é goleada tricolor na internet
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Publicada em 1 de março de 2009 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Desmaracajar o Bahia, isso não tem preço

Estava observando, neste carnaval, o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Sou admirador da Mangueira. Mas, a observação que importa e que eu gostaria aqui de registrar é que não é mole botar uma escola na avenida. Não basta um bom samba, uma bateria magnífica, mestre-sala e porta-bandeiras fantásticos, fantasias luxuosas ou alegorias impressionantes. Nem mesmo um conjunto impecável de passistas. Tem que ter tudo isso junto e mais organização, estratégia e competência, tudo no tempo certo, sem erros ou vacilos. Tem que ter isso tudo, mas, para vencer de verdade, tem que conquistar a avenida. Contar com o apoio da avenida é o diferencial. Esse é o algo mais. É o que distingue a verdadeira campeã das meras participantes do desfile.

Não pude deixar de fazer a analogia com um clube de futebol. Guardadas as devidas proporções, as coisas acontecem – ou, pelo menos, deveriam acontecer – do mesmo jeito. Assim como a uma escola de samba não bastam apenas bons passistas e boa bateria, a um clube de futebol não bastam apenas bom técnico e bons jogadores. Tem que ter boas condições de trabalho, equipamentos modernos e adequados de treinamento e preparação física, um bom departamento médico, uma divisão de base que funcione e seja capaz de gerar atletas de qualidade para a equipe profissional. E precisa também, além de tudo isso, de organização, estratégia e competência, tudo também no tempo certo e sem vacilos. E, é claro, precisa, pelo menos, pagar em dia salários de atletas, funcionários e comissão técnica.

Enfim, tem que ter tudo isso, mas, assim como nas escolas de samba, para vencer de verdade no futebol é preciso conquistar a avenida. Ou seja, contar com o apoio da torcida. Esse é o diferencial. É o algo mais. É o que distingue o verdadeiro clube dos meros circunstantes do cenário futebolístico. Estar na primeira ou na segunda divisão, por exemplo, é uma circunstância, um desvio de rota que pode ser corrigido. Já ser pequeno de espírito é outra coisa, não tem quem dê jeito. Espero que não tomem tais palavras como arrogância, talvez fruto das duas estrelas que o meu Bahia tem em cima do escudo. Na verdade, é mais pelo que essas estrelas traduzem: o espírito de campeão, o clube grande e glorioso, a imensa, fiel e orgulhosa torcida, acostumada a encher estádios.

Por isso, cabe olhar com atenção este momento novo que vive o Esporte Clube Bahia. Não porque o time esteja vencendo e lidere o campeonato. Isso é circunstância e pode até mudar. Mais do que os resultados do time em campo, o que tem mesmo renovado as esperanças dos tricolores é ver que estão sendo recuperados os campos de treinamento do Fazendão, a hotelaria das divisões de base, a concentração dos profissionais, as instalações de fisicultura. É ver que as coisas começam a se organizar, que existe uma estrutura de comando no Bahia, que pela primeira vez em muitos anos existem profissionais cuidando de diversos aspectos da vida do clube.

Mas, cá para nós, o que mais empolga mesmo é ver que o Bahia, após longo e tenebroso inverno, vive agora um momento desmaracajado da sua história. Isso, estejam certos, não é pouca coisa. Conforta qualquer tricolor constatar que o nome de Paulo Maracajá quando aparece na imprensa, hoje em dia, é no noticiário político-policial, como alvo de acusações por parte do Ministério Público ou de derrotas acachapantes em processo eleitoral do Conselho de Contas dos Municípios – colegiado no qual, aliás, não se sabe por que cargas d’água foi parar personagem com currículo tão conturbado.

Pode até não dar em nada, mas a verdade é que não tem preço ver Paulo Maracajá, agora de “eternidade” revogada, não mais ser perguntado sobre o Bahia e só ter que abrir a boca, por ora, para responder sobre acusações de enriquecimento ilícito. Isso, sinceramente, não tem Mastercard que pague…

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