Após um longo período sem acompanhar a Série A do Campeonato Brasileiro, em que me acostumei a acompanhar péssimos babas contra times sem expressão, em verdadeiros faroestes futebolísticos, finalmente me sinto de volta ao lar.
Como falei para alguns amigos e também no fórum aqui do site, para mim, a estréia do Bahia na primeira divisão seria ontem, contra o Flamengo, por diversos motivos.
O primeiro motivo é que eu sentia o elenco do Bahia como sendo ainda um elenco muito fraco, de qualidade extremamente duvidosa, um elenco ainda de segunda divisão, fortíssimo candidato ao rebaixamento em uma Série A que é incomparável com os fraquíssimos campeonatos de Séries C e B que nos habituamos a acompanhar nos últimos anos por falta de qualidade de nossos dirigentes e com o fraquíssimo campeonato baiano — tão fraco que foi vencido por um time de Série D.
(Aliás, neste ponto, gostaria fazer um parêntese especial e parabenizar o Bahia de Feira de Santana pela conquista. Por razões óbvias, sempre simpatizei com a agremiação feirense, mas depois dessa conquista, posso dizer que agora tenho um segundo time no meu coração, ao qual denomino carinhosamente como Bahiazinho de Feira.)
O segundo motivo é que o adversário da primeira rodada, o América-MG, também tem um elenco fraquíssimo, candidatíssimo ao rebaixamento e, em minha opinião, o pior elenco da Série A no momento.
O terceiro motivo era que o América-MG era um adversário que acompanhou o Bahia durante o nosso calvário nas divisões inferiores. Então, o jogo tinha um gosto de Déjà vu amargo para o meu paladar. Ainda não era o tipo de jogo que eu ansiava por ver.
O quarto motivo veio depois do jogo, pois com a derrota de virada, nos últimos minutos, e a quebra do tabu de jamais termos perdido para o América-MG, não marcamos nenhum ponto no campeonato (outro parêntese: que dom maldito é este do Guimarães de quebrar todos os tabus de maneira negativa?).
Por esses motivos, o jogo contra o urubu da Globo e da CBF era para mim a estréia na Série A. E que estréia! Casa cheia, contra os quatorze do Flamengo (os onze jogadores, o árbitro, a Globo e a CBF), cheio de gols, com um homem a menos e um empate arrancado no final que nos deu o primeiro ponto de nosso retorno e que me fez relembrar os velhos tempos em que acreditávamos até o último segundo.
Hoje, na segunda-feira, nas conversas com os amigos, me vejo novamente falando sobre futebol (futebol de verdade, não sobre os babas horríveis que disputávamos desde 2004 até o mês passado), com um ânimo que não tinha há muito tempo. Parabéns e obrigado, Bahia e especialmente Jóbson, por este presente de alegria que me deram ontem.
Hoje estou com uma sensação de que voltamos de verdade, coisa que comecei a sentir com o anúncio oficial das contratações de Carlos Alberto e Ricardinho, principalmente pela duração do contrato, de dois anos, indicando que a diretoria finalmente começa a pensar a longo prazo, formando uma base que propicie uma continuidade do trabalho.
Agora, para mim, temos um elenco de Série A, pelo menos do meio para frente. No setor defensivo ainda estamos longe de um elenco de Série A, ainda temos um elenco típico de Série B. A diretoria, por outro lado, infelizmente, continua de Série C, pelo menos enquanto não democratizar o clube para nos garantir as receitas que nos deixarão páreos, em termos de orçamento, aos grandes clubes.
Sim, amigos, preciso esclarecer isso, pois esta desculpa de diferença nos orçamentos que está ventilando na mídia baiana é infundada, já que a própria diretoria abdica de uma receita mensal em torno de R$2 milhões ao impedir a associação em massa da torcida, com um medo irracional de perder o poder.
Então, amigos, essa desculpa esfarrapada de não formar bons times por causa do baixo orçamento é o mesmo que um piloto de fórmula um amarrar a própria mão direita e depois dizer que não pode competir com os outros pilotos de igual para igual porque eles podem usar as duas mãos e ele não pode.
Desta forma, mesmo que inutilmente, gostaria de mandar um recado direto ao presidente do Bahia, o ex-deputado federal Marcelo Guimarães Filho, que aparentemente nos lê, já que me processa: por favor, ouça a voz da razão e dê esse presente a você mesmo e à torcida, democratizando o clube durante este campeonato. O momento não poderia ser melhor. A torcida tem memória curta e todos os seus erros na condução do clube seriam esquecidos com esse gesto e com um elenco de qualidade propiciado pela injeção de recurso de uma grande massa de associados, de forma que você, ou qualquer um que você apoiasse, seria imbatível numa eventual eleição direta e qualquer opositor perderia o argumento de que sua diretoria está no clube contra a vontade da torcida. Seria uma jogada de mestre, verdadeiro xeque-mate. Pense nisso.
Agora, me resta comemorar o empate heróico dentro de casa contra um adversário qualificado ajudado pelo árbitro, imprensa e CBF e esperar ansiosamente pelo primeiro triunfo na Série A para a volta se completar definitivamente.
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