Deixem o homem trabalhar

Iniciamos 2009 com a mesma esperança de outros tempos: dias melhores. Estamos prestes a completar 50 anos da nossa primeira grande glória e 20 da última. Então, nada mais justo que façamos diferente, ou pelo menos, tentemos fazer.

Nosso presidente eleito, apesar de tanta demonstração de insatisfação por parte da torcida, tem agido de forma lúcida, ao que me parece. Foi corajoso, é verdade, ao trazer Paulo Carneiro para ser o homem forte do futebol. O que antes parecia surreal, agora é realidade. E, da mesma forma que criticamos o continuísmo, temos de elogiar tal atitude. De início, já é uma prova de que ele quer fazer diferente, sim. Com PC no comando, a tríade do terror não ficará mais unida, o que é bom sinal em se tratando de novos tempos.

Questionar a capacidade e o conhecimento de PC dentro do futebol é levantar polêmica desnecessária. Contra fatos não há argumentos, e estes foram muitos ao longo dos anos em que ele ficou à frente do time de Canabrava. Considero que o rival tem duas fases distintas – antes e depois de PC. Obviamente que não foi tudo perfeito. Como toda administração longeva, faltou tranqüilidade em alguns momentos, serenidade e discernimentos em outros. Mas é inegável o legado que ele deixou, pois os frutos ainda são colhidos hoje, mesmo depois do seu afastamento.

Acredito que a escolha foi correta. Qual seria o outro grande nome que poderia assumir a gestão do futebol com a experiência que o cargo requer? Houve quem fosse contra justamente pela paixão e ligação íntima com o rival. A imprensa, como de costume, tentou de todas as formas atrapalhar exibindo imagens antigas e frases ditas por PC, na época em que ele comandava as ações do lado de lá. Felizmente, a nossa torcida entendeu que o momento é outro. O profissionalismo existe e está fazendo a diferença nos grandes clubes.

Eu já encaro essa oportunidade como uma redenção. Não devemos achar que ele vai virar tricolor, mas que partirá para briga defendendo os nossos interesses, eu não tenho dúvidas. Ele quer reconstruir o nome dele nesses três anos, para depois alçar novos vôos. E nada melhor do que recuperar a marca Bahia no cenário nacional. Imaginem se ele conseguir retomar a hegemonia regional e colocar o Bahia de volta na Série A.

Motta está de volta. E no lugar onde ele é mais eficiente: divisão de base. Era preciso uma mudança imediata nesse setor. Torço para que ele consiga recuperar nossa trajetória de revelar talentos, além de conquistar títulos também. O trabalho será árduo, já que não temos recursos. Mas com o conhecimento dele, os frutos deverão ser colhidos em breve.

PC já começou o trabalho inovando. Conseguiu trazer um técnico que, apesar de fazer parte da nova geração, já tem bagagem para trabalhar nos grandes clubes do futebol brasileiro. Se compararmos com os anos anteriores, veremos que a uma altura dessa do campeonato, não tínhamos planejamento algum. O treinador era sempre com perfil de Série B ou C, os jogadores, idem. Já iniciamos 2009 de forma diferente, o que é bom sinal.

A torcida será fundamental nessa fase de transição. Terá de apoiar o time, principalmente, no baiano. O grupo está sendo formado, já foram contratados treze jogadores e a previsão é a chegada de mais cinco. Como todo início de trabalho, muitas dificuldades virão. Acredito que somente no segundo turno é que teremos condições de avaliar melhor. Antes disso, apenas a qualidade técnica é que poderá ser discutida.

Pituaçu tem tudo para ser nosso alçapão. O estádio está quase pronto e só nos resta aguardar a definição do imbróglio político. Será nosso aliado dentro e fora dos campos. Tenho certeza que a diretoria conta com as rendas para amenizar a dificuldade financeira, na qual nos encontramos. E, tenho quase certeza, a torcida fará a parte dela.

A oposição parece mais calma agora. É hora de dar tempo ao novo presidente e sua equipe de trabalho. Não podemos crucificá-lo por causa dos erros cometidos por seu pai. Deixemo-lo tentar fazer diferente, afinal, ele sabe a força que o Bahia tem. Acredito que o tricolor seja um trampolim para as aspirações políticas que ele tem. Sinceramente, não o vejo como alguém do meio futebolístico por muitos anos. Recuperando ou deixando o time em melhores condições, ele elevará seu nome, politicamente falando.

XXX

Falando das novas contratações, gostei de alguns nomes. Marcelo, ex-Corinthians, é um ótimo goleiro. Fernando é uma boa promessa. Patrício é jogador experiente, excelente passador e homem forte nas jogadas de bola parada. Rogério Correa e Nem são tarimbados também, bastante rodados. Ambos têm estilo xerifão, algo que não tínhamos desde Reginaldo Cachorrão. Jael é uma aposta interessante. Atacante forte e rápido que tem boa presença de área.

Para o restante, temos de dar tempo. Não podemos criticá-los apenas por não serem conhecidos, seríamos injustos. A desconfiança vai existir, mas devemos lembrar que nem sempre a contratação de um grande nome significa sucesso. Torço para que alguns desses sejam gratas surpresas, como foram Paulo Martins, Paulo Rodrigues, Gil Sergipano, entre outros.

Saudações tricolores!