é goleada tricolor na internet
veículo informativo independente sobre o esporte clube bahia
Publicada em 13 de agosto de 2020 às 14:19 por Marcelo Barreto

Marcelo Barreto

Brasileirão: o que vi contra o Coritiba e o que dá para esperar contra o Red Bull

O Brasileirão começou e, pra mim, ficou um misto de emoções. Por um lado, feliz pelo triunfo, por alguns lampejos do primeiro tempo e, por incrível que possa parecer, com dois aspectos de Roger Machado nesta partida: (1) o fato de ter pensado um time diferente, fazendo algumas mudanças até interessantes; e (2) a inquietude dele no segundo tempo, cobrando o time a (tentar) jogar bola, a (tentar) sair jogando com ela trabalhada. Por outro lado, fica a preocupação justamente pelo segundo tempo do time, pelas ainda graves dificuldades ofensivas e com a persistente manutenção dos erros do time nos escanteios defensivos, que quase custaram o resultado.

Antes do jogo, tinha feito um esboço do time que escalaria, ainda que acreditasse ser difícil que Roger Machado mudasse a equipe de forma mais radical. E aí veio a primeira surpresa. Quando vi a escalação do time antes do jogo, notei que ele montou o meio de campo exatamente do jeito que montaria. Na fase defensiva (da direita pra esquerda) com Rossi, Flavio, Ronaldo e Daniel, marcando em linha. Na fase ofensiva, mantendo Rodriguinho e Élber mais próximos da área adversária, contando com o fechamento de Daniel como armador pelo meio, liberando as subidas de Capixaba pela esquerda.

Durante o jogo, contudo, essa ideia variava muito, sendo que em vários momentos o time se armou numa espécie de 4-1-4-1, com Rodriguinho à frente. Em alguns momentos, Ronaldo ficava mais preso, Flavio e Daniel mais centralizados (o primeiro mais à direita, o segundo mais à esquerda) e Élber caindo pela esquerda.

No primeiro tempo enxerguei essas variações. E os mapas de calor dos jogadores mostram isso (www.sofascore.com):

Vejam que Élber e Rodriguinho orbitaram bastante pela intermediária ofensiva do adversário, ainda que Élber tenha apresentado forte presença nas extremas, seja pela variação que falei, saindo da condição de atacante num 4-4-2 para aparecer como um extremo esquerdo num 4-1-4-1, seja por ter passado a ocupar o lado direito após a saída de Rossi, que ficou mais preso nesta posição ao longo do jogo.

Inclusive, esse lado direito me fez ter outra reflexão. No primeiro tempo, quando ocupado por Rossi, o Coritiba teve dificuldades de avançar naquele setor. Contudo, no segundo tempo, principalmente após a saída do dedicado ponta, William Matheus cresceu naquele setor, muito pela recomposição lenta e tímida de Élber. Foram vários momentos de dobras em cima de Nino naquela posição. Já tinha alertado para isso no jogo de Élber em colunas anteriores. Não diminuo a importância e o destaque dele nessa temporada (ainda que veja ele caindo de produção nos últimos jogos, o que indica uma tendência de retorno à média das atuações dele), mas mesmo quando apresentava destaque, já tinha exposto essa preocupação.

O fato é que, no primeiro tempo, vi um time que conseguiu aliar algum volume de jogo (posse de 48% no primeiro tempo e 9 finalizações, sendo 5 dentro da área adversária), com transições rápidas (o lance do pênalti e uma chance clara perdida por Élber, após enfiada de Capixaba, ilustram lances assim). Vale destacar que o Coritiba, apesar de limitado, é um time que gosta de um jogo de posse, característica de seu jovem treinador desde seu trabalho no Botafogo. Então, esse equilíbrio na posse com um time com esse perfil de jogo é um dado interessante.

O problema ficou com a queda do segundo tempo. Roger ainda tentou mexer no time para que conseguisse prender a bola, colocando Saldanha, atacante que peca DEMAIS nas finalizações (o jogo mostrou isso, com aquele gol feito perdido ridiculamente após lindo passe de Zeca e naquela furada depois de boa jogada de Alesson), mas que tem capacidade de passe e de prender a bola. O criticado técnico tricolor não fez nenhuma alteração que trouxesse o time pra trás. Vejam que além de Saldanha, colocou Marco Antonio, Alesson e Zeca (este numa troca de um lateral por outro, num momento que Capixaba apresentava algumas dificuldades defensivas). Ainda assim o time não jogou e perdeu feio na posse de bola: 41×59 considerando a segunda etapa. O Coxa teve boas chances (duas claríssimas em escanteios, defeito crônico desse Bahia), mas, ainda assim, tivemos chance de matar o jogo, como já citado, com o jovem Saldanha.

O próprio SofaScore tem um gráfico chamado AttackMomentum, que mostra bem os momentos que os times estão exercendo maior pressão sobre o adversário. Esse gráfico mostra bem que o 1º tempo foi tricolor e o 2º tempo foi coxa-branca:

Ainda assim, ficou o resultado positivo. Importantes três pontos para nós.

E contra o Red Bull?

Nosso segundo jogo, imagino, tem tudo pra ser mais complicado do que o primeiro. O Red Bull (pelo investimento e mudança de patamar, prefiro chamar de Red Bull do que de Bragantino, que poderia passar uma ideia de facilidade) é um time interessante e tem como destaque um cara conhecido: Artur.

Salvo alguma questão física (Rossi andou sentindo coxa e pancadas durante o jogo), duvido que Roger mude algo. Eu mudaria. Principalmente pela ameaça que é Artur. Não só por ele, mas por ele jogar numa faixa do campo que, coincidentemente, é justamente um setor que pode ser vulnerável no Bahia.

Ainda que nos últimos jogos ele tenha apresentado uma queda no nível das atuações (o time todo, na verdade), Capixaba ainda é uma das principais armas ofensivas do time, subindo bastante. Deixa-lo como lateral esquerdo neste jogo, pode abrir um espacho importante a ser explorado por ali. Além disso, Artur só trabalha com a perna esquerda, cortando para dentro. Considerando que Zeca é um lateral esquerdo destro e que entrou bem demais neste último jogo, inclusive defensivamente, entraria com Zeca nesta posição para esta partida.

Mas no lugar de Capixaba? Não. Colocaria no lugar de Daniel, adiantando Capixaba. Manteria a estrutura de um 4-4-2 na fase defensiva, mantendo Rodriguinho e Élber flutuando na frente e fechando os espaços quando necessário. Na fase ofensiva, Ronaldo poderia recuar na saída com 3, liberando Zeca para subir por dentro, deixando Capixaba na extrema esquerda para subir. Vejo, na teoria, uma equipe que não perderia ofensividade e poderia contrapor uma força do adversário.

Novamente, não acredito que Roger faça isso. Acho que ele vai repetir o time. Mas penso que escalar o time considerando alguns aspectos do adversário seja algo interessante. Não penso em algo radical, como em alguns momentos um Sampaoli da vida faz. Mas penso que essa cultura, muito usada pelo argentino do Galo, seja interessante, principalmente quando o elenco apresenta peças para isso. Penso que, neste caso, o elenco do Bahia apresenta.

@c_patrocinio

 

 

comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.

enquete

Quem deve ser o titular do ataque do Bahia, ao lado de Thaciano?
todas as enquetes
casas de apostas brasileiras