Enfim, a Copa! Dizem que ela não vai acontecer, mas enquanto a cozinha pega fogo pelo Brazil afora, os conselheiros tricolores tentam se confinar numa sala e sair dela apenas quando tudo estiver votado tintim por tintim…
“Eu não gosto de phutebol: gosto do Bahia”, diriam alguns tricolores mais radicais. No entanto, é impossível ficar indiferente à maior competição ludopédica do planeta, mesmo aqueles que comungam da setentista ideia de que o triunfo da Sele-CBD(F) fortalece o governo de médicis e figueiredos do passado. Hoje, a despeito dos moluscos e tucanos que habitam o ecossistema da Capital Federal, o povo não tá comendo reggae nenhum dessa Copa nativa… inclusive porque enquanto a gringaiada se diverte nas salas de jantar, o povão continuará ralando nos quintais. E tome-lhe “falta tudo” quando “nada” nunca “existiu” de fato. E nunca existiu não porque falta dinheiro… e sim porque sobra o mesmo dinheiro em bolsos alheios.
Não é de hoje que o Brasil se candidata a sediar competições esportivas de grande porte e não foi nos governos da estrelinha que essa vontade se iniciou. Sete anos foram suficientes tanto para fomentar uma guerra civil e fazer a alta cúpula fifiana “ficar traumatizada” (by Ronaldo Trav… digo, Fenômeno) e os mesmos sete anos foram “suficientes”, entre aspas, para que de repente o Brésil tivesse um trem-bala nos moldes nipônicos, um monotrilho nos moldes europeus e estádios tinindo de novos parecendo shoppings em capitais perdidas no meio do pantanal. Quem conhece a Lei de Licitações ou trabalha com esse ramo, sabe que de última hora tudo é mais fácil… questões culturais procrastinatórias à parte.
Os problemas da nação são um fato, mas isso, em momento algum e independente do sistema de governo, isso nunca impediu que o povo brasileiro fosse apaixonado pelo esporte e muitas vezes se privasse da própria subsistência em prol do futebol. Questões políticas e ideológicas estão claramente envolvidas em muitos dos protestos que começaram relativamente de forma espontânea e hoje descambam para verdadeiras tentativas de insurgência urbana. Perdeu o povo excelente chance de cobrar um novo país durante sete anos a fio… By the way, isso não afasta o dever da família, das pessoas e da Sociedade de lutar por um Brasil melhor – parafraseando o legislador da Lei Orgânica de Saúde.
Ficarão como legado da Copa os estádios modernos e um novo modelo de se fazer futebol, além das pouquíssimas obras cumpridas no prazo e que tinham a competição como pretexto. Como herança maldita, manauaras, cuiabanos e brasilienses perguntar-se-ão onde diabos foi parar o dinheiro dos seus impostos para ver campeonatos de várzea sendo disputados em campos suntuosos e semiabandonados… segue a vida. Não, não falei do que fora supostamente desviado ou pilhado: afinal de contas, desde 1500 exportamos essa tecnologia.
Para quem torce pela Seleção Brasileira como expressão cultural no esporte ou quem gosta do esporte em si, boa sorte e bons jogos. Para quem quiser secar a CBF ou o governante de plantão, dale Argentina e que Messi os abençoe.
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Ideologia: eu quero uma pra viver, já dizia o poeta dizimado pela retrovirose. Importante que tenhamos nosso embasamento para pensarmos a respeito da vida, da sociedade e das pessoas.
Após a Copa, neste turbulento ano de 2014, tucanos e moluscos brigarão palmo-a-palmo pela primazia da moral e pelo monopólio do bem. Surgem tal qual almas penadas os medos do fantasma vermelho ou do monstro capitalista meritocrático. Plebe contra nobreza ou capital contra proletariado: é assim que se resume a sua história, no Brasil e no mundo. É assim que vivemos… precisamos criar heróis e vilões; e muitas vezes a mídia cria isso para nós. A ideologia facilita tantas teses e teorias, teoremas e até “axiomas” de certa forma… ajuda a desenhar a figura dos amigos e dos inimigos.
Neste mais do que turbulento ano, haverá as primeiras eleições do Bahia pós-democrático. Aos poucos vemos as tendências surgindo e se posicionando; e siglas começam a borbulhar aos quatro cantos.
Assim como no prédio das cumbucas o pau quebra, por que não no Bahia democrático? A diferença é que ontem, seja no país ou no Bahia, o pau quebrava nas costas de quem era contra o establishment.
Hoje há quem diga que fulano ou beltrano está mal intencionado… na verdade, tínhamos no passado tricolor evidentes intenções duvidosas, segundo o Poder Judiciário. Até o momento, o que vejo são grupos buscando prevalecer as suas ideologias.
A democracia garante liberdade de pensamento do mesmo modo que não evita que alguém consiga o poder pela via democrática e dê um golpe em si mesmo. A história do Brasil e de vários países mundo afora mostra que isso é um risco que se deve correr em regimes democráticos.
Até o momento, não vejo crime em se buscar o debate ou em se tentar convocar um colegiado, mesmo contrariando a vontade do presidente deste colegiado… se o Estatuto permite, que assim seja; e que os contrários se organizem e derrubem pelo voto ou pela articulação os argumentos do grupo ou grupos “rival” ou “rivais”.
E se houver intenções escusas do lado contrário, que isso possa ser provado.
Quem reclama hoje da barba de um presidente ou do laquê de outra presidenta, ou foi por voto vencido ou foi decepção. Teorias conspiratórias e outras suposições de não-lisura do processo, caso não provadas pelo devido processo legal, ficam no campo das murmurações mesmo.
Do mesmo modo, seria interessante que o novo Bahia, no âmbito do seu conselho e diretoria (s), encarasse este momento como uma turbulência durante o longo voo democrático, o que não implica necessariamente em inércia de qualquer das partes ou que o “avião” vá cair de fato. Que comecem os debates, e assim como o nosso Brasil, que o Bahia vença.
Pois o futebol do Brasil não será a CBF (tal como a conhecemos pelo menos) a vida inteira, tampouco os frutos do mar e seus companheiros governarão o país para sempre. E no Bahia a única sigla que deverá prevalecer no final é a das suas iniciais ECB.
No mais, segue o Bahia às portas da Zona Maldita dentro de campo, repetindo muitos dos erros do passado em frentes que variam das contratações/direção de futebol ao posicionamento de alguns personagens do presente fora de campo. Ninguém disse que seria fácil. Democracia é meio e não fim; e é prova de que algumas limitações daqueles do passado também existem nos do presente. Heróis ou vilões?! Escolha seu lado e boa sorte.
Saudações Tricolores!
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