é goleada tricolor na internet
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Publicada em 24 de outubro de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

A sete passos do paraíso

Difícil conter a emoção e a empolgação nesse momento, elas estão caminhando de mãos dadas. Mas ainda é necessário manter a lucidez e deixar a razão falar mais alto. Vamos aos fatos.

Conseguimos nos manter entre os quatro primeiros faltando sete rodadas para o término da competição. Abrimos cinco pontos para o quinto colocado. E o principal: o time está pronto. Até a sorte, que nos abandonou em muitas oportunidades, resolveu aparecer. Os resultados dos concorrentes tem nos ajudado bastante.

Márcio Araújo conseguiu encontrar a melhor formação. Foi questão de tempo, que realmente ele precisava para conhecer o grupo. Fez pequenos ajustes, apostou em alguns nomes e seguiu sua convicção. Montou uma equipe com três volantes, que é forte na marcação, mas que também chega forte ao ataque.

Adriano, Hélder, Jancarlos e Fábio Bahia assumiram a titularidade e o time ganhou corpo. Morais entrou em forma e mostra a cada dia que valeu o esforço feito para contratá-lo. Eu não tinha dúvida disso, apesar da maioria absoluta dos entendidos da imprensa baiana afirmar que ele seria uma espécie de come-dorme, que tinha ido curtir as praias e os encantos de Salvador.

Alison e Nen voltaram ao normal. Perdemos Bruno Octávio, que vinha bem e se contundiu. Ganhamos Marcone, que voltou e não deve sair mais. Há um pouco de preocupação com Arilton. Parece ser um bom jogador, o que falta mesmo é confiança. A torcida precisa acreditar e apoiar.

Jael continua o goleador de sempre. Um guerreiro que não foge da luta. Andou brigando com o gol, esteve impaciente, mas voltou a decidir. Encontrou em Adriano o parceiro perfeito, estão afinados.

O grupo é bom e os reservas estão respondendo à altura dos titulares. Quem entra mostra que está preparado, e num campeonato tão longo e desgastante, isso faz muita diferença. Vander, Éverton, Gral, Vagner, Luizão, Diego, todos eles sabem da sua importância e sempre estão prontos para contribuir.

Tivemos uma perda considerável: Renê. Estava indo muito bem, conseguiu conquistar a torcida e mostrou dentro de campo que merecia a titularidade. Num descuido pessoal, teve a carreira interrompida e vai ter de acompanhar nossa caminhada de fora.

Com a saída de Renê, Fernando aparece como reserva natural. Com atuações fantásticas nos fez sentir menos a perda do titular. Já é um dos destaques da Série B e deve figurar entre os melhores da competição.

Não há mais o que se questionar. Os entendidos do quarto poder baiano, após a derrota contra o Figueirense, tentaram como de costume criar crise. Fiquei feliz com a resposta da torcida nas manifestações pela internet. Está mais do que evidente de que nada fora das quatro linhas vai nos atrapalhar.

Precisamos fazer o dever de casa. É vencer as partidas que restam e conseguir alguns pontos fora. Nada impossível. Estamos a poucos passos do paraíso. A ansiedade aumenta a cada dia, mas ainda precisamos nos conter. Falta pouco para Salvador ser invadida pelo mar azul, vermelho e branco.

XXX

Agora um capítulo à parte. É mais do que necessário o reconhecimento da torcida e dos entendidos da imprensa baiana, para um dos nossos jogadores mais criticados na década. Ele foi execrado, saiu, voltou e deu a volta por cima. Hoje, sem a menor dúvida, é o grande destaque do Bahia. Estou falando de Ávine.

Pra quem vem da base, entrar num time quando este não faz uma boa temporada, é quase morte anunciada. Ávine apareceu ao lado de Ananias, Eduardo, Rafael Bastos, Anselmo Ramon, Danilo Rios e Marcone. Geração promissora, que devido a nossa urgência, foi logo colocada à prova no elenco profissional.

O Bahia estava numa época de vacas magras. Não conseguia formar um elenco razoável, as campanhas eram péssimas e o declínio evidente. O cenário era propício para que esses atletas oriundos da base fossem queimados. Danilo Rios era o grande destaque. Mas Rafael Bastos e Eduardo foram mais eficientes. Na primeira boa temporada, foram negociados. Anselmo Ramon mal teve tempo de ser conhecido e foi levado pelo Cruzeiro.

Ficou para Ávine, Ananias e Marcone a responsabilidade de mostrar serviço junto à apaixonada e sempre exigente torcida. Nada disso aconteceu. Alternavam boas e más apresentações. Sofreram no calvário da Série C, muitas vezes foram cobrados como se fossem jogadores rodados. Não podiam errar, eram sempre os culpados pela fase tenebrosa.

Injustiça e incoerência. As pessoas esqueciam que se tratava de jovens valores, todos numa faixa etária de puro aprendizado. Além disso, a necessidade por resultados prejudicava o desempenho deles, que nunca tinham tranquilidade. É óbvio que seria difícil dar resultados assim.

O tempo passou, todos evoluíram. O amadurecimento veio acompanhado de muito sofrimento. Ananias está fazendo sua melhor temporada, se não fosse por uma contusão ainda seria titular. Marcone, que já foi titular de seleção de base, mostra a cada dia o valor que tem. Depois que voltou a jogar na sua posição de origem, não saiu mais da equipe.

Voltando ao nosso camisa seis. Ávine não é craque, mas tem qualidade técnica. Ele deve saber disso. Aprendeu com os anos, corrigiu algumas falhas e se tornou um jogador eficiente. Conseguiu o equilíbrio entre apoiar e marcar. Chega à linha de fundo com frequência e hoje é o nosso líder em assistências. Ao mesmo tempo, não se descuida na defesa.

Fui a alguns jogos em que o estádio inteiro pedia que ele fosse embora, não só do time, mas do clube. Alguns amigos diziam que enquanto a “Era Ávine” existisse, o Bahia continuaria na pior. Os entendidos da imprensa não perdoavam. Segundo eles, Ávine era uma armação, uma invenção de jogador. Hoje ficam constrangidos, não sabem o que falar e fazem questão de esquecer o que um dia já disseram.

Nunca enxerguei Ávine como um jogador diferenciado. Para o futebol atual, onde força e velocidade caminham lado a lado, ele é extremamente útil. Tecnicamente, a evolução foi significativa. Aprendeu a cruzar, melhorou o passe e aprimorou o chute. Está numa crescente e tem tudo para figurar entre os bons laterais do nosso futebol.

Ávine é só mais uma prova de que a urgência e a falta de paciência podem ser prejudiciais. Ele é merecedor do que está acontecendo. Sofreu, errou e aprendeu. Hoje está colhendo os louros de anos de dedicação a um clube que aprendeu a amar, mesmo com toda dificuldade a que fora submetido.

Aprendi a ser fã de Ávine. Não só pelo jogador que ele vem se tornando, mas pelo ser humano. Sou admirador das pessoas que não desistem, dos que veem nas pedras do caminho apenas obstáculos. E ele provou que é um desses.

Parabéns, Ávine!

Saudações Tricolores! BBMP!

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