eu fiz alguns treinos no início da temporada meio que completando o time e fui treinando bem, fazendo o que ele queria. E ele foi me passando confiança. Disse que eu poderia jogar ali tranquilamente se eu mantivesse o trabalho. […] Teve um treino, acho que já na terceira ou quarta semana [de treinamento], que estavam o Doriva e o Eduardo [Souza], auxiliar técnico, e aí o Eduardo falou: ‘Éder, pensa na floresta e não na árvore’. E isso eu fui para casa refletindo e eu comecei a pensar no meu futuro, realmente. E eu abracei a causa. Não sei o que pode acontecer. Pode chegar um outro treinador ou eu ir para um outro clube e jogar de volante, de lateral ou que seja, mas, o meu momento, já pensando no meu futuro, eu acho que estou bem encaixado de zagueiro e se for para ser, será”, comentou o jovem de 21
Por Thiago Pereira, para o Globoesporte.com
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