A saga do Bahia jogando contra o VAR vem sendo aprimorada pelos próprios árbitros centrais ao transferir suas responsabilidades às cabines digitais com medo de caírem em desgraça porque tudo indica que não confiam no próprio trabalho. Foi assim na Copa Sul-Americana do ano passado quando o Tricolor foi impedido de seguir adiante e até ganhar o torneio. Quem foi beneficiado com os equívocos do VAR levou a taça que provavelmente seria do Bahia.
Nesse dia 12 de junho jogavam Inter x Bahia, um jogo que prometia um protagonismo dos artistas da bola… Mas eis que de repente a arbitragem resolveu dar uma mãozona para o Inter, mostrando-se medrosa ao levar três minutos de enrolação para validar um gol ilegal e mostrar que na verdade o VAR é quem está assumindo o bônus e o ônus, e não o árbitro central…
O Paulo Roberto Alves – que já houvera prejudicado a Chapecoense anteriormente – , árbitro de Inter X Bahia, deu um show de safadeza – digo safadeza como sinônimo de deslealdade e indignidade – se omitindo completamente no lance ilegal que acabou beneficiando o Internacional. Ele deveria ter verificado em vídeo e não o fez. Transferiu sua responsabilidade para a tecnologia auxiliar, que, porém, não tem o poder para decidir. Sua função é corrigir falhas humanas.
Ora, se ao invés de parar o jogo por três longos minutos, que minam a condição psicológica dos jogadores e quebra um ritmo de motivação e foco, e em lugar disso consultasse a tela, certamente não daria o gol. Exceto se houve uma premeditada má fé – coisa que prefiro tirar do contexto.
Quero ressalvar que o projeto original de Manoel Serapião Filho era muito mais simples que essa parafernalha que alterou o conceito genuíno e ainda onerou o custo operacional do VAR. O original previa apenas um árbitro numa reduzida cabine, mais um auxiliar talvez, no comando do AV – assim denominado por Serapião no seu projeto inicial.
Na verdade, o IFAB – International Football Association Board –, órgão mundial responsável pelas regras do futebol, é quem aprova ou desaprova independentemente da FIFA qualquer projeto referente às normas do futebol. A FIFA apenas põe em prática. Ou propõe alterações contextuais.
Na redação original, houve uma mudança necessária que foi o IFAB não tirar a soberania do árbitro central, levando em conta que no projeto de Serapião a soberania seria do VAR nos lances capitais, isto para dar mais dinâmica ao jogo e não ser interrompido a todo instante. Porém, o árbitro ficaria subalterno nos lances de atribuições do VAR – o que a priori, em minha opinião, não seria bom.
Entretanto, quando nos deparamos com atitudes omissas como as do Paulo Roberto Alves, juiz da partida desse dia 12 no Beira Rio, não fazendo a devida consulta ao vídeo e preferindo errar por indução em detrimento do simples ato de tirar a dúvida com seus próprios olhos e elevar seu nível de credibilidade, concluo que, se é para agir dessa forma, melhor deixar tudo sob poder do VAR e colocar árbitros rigorosos e supervisionados na sala de vídeos, pois, da forma atual não faz sentido continuar usando a tecnologia em detrimento da realidade dos lances em campo. Que bem o diga o E.C. Bahia.
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