é goleada tricolor na internet
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Publicada em 6 de fevereiro de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Botando meu bloco na rua

Eu fico cá no meu canto quieto, para não causar mais problemas do que o Bahia já tem, e aí ficam uns leitores do site cutucando os meus chefes para me fazerem trabalhar e escrever mais e amiúde, aqui nesta coluna. Não sei como ainda não fui demitido por conta do ócio. Mas já recebi uma admoestação, uma repreensão escrita da chefia. Aí me retei e resolvi abrir o verbo, soltar o vernáculo e escrachar geral nesse Carnaval, tipo Mudança do Garcia.

Eu acompanho a zorra toda que está acontecendo no Bahia, seja em campo ou nos bastidores, pela mídia e pelos grupos e fóruns de discussão na internet, e sempre concluo que não tenho nada a acrescentar ao que vem sendo dito revoltada e esculhambativamente ou, quando tenho, opto por me retrair para evitar jogar mais combustível nesse incêndio, que só faria piorar o estado do paciente. A intenção de não alimentar celeuma é a melhor possível; a disposição de querer me manifestar apenas de maneira construtiva é elogiável. Ou não é? Pode até ser, se estivermos falando de um chato mundo politicamente correto ou se eu ocupasse algum cargo diplomático. Mas o diacho é que, de verdade, o que eu sou é um torcedor maluco e apaixonado, do povo, da massa, da turba ignara, e não um lorde inglês que tem que apresentar bons modos e aparentar a manutenção da dignidade mesmo quando lhe estão introduzindo coisas nada agradáveis em seus orifícios castos e pudendos.

Portanto, como disse o ex-ministro e senador Jarbas Passarinho ao ser apresentado ao texto do AI-5, às favas os escrúpulos! Se a omissão pode estar sendo interpretada como covardia, então deixa eu tomar coragem, dizer que o rei está nu, ser condenado, ir logo pro patíbulo e só perguntar ao carrasco se ele não quer dar mais uma amoladinha na lâmina antes de arremessá-la contra esse meu único pescoço.

Tou tão retado que nem sei por onde começar – tá tudo embaralhado na minha cabeça (isso não é novidade, mas incomoda pacas). Eu fui um dos que, mesmo relutantemente, acreditaram serem verdadeiros os propósitos do presidente Marcelo Guimarães Filho de unir as diversas correntes de sócios e torcedores em nome do bem maior que era o Bahia; de transformar completamente o estilo de gestão de capitanias hereditárias instalado desde sempre no clube; de mudar pra valer os estatutos e dar vez, voz e voto a todo torcedor que se associasse ao clube; de acabar com esse modelo arcaico de Conselho Deliberativo, tão inútil, anômalo e viciado quanto o Senado Federal, cheio de insuspeitados senadores suplentes que não receberam um voto sequer do povo (quem aí votou em ACM Jr?), mas assumiram a vaga do titular e o mandato de 8 anos; que mantém até hoje (constitucionalmente, diga-se de passagem) o corporativismo de 03 vagas de senador por estado (antes eram duas), preservando a vaga de senador biônico criada imoralmente pela ditadura militar, por exemplo.

Conselho Deliberativo pernicioso como a Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas, que só fazem gerar escândalos, acordos espúrios e empregos à mancheia para os seus, enquanto nós, contribuintes, custeamos essa farra que não cessa nunca; que deliberam cinicamente o próprio percentual de aumento nos vencimentos, em nome da anedótica independência dos Poderes; que tem membros que representam a si próprios e seus interesses e não os eleitores que inadvertidamente caíram no conto e no blá-blá-blá eleitoral de saúde/segurança/educação ou tiveram seu voto induzido de maneira vil em troca de favores ou de 30 dinheiros; cujos representantes são mais ociosos e faltantes ao trabalho do que eu no cumprimento de uma regularidade em minhas colunas.

Conselho Deliberativo tão patético quanto todas as Câmaras de Vereadores desse Brasil varonil, que já deveriam ter sido extintas há muito e ninguém daria por falta delas, se os edis fossem substituídos por representantes comunitários, que seriam sorteados em determinado número para apreciar matéria específica (como um júri) e remunerados só para essa tarefa.

Sonho com a hora em que vai acabar essa romântica, utópica e farsesca democracia representativa. Quem me representa mesmo sou eu, não é zorra de vereador, deputado e senador! Com o avanço tecnológico, haverá de chegar o dia em que nós, a partir do terminal dos nossos computadores (todo o mundo vai ter um), iremos dar o nosso voto unitário e pessoal para aprovação das leis que vigorarão sobre nossas cabeças; chegará o dia em que o debate vai sair daquele pestilento plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Romano e passar para os fóruns da internet. Por paradoxal que possa parecer, o problema das leis no Brasil atualmente é que elas são feitas pelo Legislativo!

Todas essas reflexões se aplicam a esse anacrônico e oligárquico Conselho Deliberativo do Esporte Clube Bahia, com agravantes bem mais explícitos, pois a sua constituição e funcionalidade são quase cruéis. Analisando essa instituição, pode-se fazer claramente a seguinte leitura: esses tricolores conselheiros são os que valem mais; esses são os que decidem por você e não vão estar nem aí para o que você acha, mas para o que eles acham que é melhor para o Bahia. Eles são os iluminados. Os divinos Césares. Eles pagam uma mensalidade maior que a sua e ainda por cima foram escolhidos a dedo por quem está no poder para que você, com suas idéias destoantes, não venha a atrapalhar o bom andamento dos trabalhos. O Conselho Deliberativo do Bahia não tem que ser reformulado – tem é que acabar!

O atual presidente o Bahia foi eleito por um Conselho Deliberativo irregular. Ilegal. Forjado. Na época da eleição ninguém sabia quem eram os 300 membros. Não estava registrado em lugar nenhum. Apareceu uma lista trazida por um OVNI e todo o mundo acatou. A legitimidade do mandato do presidente poderia ser facilmente questionada após as últimas eleições, não fosse a extrema habilidade pessoal dele, em passar a lábia em todo o mundo para harmonizar as coisas e deixar tudo como dantes no quartel de Abrantes. Caímos como patinhos.

Acreditei que ele seria uma versão revista, atualizada e melhorada do seu pai, porquanto tinha histórico bem diferente, melhor formação, melhor modo de se expressar, melhor articulação, e tinha ao seu lado uma ainda presente juventude que poderia ser o diferencial para insuflar novos ares na carcomida estrutura do clube.

Mas, qual o quê! Aos poucos ele foi se revelando um clone de seu pai (que ainda manda muito nos bastidores, pelo que ouço). Infelizmente, trouxe consigo também o azar miserável do pai, que fez um acordo que parecia promissor com o Opportunity e quase nos levou à Segundona e que acabou depois foi nos levando à Terceirona. Minha impressão é que Marcelo Guimarães Senior acha que tem uma dívida com o Bahia (apesar de sabermos que, em termos de dinheiro, é o Bahia que tem dívida com ele), precisando de qualquer forma nos restituir aquilo que ele nos tirou em termos de inserção no mundo futebolístico. Então (tudo suposição minha), Marcelo Guimarães Senior, depois de ter sido preso pela Polícia Federal e queimando sua imagem na praça, resolveu cumprir esse seu intento ficando na moita e colocando lá o seu rebento para executar essa tarefa messiânica. Foi assim como dar um trenzinho de brinquedo ao filho para resolver uma frustração de infância.

E o filho já mostrou as suas garras. Na prometida e aguardada reforma do estatuto do clube, foi procurar um modelo do Internacional mesclado com o do Vasco que coloca sob o crivo do tal Conselho Deliberativo quais vão ser as 02 candidaturas que serão autorizadas a se defrontar e disputar os votos dos sócios. E ainda tem regras para renovação de 1/3 do Conselho e um monte de autoritarismos. Ou seja: nada de sócio querendo se candidatar assim livremente e impunemente. Se quiser se candidatar à Presidência da República do Brasil, até pode, se for filiado a algum partido (Marronzinho que o diga), mas à presidência do Bahia, não. Justificativa: algum aventureiro pode querer lançar mão do nosso querido clube e temos que ter mecanismos para impedir isso. Até o oposicionista Fernando Jorge, em recente carta aberta, defende essa posição de ter salvaguardas contra aventureiros. Eu acho tudo isso podre e deplorável.

E quem seria esse aventureiro que eles tanto temem? Pinto? Márcio Martins? Leandro Fernandes? Jorge Maia? Virgílio Elísio? Pithon? Marcus Verhine? Cláudio Paes? (calma, pessoal, não os estou chamando de aventureiros, só estou citando nomes conhecidos que têm posições independentes e, por isso, podem ser temidos). Qualquer um da Associação Bahia Livre / Movimento Unidade Tricolor / Movimento Diretas Já / Movimento Independência Tricolor / Bamor / Povão? O aventureiro seria Amir Klink? Indiana Jones?

Nós estamos numa situação tão lastimável, que até um aventureiro seria bem-vindo. Se um “aventureiro” conseguisse defender um projeto e uma candidatura que conquistasse 51% dos sócios do Bahia pelo voto direto, que mal haveria em torná-lo presidente? Que credenciais e experiência tem o atual presidente para que se possa considerá-lo excluído dessa classificação de aventureiro? É deputado? Sim, e daí? Severino Cavalcante também era. Idem para Clodovil. Idem para o cara do dinheiro na meia.

Falando em aventureiro, o que dizer do Sr. Ruy Accioly? Seria ele categorizado como tal se fosse candidato a presidente? O currículo dele no Bahia ou em qualquer outro lugar o credencia a ser o quê? É só uma pergunta retórica. Não espero resposta e nem sei se ela seria suficientemente educada para meus ouvidos sensíveis.

Senhor Presidente, o estatuto tem que prever eleições diretas pelo universo total de sócios. As candidaturas devem ser livres. Nada de eufemismos, subterfúgios nem de salvaguardas descabidas e excludentes dos que sejam contrários à corrente dominante. A única salvaguarda aceitável é ser sócio e em dia há 02 ou 03 anos (em qualquer das modalidades de sócios que a criatividade infinda dos gestores continua gerando). O resto é casuísmo, atraso, oligarquia. O Sr. está perigosamente se associando a esses rótulos que tanto parecia refutar e execrar. E ainda disse que: ou aprovam essa mudança que o senhor está propondo (impondo) ou se volta ao estatuto de antes. Essa é a sua verdadeira face? Creio que agora entendo porque o senhor não quis raspar a cabeça quando o Bahia não subiu para a Primeira Divisão em 2009: era para não ficar um skinhead completo! E essa faixa aí: “Não voto para presidente, não voto para deputado!”? Deve estar incomodando.

Sei que é desnecessário pedir, porque as providências nesse sentido deverão ser imediatas, mas pode retirar o meu nome do Conselho Consultivo fantasma, a exemplo do que foi feito com o colega de coluna aqui do echahia.com, Renato Pinheiro, que ousou emitir sua opinião discordante nesse espaço. Meu destino deverá ser o mesmo e me solidarizo com Renato, mesmo que tardiamente.

Continuando a metralhadora giratória carnavalesca, gostaria, como cidadão que paga impostos diretos e indiretos, de alertar o Governador Jacques Wagner que urge considerar a exoneração do servidor público Bobô da SUDESB, a bem do serviço público, porquanto o mesmo tem demonstrado uma inegável incompetência na gestão do órgão. Posso até estar cometendo uma injustiça, vez que não conheço todas as atribuições e alcance da Superintendência de Desportos da Bahia, mas a parte mais visível, mais próxima do assento da cadeira desse funcionário público, que é o cuidado com uma praça esportiva recentemente reformada e ampliada pelo governo como o Estádio de Pituaçu, está flagrantemente descuidada. Se a coisa já está assim aqui, num equipamento novo e objeto de propaganda governamental como uma das grandes realizações de sua gestão, que dirá o que acontece nos rincões mais remotos…

E o time do Bahia? Reservarei para ele uma quantidade de palavras diretamente proporcional aos talentos.

Um goleiro bom, Fernando. Um presepeiro, Marcelo (não sabe sair do gol, mas a torcida gosta e chama de paredão. Vá entender o torcedor…).

Laterais – não temos (quem me lê já sabe minha opinião desesperada sobre o esforçado e carente de técnica Ávine. Fiquei com pena dele naquela furada de cabeça ao errar o tempo da bola no jogo contra o Atlético de Alagoinhas; contrataram agora o dublê de cinema Apodi, o que me poupará de ir ao estádio ou ver jogos do Bahia na TV enquanto ele estiver no time simulando faltas).

Defesa – tem uma esperança de existir quando Alison retornar após receber o que o clube lhe deve; idem para Nen; e quando Menezes for escalado na posição que sabe jogar.

Volantes – marcam de longe, são envolvidos facilmente, não criam nada; praticamente os mesmos que quase nos levam pra Terceirona – talvez agora consigam.

Meias – tem Rogerinho, um colírio para os meus olhos já embaçados. Maurício é uma promessa. Ananias me pregou um susto quando vi a notícia da morte do anãozinho do Bahia: pensei que tivesse sido ele!

Ataque – cardíaco. O artilheiro do time é um zagueiro!

O técnico: não temos. Eu disse na minha última coluna que Renato nunca deu um padrão tático reconhecível a nenhum time que treinou. Talvez esse seja o padrão: deixar o time irreconhecível. Não há de durar por aqui. Não porque eu não queira a sua permanência (como não quis a sua vinda), mas porque a sua própria incompetência o defenestrará. Na base do desespero, meteu 05 atacantes no time nesse último jogo. Pergunta: já ensaiou isso no Fazendão? Já treinou o time com 10 ou 09 jogadores para a eventualidade de ter jogadores expulsos? Já treinou alguma coisa além de cruzamentos? Já acrescentou alguma incauta baiana às 5000 que ele diz ter… que ele… (não encontrei nenhuma palavra para encaixar aqui que não fosse ofensiva às mulheres).

Tenho a impressão que o time do Bahia, independentemente do elenco que venha a ser formado, do pagamento em dia ou não dos salários, só vai funcionar com um técnico que tenha a suficiente humildade para trazer o jogador para perto de si. Assim um Andrade, por quem os jogadores do Flamengo se superaram e deram o algo mais suficiente para chegar na frente no Brasileirão (Adriano deixou até de ir para a gandaia). Se for alguém que não tenha afetação ou tom professoral vazio, que saiba aliar essa humildade com um pouco de conhecimento tático, como Vadão, por exemplo, pode até funcionar. O técnico não pode ficar culpando jogador individualmente pelos resultados negativos. Isso é básico: os jogadores queimam ele. Por isso, Renato Gaúcho já está mais do que carbonizado. Os jogadores querem mais é que ele se lenhe! Eu diria o mesmo, se o fato de ele se lenhar nesse momento não significasse lenhar também o meu Bahia.

Eu teria ainda muito mais coisa pra desabafar, tem parte da imprensa aí que merece uns desacatos à autoridade, mas esse meu bloco já está com muitos componentes, excesso de cartazes de protesto, e a cadeia vai ficar muito apertada para comportar todo o mundo (isso se conseguirem me achar na Antártida, para onde tentarei escapar).

Por fim, deixo uma antiga mensagem de prevenção contra a AIDS que meu bloco irá divulgar: “Não vá atrás de ninguém! Mas se for, proteja-se!”.

Bom Carnaval a todos e que jamais alguém nos vença em vibração!

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