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Publicada em 6 de outubro de 2008 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Burrice Emocional

Não me venham exigir clareza, concisão, coerência, equilíbrio. Meu estado de espírito está claramente confuso e o que vou escrevendo é um reflexo disso. Minhas emoções estão me atropelando e nem estou tentando me esquivar dos veículos que rumam ameaçadoramente em minha direção.

Essa inabilidade para lidar adequadamente no processamento e conhecimento das informações relacionadas à emoção, esse descontrole e incapacidade de modificar o meu estado emocional ou dos outros de forma organizada pode ser definido como estupidez emocional. A estupidez emocional ou, no popular, burrice emocional, seria, obviamente, o oposto ou antônimo da inteligência emocional.

Há quem questione esse conceito de inteligência emocional, assim como se questionam os conceitos de inteligência em sentido amplo, porque, sempre que se categoriza a inteligência de um grupo ou de uma população, o segmento que fica situado nos níveis mais baixos chia uma barbaridade e acusa de falho o método de avaliação e imputa aos responsáveis pelo estudo o rótulo de racistas, fascistas, eugênicos, etc, etc. É como se as verdades, para serem amplamente aceitas, tivessem que ser sempre agradáveis, cômodas e politicamente corretas.

Eu não tenho dificuldade alguma em reconhecer minhas fraquezas, minha estupidez, minhas limitações. Sou burro mesmo. Deixo que minhas emoções me ceguem, me dominem. Fico logo aparvalhado diante de qualquer situação que demande o uso do raciocínio, caso tenha sido provocado pelo viés das minhas paixões. A mais atordoante das paixões que a vida me reservou é esta nutrida por esse ente chamado Bahia. E a situação em que o Bahia tem sido sistematicamente colocado ultimamente está fazendo aflorar minha burrice emocional de maneira incontrolável.

Se eu tivesse a capacidade de exercer o pleno domínio sobre os meus atos resultantes das frustrações causadas pela Diretoria do Bahia, iria escrever um manifesto civilizado e bem articulado exortando os mandatários do clube a refletirem sobre seus atos e apontando os caminhos para contornarem os desvios detectados. Mas aí me deparo com dois obstáculos intransponíveis: 1 – não tenho controle emocional para fundamentar obviedades quando estou retado; 2 – os dirigentes do Bahia sofrem do mesmo mal que eu – são burros! Burros de doer! Petrônio é burro; Ruy Accioly é burríssimo; Maracajá é um burro paradigmático. Não vou incluir Marcelo Guimarães nesse rol porque poderei ser processado pelo IBAMA por crime ambiental contra espécies nativas.

À exceção de Accioly, que não tem história de nenhum feito memorável no clube que possa ser apagado pelos atos de agora e só está lá porque não consegue colocação no mercado de trabalho como executivo de nenhum ramo de atividade que não pertença a Marcelo Guimarães, tanto Petrônio quanto Maracajá têm uma considerável história de serviços prestados ao Bahia em décadas passadas. Esse histórico tem sido usado exaustivamente por eles para se manterem à frente dos destinos do clube. Isso sem falar no delírio messiânico de ambos, que acreditam serem eles os únicos que podem conduzir os destinos do Bahia para levá-lo à Terra Prometida.

Esse tipo de comportamento de Petrônio e de Maracajá é claramente obtuso, estúpido, burro. A emoção deles está embotando a razão e eles não estão percebendo que pouco está restando na memória afetiva dos torcedores sobre os seus feitos elogiáveis do passado. Eles não percebem que a história é dinâmica e que é continuamente escrita. Dessa forma, os fiascos históricos recentes podem ir ganhando mais relevância que feitos gloriosos do passado. Heróis viram vilões num átimo. Eu não tenho dúvidas de que isso já está em curso. Hoje Maracajá e Petrônio são mais associados ao fato de terem contribuído para levar o Bahia para a Terceira Divisão, e por todas as humilhações e apequenamentos que temos sofrido desde então, do que pelas conquistas para as quais contribuíram. As novas gerações se orgulham de termos sido campeões nacionais um dia, mas só conhecem esse feito através de DVDs. A realidade com a qual eles têm convivido é bem diversa: goleadas para o rival e para outros times outrora inexpressivos, falta de conquista de títulos (até locais), elencos de jogadores medíocres, barbeiragens administrativas, perda de prestígio, gozações intermináveis…

Assim, diante de tanta demonstração de burrice explícita, só me resta desejar a esses personagens que continuem aí persistindo no erro de contornar o incontornável. Sigam em frente que vocês chegam lá! Vamos, meus garotos, vocês são os únicos ungidos que podem tirar o Bahia dessa situação. Vocês têm uma missão divina e patriótica a cumprir. Vocês são os caras! Reelejam-se indefinidamente. Não se procupem: a História saberá ser justa convosco. Vocês serão sempre lembrados como nossos salvadores e lhes dedicaremos as mais altas honrarias para todo o sempre e por gerações sem fim. Nada de mal vai lhes acontecer porque vocês são invulneráveis. Acreditem nisso, como eu acredito piamente que estou dizendo algo que irá lhes sensibilizar! Não levem em conta o fato de eu também ser um burro emocional.

* * *

Falando em burrice, que esquema tático foi aquele que Roberto Cavalo pôs em prática nos primeiros 10 minutos contra o ABC? Houve 04 ataques deles pelo nosso lado direito e existia uma distância enorme entre nossa linha de defesa, composta pelos zagueiros e pelos 03 volantes, e o meio de campo. O lateral esquerdo do ABC pegou 4 bolas e avançou quase 40 metros sem ninguém por perto para marcá-lo. Eu defronte da TV gritando como um louco na esperança vã de ser ouvido lá em Natal. Sou um burro mesmo! Tava difícil de acreditar que ninguém estivesse percebendo. Só Paulo Roberto é que teve algum tino, notou esse buraco que estava se formando e uma hora desceu para fazer a cobertura. Mas não adiantou, porque eles acabaram fazendo o primeiro gol em jogada por aquele lado pouco depois.

Terá sido o técnico que resolveu fazer esse esquema eqüino ou foram os jogadores que resolveram se posicionar daquela maneira? Eu acho que foram os jogadores. Eles claramente estavam querendo derrubar o técnico. Ou então estavam querendo arrumar um atestado de maus antecedentes. Aquilo não foi comportamento de homem. Nenhum jogador de futebol profissional pode ser tão medíocre e desinteressado quanto os jogadores do Bahia se comportaram naquele jogo. Comportando-se assim, esses jogadores irão levar o Bahia de volta à Terceira Divisão! (hope my premonition misses… – tradução livre: espero estar errado… ou cruzcredocrendeuspaipédepatomangalôtrêsvez…). Abre o olho, Ferdinando Teixeira! Se o Bahia cair, vão botar a culpa em você! Prepare-se para ouvir o coro de: “Burro!”, “Burro!”. Os dirigentes adoram isso, quando é dirigido só aos técnicos.

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