O resultado adverso perante o Ceará Sporting doeu tanto na torcida tricolor que até agora parece acordar de um pesadelo. Estádio lotado e a expectativa a mil para vencer um torneio que pode consagrar uma das muitas “voltas” do Tricolor, no eterno sonho de um 88 de verão.
A bela festa na Fonte, cheia dos mosaicos, não mereceria um desfecho tão triste. Porém, para o Tricolor voltar de novo de onde não foi, é preciso sempre erguer a cabeça e olhar sempre para frente ou para o alto.
Resumindo a partida em poucas palavras, viu-se um Bahia pra frente, do jeito que a torcida gosta, contra um Ceará recuado sem ser necessariamente retrancado. O time de Silascou o Bahia em banda num frangaço do arqueiro Jean II, o Galináceo; filho de Jean I, o Espalhafatoso, sendo este um dos maiores ídolos da história do Bahia Pós-1988.
Onde teria falhado o Bahia de modo a permitir o triunfo do Vovô cearense, não obstante os cacarejos do jovem guarda-redes?
O Ceará demonstrou muita aplicação tática num jogo nervoso (como convém às finais), respeitando muito o Bahia e atacando apenas quando necessário. Foram à Fonte Nova buscar o empate e ganharam um gol de presente. Pontos fortes dos cearenses foram a marcação incansável (muitas vezes com dois) em cima de Souza, o pensador da equipe, ao lado de um Thiago Mil-Réis muito recuado e mais perdido do que cego no tiroteio. O time de Fortaleza levou pouco perigo ao gol tricolor, e demonstrou que realmente possui a melhor defesa do Nordestão, ganhando praticamente todas as bolas pelo alto. Kieza e Gamalho demonstraram muita raça e disposição, mas o dia não foi deles.
Resumo feito, entendemos que não é impossível reverter o péssimo resultado no Castelão, embora eu tema bastante em razão do desempenho do Bahia nos últimos jogos. Bahia já teve forças para superar o Sport em falha anterior do goleiro Douglas, e inclusive para marcar 3 gols e vencer a partida na Fonte. Quem sabe, longe da pressão da torcida, o Bahia não possa fazer melhor? Vencer o Nordestão é fundamental para ganhar mais confiança da torcida contra um clube que devemos vencer também no Brasileiro: afinal o Ceará é um dos favoritos ao acesso e essas partidas são um grande termômetro de onde o Bahia pode melhorar ou aperfeiçoar-se.
Voltando à questão do goleirinho tricolor, voltemos 23 anos no tempo e lembremos que o seu pai, com a mesma idade, fora escalado num jogo pra lá de tenso contra o EC Canabrava. Em uma partida pelo Baiano de então, o time do lixo precisava de um empate para vencer o quarto turno de quatro e ser o campeão dessa competição muito prestigiada pela crônica europeia. Durante o jogo, terminado em 3×3, Jean Pai cometeu três falhas horrorosas, típicas daquele goleiro do baba da rua que não sabe jogar bola e tomou umas 3 doses de Pitú para ganhar coragem.
Execrado pela torcida e crônica esportiva, o jovem arqueiro fora emprestado ao Fluminense de Feira; e já pelo Baiano de 1993, vencido nos quatro turnos pelo Bahia, fez defesas espetaculares em uma partida decisiva do Touro contra o clube que o revelou. O Bahia venceu aquele jogo no sufoco, mas certamente Jean Pai sentiu que poderia se redimir perante a massa mostrando que tinha seu valor. De volta ao Bahia no ano seguinte, Jean Pai aproveitou que o titular Rodolfo Leôncio Rodríguez tinha sido pego no antidoping e voltou ao gol do Bahia para “nunca mais” sair.
Jean Pai, repito, tornou-se um dos nossos maiores ídolos do pós-1988.
Um goleiro jovem, se lançado precipitadamente, pode causar danos irreversíveis como poderá causar agora. O não-tão-novo assim Omar e o eterno reserva Douglas Pires não inspiram confiança, e talvez seja a hora da diretoria de futebol pensar em chamar um goleiro que resolva dentro de campo para a Série B, poupando a imagem do jovem Jean até que possa se preparar melhor e voltar a campo a fim de servir o Bahia com competência. O Bahia tem uma tradição de bons goleiros, e pode e deve retomar esse status inclusive avaliando melhorias na sua preparação.
Sou favorável a que Jean não seja escalado para o jogo de volta, pois não sabemos como está o seu psicológico, ainda mais diante das semelhanças com a trajetória do pai. Porém, não temos no momento goleiro titular absoluto, e em vez de crucificar o garoto, a torcida tricolor poderia e deveria cobrar da diretoria de futebol que melhore o setor. Jean salvou o Bahia em recente clássico BA-vi no Aterro Sanitário de Canabrava, sendo imediatamente alçado pela afoita torcida como o sucessor da coroa do pai na meta do Bahia. Muita calma nessa hora: o menino tem futuro, mas deve neste momento se expor o mínimo possível. Vamos em frente.
Enquanto isso, no campeonato da FBF, um BA-vi diferente: Sem o Lião não tem a menor graça, e quem não tem o rei da selva caça com caprino. Espero que não dê bode e que o quadragésimo-sexto venha sem sofrimento nem agonia, como rezam as condições normais de temperatura e pressão. By the way, alguém aí está realmente preocupado com o campeonato de Tio Ednaldo?!
Saudações Tricolores!
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