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Coluna

Manuelito Magalhães
Publicada em 20/06/2021 às 19h52

Cobertor Curto, Saia Justa

Dado Cavalcanti ganhou minha admiração, porque conseguiu dar organização e padrão de jogo ao Bahia. Ele também transformou o time, que saiu da apatia crônica, da falta de garra e entusiasmo para a disputa de partidas com intensidade, sem se deixar abater quando sofre gols, como mostrou na partida contra o Ceará. Além disso, conseguiu três proezas dignas de registro: a) recuperar alguns jogadores, caso de Rodriguinho e Juninho; b) dar equilíbrio defensivo à equipe, no que foi ajudado pela vinda do zagueiro Conti e; c) dar espaço a Mateus Teixeira.

Sem deixar de render homenagens a quem trouxe o tão esperado título da Copa do Nordeste, quebrando uma já longa escrita de freguesia perante o Ceará, Dado está cometendo erros muito parecidos com aqueles que cometia quando assumiu o comando do time e correndo o risco de perder o apoio que tem de parte da torcida. Sua demora em mudar o time e substituir peças que não se apresentam bem é inexplicável. O argumento, esgrimido na entrevista coletiva pós-jogo contra o Corinthians, de que mantém em campo por conta de condições físicas melhores não resiste a uma análise mais cuidadosa. Afinal, se correr fosse sinônimo de ganhar jogo, Usain Bolt jogaria a Copa do Mundo e a seleção do Quênia era campeã mundial.

Outra insistência do treinador tem sido continuar escalando jogadores que não tem mostrado bom desempenho em campo. As mudanças efetuadas contra o Ceará, na verdade, confirmam essa insistência, já que a explicação para elas reside no cansaço e na possibilidade de contusões e não no desempenho técnico dos jogadores. Tanto é assim que os jogadores retornaram contra o Corinthians. Mas, justiça seja feita, essa postura de Dado não pode ser atribuída somente a ele, temos que dividir com a Diretoria, pela ausência de reforços, principalmente porque a carta do desgaste físico era bastante conhecida, assim como as deficiências de alguns jogadores que frequentam nosso banco, de que é exemplo Juninho Capixaba.

Por conta da pandemia do Covid-19, a temporada 2020 acabou apenas em 2021, não abrindo janela de tempo para a realização de pré-temporada e, considerando que o Bahia disputou posição até a última rodada, não permitindo a regeneração física dos jogadores. Além disso, considerando a disputa simultânea de Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Sulamericana, a rotina de viagens impediu o descanso adequado entre jogos e, consequentemente, trouxe maior desgaste aos jogadores e tirou tempo necessário ao treinamento. Esse era um fato conhecido. Aqui mesmo neste espaço já havíamos alertado que a sequência de jogos cobraria um alto preço à equipe tricolor, fazendo-se necessária a vinda de peças de reposição.

Não foi o que aconteceu. Basta olharmos para o banco de reservas e teremos a certeza de que o elenco do Bahia é “cobertor curto”, para usar expressão que Dado costuma falar nas entrevistas. Ou seja, não temos substitutos para jogadores como Rodriguinho, Daniel, Patrick, Gilberto, Rossi. Nem mesmo para Mateus Teixeira ou Matheus Bahia. Pior que isso, algumas apostas da diretoria sequer disseram o que vieram fazer aqui. Nesta situação temos Oscar Ruiz, Tonny Anderson e Maicon Douglas.

Louve-se aqui a postura do comandante tricolor em campo. Não só buscou “aumentar o tamanho” do cobertor, lançando peças como Patrick, Matheus Bahia e Renan Guedes, como não esconde seu desejo pela vinda de outros atletas, deixando clara a “saia justa” em que se encontra. Não desconhecemos a fragilidade financeira do clube, seriamente afetado pela perda de receitas de sócios e de público pagante e, também, pelo recurso a empréstimos bancários em 2020, para compensar a queda brusca de receitas. Mas, é o tipo da situação em que ficar parado, aguardando melhorar, é aposta arriscada. A perda financeira pode ser muito maior.

Voltando a Dado Cavalcanti, é forçoso reconhecer seus méritos, que não são poucos, bem como conferir importância às dificuldades enfrentadas, decorrentes do calendário. Mas, não podemos eximi-lo da responsabilidade por encontrar saídas para a situação atual, até porque, como ele mesmo disse, trata-se de processo “natural” e com o qual “já está acostumado”. Se é assim, que apresente soluções. E resultados! BBMP!!

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