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Publicada em 7 de novembro de 2023 às 11:33 por Djalma Gomes

Djalma Gomes

Ceni, um líder carismático tanto quanto pragmático

Desde sempre, o ser humano vive uma interminável guerra de muitas batalhas, e isso já é parte contextual de um aprendizado, porque se assim não fosse, jamais experimentaríamos a simples emoção de viver dia após dia sempre intuindo o melhor da vida, mas também sabendo lidar com o insucesso. Ao contrário não teríamos vitórias; não sofreríamos derrotas; não lamentaríamos perdas; muito menos conheceríamos sequer o sentido da competitividade que nos faz criar sentimentos para nossas convicções e as próprias oportunidades para construção de uma vida digna em todos os seus aspectos. Numa sociedade pueril, somos soldados do nosso próprio exército. Porém, todo indivíduo necessita da orientação de uma experiência superior porque o aprendizado é como uma escada sem término, posto que, enquanto vivemos, o fazemos galgando degrau por degrau desse aprendizado. 

A minha parte mais cética não acredita que haja uma ciência comportamental no estrito senso da palavra. O domínio dos processos mentais e cognitivos não se ajusta bem nas exigências científicas porque ele é um fenômeno interior, individual. Esse processo é assim porque além de intrínseco em cada indivíduo, ele é dinâmico e caótico ao mesmo tempo porque envolve muitas variáveis emocionais devido à alta complexidade da mente – a capacidade do indivíduo é consequência do que ele pensa. 

Peço desculpas ao leitor pelo meu modo prolixo de tentar explicar certas dificuldades que se tornam barreiras mentais com as quais os grandes comandantes têm de lidar. Caso do novo treinador do Bahia, que chegou com a missão de reorganizar a tropa um tanto quanto desnorteada pela falta de um comando adequado e sob ataque “inimigo”. Então, é entre metáforas e parábolas que tento dar vida a este texto buscando explicar com mais riqueza o estilo bandeirante de Rogério Ceni, treinador do Bahia, cuja missão principal neste ano no Tricolor é trabalhar intensamente a mente dos seus comandados para que esses tenham a tranquilidade de conduzir o Bahia ao porto seguro desejado.  

Se alguém pensa que o Bahia é vencido com mais frequência ultimamente por deficiência técnica está redondamente enganado, pois, mesmo que, apesar de o elenco não ser ainda o ideal, o que está à disposição de Ceni tem qualidade técnica indiscutível para estar numa zona mais confortável na tabela do CN. Não sou eu quem o diz, os próprios adversários veem no Bahia a qualidade técnica razoável para não estar nesse ioiô inexplicável a ponto de deixar Ceni – após derrota contra o Grêmio – com uma expressão, naquele momento, que personificava a decepção – ele tinha 90% de certeza que conseguiria ganhar do Grêmio.   

O Rogério Ceni de inteligência e carreira profissional insofismáveis, jamais arriscaria fazer um caminho inverso na sua carreira se não soubesse da capacidade do elenco Tricolor. Não seria coerente com sua ambição, e nem faz parte do seu intelecto. Logo, a impressão que tenho sobre a vinda de Ceni ao Tricolor é de que não foi uma atitude extemporânea do mesmo, pelo contrário, foi exatamente calculada e embasada em cima dos prós e contra que o fez decidir-se por mais um desafio. Rogério não necessitava apenas estar empregado em mais um clube, precisava sim estar dentro de um projeto similar ao seu no âmbito do futebol. A partir desse ponto deduzo que o Bahia atual e Rogério Ceni estão bem simbióticos. Essa interdependência certamente irá gerar ótimos frutos. 

O mais forte aliado de Ceni é a segurança que ele tem em si mesmo, que é algo fora do lugar comum. Concordar em treinar o Bahia a dois meses do final da temporada é um desafio, sim, mas nem de longe é o seu maior desafio. Em 2017 Ceni deixou o São Paulo e pouco tempo depois, convictamente, aceitou treinar o Fortaleza, ainda na Terceira Divisão, havia 8 anos. Marcelo Paz, então eleito presidente do Fortaleza, teve ousadia para convidar Ceni e induzi-lo a abraçar um projeto desafiante que o mesmo Ceni, uma vez convencido, entendeu como dentro das expectativas de ambos, mas que só eles acreditavam naquele momento – Marcelo Paz e Rogério Ceni são sinônimos em coragem, competência e exemplo.    

Convite aceito, Rogério arregaçou as mangas no Fortaleza sendo vice-campeão da série C em 2017, e ano seguinte campeão da série B – esse é um título do tipo medalha de bronze cuja comemoração é sobre o passaporte para a elite do futebol brasileiro. Tipo do título que constrange um currículo. Atualmente esse título atrai pelos benefícios que impactam numa privilegiada posição na Copa Brasil e em dinheiro. Anteriormente, ser o primeiro ou quarto tinha valores e objetivos iguais: acesso. Em 2019 o Fortaleza estava na série A com Ceni. Foram dois acessos meteóricos.  

Rogério Ceni, um líder carismático tanto quanto pragmático, não há dúvida de que vencerá a batalha deste ano como comandante da linha de frente do atual elenco Tricolor. Rogério tem no Bahia dessa nova Era um clube de retaguarda muito forte em assistência a jogadores, funcionários e suas respectivas famílias, capaz de proporcionar inteira tranquilidade ao elenco. O problema maior de Ceni é capacitar mentalmente esse time do Bahia ainda neste resto de temporada. A partir de 2024 a história será reescrita com Ceni tendo todo o poder “bélico” para mais uma “guerra” à sua disposição e realizar um eficaz e cada vez mais, promissor trabalho no Bahia. 

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