é goleada tricolor na internet
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Publicada em 17 de dezembro de 2014 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Do Real para o Bahia

O placar marcava 1 X 0. O Real Xibiatagem controlava a vantagem com tranquilidade, a redonda rondava a grande área sem sobressaltos para o arqueiro Titi [lê-se como oxítona, a contrário do atual zagueiro do Bahia. São falsos homônimos], mas o sol castigava mais que o adversário e qualquer vacilo poderia custar a classificação para o mata-mata. Acréscimos de um árbitro suspeito, até que Gildemar – O CEIFADOR – um zagueiro que não admitia perder divididas ou ser driblado, rouba a bola e passa para mim, companheiro de zaga dele. Observo o centroavante sem marcação. Faço uma tabela rápida com Ivan [volante de pouca estatura mas futebol de gente grande] e derivo para direita observando o flanco aberto. Antes da linha de fundo faço um centro perfeito, à altura da segunda trave. A cabeçada do atacante é mortal: Para baixo, no canto, de manual. Gol! Não valeu. O juiz alegou que havia acabado a peleja antes da finalização, com a bola no ar. Dizem que o resultado estava encomendado porque outro gol desclassificaria o adversário no saldo. Meia grade de cerveja, foi o preço dizem. Não importa. Se vocês soubessem o que acontece nos bastidores destes campeonatos amadores de comunicação, ficariam enojados [de tão bêbados].

O Real Xibiatagem era um time quase totalmente tricolor. A exceção era justamente Gildemar Ceifador. Invictos por quase dois anos, cartel de vitórias positivo e alguma pugnas renhidas com nosso rival, o BUFA FRIA Futebol Clube. Passaram-se dez anos desde que o time foi desfeito. E agora, aquele centroavante de boa finalização, noção de espaço e técnica refinada tomará posse hoje como presidente do Esporte Clube Bahia, o mais importante cargo do Estado [na minha opinião, apesar de entender quem coloque a Governadoria em primeiro plano].

Os dois melhores lugares para avaliar o caráter de um homem são, justamente, no campo de futebol e na tábua de dominó. Marcelo Sant’Ana jogou comigo em ambos espaços. Conheço suas ideias, compartilho de sua visão sobre futebol, sei o tamanho de sua paixão. Dividimos arquibancada da velha Fonte algumas vezes. Fazíamos parte de uma mini-torcida de colegas de faculdade, a TAFT, com outros doidos pelo Esquadrão. Entre eles, Lucas Sande [in memorian].

Marcelo preparou-se para o dia de hoje. Viajou, fez cursos, capacitou-se. Mesmo com a falta de experiência prática provou ser a melhor opção para assumir o cargo no momento. Pelo menos assim os sócios entenderam. Não representa apenas uma aposta no futuro, em um novo perfil de dirigente, em uma gestão menos anacrônica, mas, sobretudo uma garantia de não voltar ao passado, de não retroceder em questões importantes que o clube conseguiu consolidar no último ano.

As pessoas costumam atrapalhar amizade com bajulação, servilismo. Várias vezes comentei que me incomodava algumas notícias de bastidores que tive conhecimento esse ano. “Fulano é um querido”. “Beltrana é uma grande amiga”. É necessário que tenha gente que não tenha papas na língua na hora de criticar, mesmo que seja um amigo de longa data. Pessoas que saibam que há um limite entre polidez para tratar um amigo [ou qualquer um] e sinceridade para criticar e apontar o erro de um colega. Amizade não deve servir de escudo para a incompetência de ninguém. Tenho certeza que Marcelo saberá escolher as pessoas capacitadas para encarar esse grande desafio com ele.

Ele contará comigo nessa tribuna, para aplaudir seus acertos e berrar seus erros. Terá a minha torcida pelo seu êxito, mas não conivência com seus deslizes. Aposto muito no sucesso dele, não nego. Sei da sua frieza para finalizar, da sua tranquilidade para decidir. E tem muita gente torcendo por ele, como nosso colega Lucas Sande, no plano que estiver. Pablo Sandoval, personagem do maravilhoso filme argentino “O Segredo Dos Seus Olhos” – se você não assistiu, providencie fazê-lo quando acabar o texto – tem uma frase magnífica, que resume o que move cada ser: “As pessoas podem mudar de tudo. De cara, de casa, de família, de namorada, de religião, de Deus. Mas há uma coisa que não se pode mudar. De paixão”

Marcelo tem três anos para transformar sua paixão em algo que ele, eu, e milhões de tricolores sonhamos há mais de uma década: Um time vencedor em campo e fora dele, com atitude e resultados que devolvam o orgulho da torcida. Um clube gigante como o amor que é devotado pelos tricolores. Essa paixão não morre nunca. Nossos amigos partem, mas esse amor fica, encarnado nas três cores, ecoando a cada grito de gol. E de gol, eu sei que você conhece. O artilheiro do Real Xibiatagem agora está a serviço do Esporte Clube Bahia. E de alguma nuvem na ponta direita, Sande estará abençoando cada tento.

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