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Coluna

Carlos Patrocinio
Publicada em 07/05/2021 às 11h24

A vilanização do erro e a narrativa da pipoca

Comecei a escrever este texto no dia seguinte ao empate do Bahia com o Independiente. E do título já deve dar pra entender do que vou falar: de Gilberto, que, de fato, bateu pateticamente um pênalti naquela partida. Ainda que tenha usado o adjetivo derivado de “patético”, porque de fato é o que acho do pênalti cobrado pelo camisa 9 tricolor naquela partida, sinceramente não consigo entender a reação de parte da torcida.

Que Gilberto andou perdendo algumas penalidades importantes pro Bahia, não é segredo pra ninguém. Concordo que, desde o jogo contra o Montevideu City, o atacante tricolor vem falhando chances, principalmente na partida citada, que poderia ter sido definida na primeira metade daquele primeiro tempo. Consigo enxergar, nesses desempenhos recentes, fundamentos para cobrar melhor desempenho do atacante tricolor. Mas nunca vou conseguir concordar ou sequer entender os adjetivos que estão atribuindo para o importante atacante tricolor.

Gilberto está indo para a terceira temporada completa pelo Esquadrão. Chegou em meados de 2018 e, de cara, foi importante na segunda metade daquela campanha. Em 2019 e 2020, reconheço, teve muitas oscilações. Mas, pra mim é inegável a sua contribuição para o time desde que chegou e isso se reflete nos gols marcados pela equipe.

Hoje tudo o que envolve opinião vem muito carregado, sempre colocado de forma extrema. Se o cara faz 03 gols num jogo, é um grande craque, pede música, a torcida cria música. Se fica jogos sem marcar, perde um pênalti, vira um grande vilão.

Não consigo enxergar Gilberto como um vilão, como ele vem sendo pintado nos últimos dias. Muito menos com a pobreza da Narrativa da Pipoca. Como é que dá pra chamar um jogador que bota a bola debaixo do braço naquela situação de pipoqueiro? Pra mim, impossível. Pipoqueiro é o cara que se exime de responsabilidade, não aquele que erra depois de assumir. Ele não errou por medo. Inclusive, bateu exatamente do mesmo jeito que cobrou contra o Fortaleza. Fez exatamente o mesmo gesto técnico, cobrando do mesmo lado. Se aquele gesto técnico foi apropriado, é outra coisa. Eu acho que não e já chamei a cobrança de patética, mas nunca o jogador.

Outro jogador que foi vilanizado depois dos dois últimos jogos foi Luiz Otávio. O erro dele contra o Ceará foi infantil e muito provavelmente dizimou as chances de triunfo ali. No jogo contra os argentinos foi um balde de água fria do qual o clube se recuperou. Mas até ali, e mesmo depois dali, o jogador teve uma ótima partida, ganhando confrontos diretos, bolas no alto e sendo coroado com um gol. Se seguirmos a cultura de transformar todos que erram em vilões podemos perder a chance de dar continuidade a um cara que parece ser um bom zagueiro. Cabe a ele ter mais concentração e trabalhar essas situações. E à gente cobrar, mas com cobranças razoáveis.

Voltando ao camisa 9 tricolor, acho Gilberto um bom atacante, importantíssimo para o Bahia. Tem coisas a melhorar, como todos jogadores tricolores tem, mas não dá pra vilanizar o cara por um erro, ou chamar de pipoqueiro porque perdeu um pênalti.

Sei que no próximo erro do próximo jogador tricolor, voltarão as cobranças desproporcionais e surgirão novos pipoqueiros e vilões. Mas tento fazer minha parte gritando contra isso.

@c_patrocinio

 
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