é goleada tricolor na internet
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Publicada em 7 de março de 2021 às 20:21 por Marcelo Barreto

Marcelo Barreto

A Revolta do WhatsApp

Virou moda entre os torcedores tricolores apontar o Ceará como modelo a ser seguido pelo nosso clube. Afinal, o alvinegro cearense garantiu a permanência na série A com antecedência, ganhando precioso tempo para planejar a temporada de 2021, manteve o técnico e a base do time que fez boa campanha em 2020, coroando sua boa fase com contratações de impacto, jogadores caros e “de grife”.

Esquecem os apressados e ansiosos por reclamar que se mudarmos no parágrafo anterior o clube e, ainda, regredirmos um ano (2020 por 2019 e 2021 por 2020), teremos a fotografia do Bahia que iniciou a temporada 2020. Fizemos boa campanha em 2019, mantivemos o técnico (Roger Machado) e a base do time e, também, fizemos contratações de impacto (Rossi, Clayson). O resultado, assim como na música do “É o Tchan”, vimos nove meses depois com o sufoco para evitar o rebaixamento para a série B do campeonato brasileiro.

Futebol não é ciência exata, nem tem lógica. Aliás, se fosse uma ou tivesse a outra, não despertava paixões. Sendo assim, nada justifica a histeria que tomou conta dos grupos de WhatsApp que reúnem milhares de torcedores do Bahia, já a indicar que, em 2021, faremos péssima campanha no Brasileirão, novamente cairemos na primeira fase da Copa do Brasil e sequer chegaremos às finais da Copa do Nordeste e do Baianão (por via das dúvidas, já bati na madeira três vezes, me benzi, peguei a figa e o pé-de-pato!).

É verdade que o empate sonolento do time principal contra o Botafogo-PB e os resultados da equipe de transição diante do Unirb e do Conquista desanimam qualquer um, mas ainda é cedo para cravar o destino da equipe na temporada 2021. Desconfio que boa parte da irritação da torcida tem a ver com a entrevista coletiva da dupla Bellintani-Ferraz na última semana. Após uma participação melancólica no Brasileirão, a expectativa da torcida era de grandes anúncios, desde um técnico com maior envergadura a jogadores consagrados. A dupla de dirigentes se limitou a dar um panorama geral, sem detalhar nomes, indicando que as contratações seriam de jogadores jovens, com salários acessíveis e com “fome de bola”.

Na minha opinião, a torcida formulou expectativas exageradas. O déficit do clube até outubro estava na casa de R$ 46 milhões e deve ter alcançado cerca de R$ 60 milhões no ano passado. Esse “dinheiro que faltou”, o clube obteve “pendurando contas” (fornecedores, direitos de imagem dos jogadores, dívidas trabalhistas renegociadas, etc) ou recorrendo a empréstimos (como no “cheque especial”). Tudo que o Bahia não deve fazer é aumentar seu já exagerado endividamento. A propósito, se tenho uma crítica a fazer à atual diretoria é justamente ter feitos gastos exorbitantes no futebol na temporada passada, que ficam ressaltados diante dos parcos resultados obtidos.

Esse ano ficará marcado pelos “pés-no-chão”. Essa a mensagem (mal transmitida) que a diretoria tentou enviar na coletiva. Mas, com pouca transparência sobre as finanças do clube, em particular sobre as dívidas com jogadores, ficará difícil a torcida acreditar. A tendência é partir para a revolta e a polarização, imaginando estar sendo enganada pelos dirigentes ou vítimas da incompetência destes. É hora de a diretoria evitar discursos evasivos e expor sua estratégia para 2021claramente, sem subterfúgios.

A escolha de Dado Cavalcanti, a contratação de Lucas Drubscky e de Júnior Chávare são parte dessa fase do Bahia. Significam mais espaço para jogadores jovens, da base, e menos medalhões no clube. Só o tempo dirá se vai dar certo. É hora de apoiarmos, seja porque a estratégia anterior de grandes investimentos não funcionou, seja porque a situação financeira do Bahia não permite aventuras.

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