é goleada tricolor na internet
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Publicada em 16 de agosto de 2021 às 07:51 por Autor Genérico

Autor Genérico

Chicabon

O Chicabon, sabemos, é um clássico dos sorvetes ou picolés, como chamamos por aqui. Lançado no Brasil em 1942, até hoje é vendido com a mesma fórmula que, além de leite e chocolate, leva malte. Talvez a razão para tanto sucesso. O genial Nélson Rodrigues, com suas tiradas bem-humoradas, levou a guloseima para o campo da literatura, com textos em que afirmava: “é preciso ter alma até para chupar um Chicabon” ou ainda “sem sorte não se chupa nem um Chicabon. Você pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha”.

Lembrei-me dessas curiosidades sobre o Chicabon refletindo acerca do desempenho do tricolor no Brasileirão. Mesmo quando acumulávamos pontos o time não empolgou, vivíamos de lampejos e da qualidade de alguns jogadores, como Gilberto e Rossi que, quando em tarde ou noite inspirada são capazes de desequilibrar a nosso favor. A presença de Thaciano dava consistência ao meio de campo, permitindo uma boa transição entre defesa e ataque. A dupla Conti-Juninho trouxe tranquilidade ao sistema defensivo. No entanto, mesmo ocupando as primeiras posições na tabela de classificação, nenhum torcedor, nem o mais fanático, era capaz de dizer que o time colocava a alma em campo. A sensação era de que sempre faltava um algo a mais, como o malte para o Chicabon

Vieram então as perdas de peças, como nosso treinador gosta de dizer. Perdemos Nino e Daniel para as punições, por conta da briga generalizada na final da Copa do Nordeste. Perdemos Conti para o departamento médico e Juninho e Thaciano para as transações comerciais, necessárias à gestão financeira ou decorrência de acordos prévios, não importa. O fato é que o time precisava ser reformulado e, nesse momento, o papel do técnico era a chave para o sucesso ou fracasso. Dado, lamentavelmente, fez escolhas erradas e tomou decisões equivocadas. Jogando fechado contra o São Paulo, foi punido com um gol no “apagar das luzes”. Jogando aberto contra o Flamengo, sofreu uma vergonhosa goleada. Tentando um time mais equilibrado contra o Atlético-MG, não conseguiu sucesso. Faltou-lhe competência e, também, sorte. Engasgou com o palito…

Muitos, como eu, acreditávamos que a sequência ruim se devia à qualidade dos adversários. Tudo mudaria na próxima sequência, contra times medianos, como Sport, Cuiabá e Atlético-GO. Dos 9 pontos que disputamos, conquistamos 1. Continuamos sem alma. Para continuar com a irreverência do mestre Nélson Rodrigues, para estes jogos, nosso treinador montou equipes que se deixaram ser tratadas a pontapés como se vira-latas fossem. A equipe, independente da formação, é incapaz de segurar a bola nos pés, encostar o adversário contra a parede e, muito menos, segurar uma vantagem inicial, obtida em dois desses três jogos.

Bahia sem alma e sem sorte. Na partida contra o Atlético-GO, nem a volta de Gilberto à artilharia foi capaz de afastar a nuvem carregada sobre o Bahia. Perdemos dois gols incríveis nos primeiros oito minutos do segundo tempo, com Rodriguinho e Maycon Douglas. Fomos punidos nos oito minutos subsequentes.  Dado já foi atropelado pela carrocinha. É hora de trocar o treinador e aproveitar a etapa final do campeonato, em jogos contra o Grêmio, Fluminense e Fortaleza, para tentar ganhar alguns pontos e nos afastar da zona do rebaixamento. Hoje, apenas um ponto nos afasta do primeiro time fora do Z-4, o Cuiabá e três pontos do primeiro nessa parte temida da tabela, o Sport. Lembrando que no segundo turno faremos menos partidas como mandante, o que torna a briga por permanecer na série A um pouco mais difícil.

Substituir Dado Cavalcanti não é a solução para os problemas do Bahia, nem ele é o único responsável pela má fase que vivemos. Sim, fez escolhas equivocadas, mas quem contratou uma dúzia de jogadores, dos quais só aproveitamos dois, seguramente não foi ele. O problema de tomar a decisão fácil de trocar o treinador é correr o risco de esconder a realidade. A crise chegou ao Bahia. Ou a diretoria assume responsabilidades e afasta a crise ou será engolida por ela. Sem direito a Chicabon de sobremesa! BBMP!!

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