Fazendo uma retrospectiva neste primeiro parágrafo, achei um absurdo e fiquei com a sensação de ter presenciado uma injustiça quando a torcida do Bahia vaiou o time após o primeiro jogo contra o Retrô, cujo resultado de 3×2 foi favorável ao Tricolor. Não havia motivo para vaiar, mas deu para compreender o porquê: na verdade, ainda era a vergonhosa desclassificação na Sul-Americana que estava doendo. É o ônus que uma antecipação de status impõe, já que o Bahia na prática está adiantando prazos, fator não previsto pelo projeto.
É paradoxal, mas é o que explica. Só não se esqueçam: o Bahia está muito bem situado nas respectivas competições nacional e regional. Ainda que com atuações nem tão convincentes, não acredito que o 4º lugar no campeonato brasileiro, com 2 jogos atrasados devido às datas com conflitos, seja obra do acaso. É claro que não. O momento é muito bom e ainda pode melhorar, embora os tropeços possam acontecer, e sem dúvidas acontecerão, mas é preciso compreensão por parte da torcida porque o futebol não é uma ciência exata.
– Relembro numa de suas músicas, Roberto Ribeiro: “um amigo meu queria ter a glória apressada /esqueceu que o tempo tem lugar e hora marcada /chegou no lugar primeiro e o tempo mais atrás / esperou sentado, em pé, cansou / finalmente aprendeu mais…”
Refletindo sobre as campanhas de 2023/24 e 25 até aqui, podemos imaginar em qual patamar o Bahia vai estar em 2026. Estamos falando de uma evolução incontestavelmente real. Os números e os fatos atestam a favor, e contra números e fatos não há argumentos. O Grupo City não vendeu ilusões. Prometeu e está cumprindo até acima do prometido. O fator preponderante para que o crescimento seja bem sustentado é porque quem investe R$1 bilhão num projeto de médio e longo prazo quer que a máquina acelere naturalmente e não apressadamente.
Não é demais lembrar que por contrato o Grupo City tem 15 anos para investir 1 bilhão no Bahia. Isto não é retórica, é acerto contratual entre vendedor e comprador. Mas é claro que isso não impede o Clube de antecipar as coisas construindo um orçamento que venha ser duas vezes maior do que o atual, ou mais, porque a ambição é infinita e o caminho segue sendo trilhado a passos largos. Estrutura para tanto existe com sobras, o que fará toda a diferença para as futuras grandes conquistas.
Quer queiram ou não, o Bahia faz parte de um projeto global. O Sheik Mansour Bin Zayed Al Nahyan, dono do City Football Group, jamais semearia em terra infértil – sentido figurado. O CFG escolheu o Bahia para potencializar a expansão do grupo em toda a América do Sul e não para ser um clube meramente regional porque isso não traria o retorno que o projeto prevê. Portanto, o trabalho é para que o Bahia SAF seja construído com uma base planejada que permita ao Tricolor se colocar no Continente Sul-americano com base na credibilidade e no poder atrativo da marca investidora.
Por exemplo, ter cacife para bancar sem esforço acima do natural uma multa de 14 milhões para trazer o Kauê Furquim, a grande promessa do Corinthians – sem nenhuma incisão nas regras da legalidade – com apenas 16 anos de idade, é sem dúvida uma demonstração de que a busca pelo objetivo passa antes pela construção portentosa do Bahia da Era City. Não espere por um Bahia 100% eficiente no presente, mas espere por um Bahia 99% excelente no futuro. Isto não é especificamente sobre o futebol. É sobre uma empresa bem estruturada executando todo um processo de excelência desde a chegada da SAF – no atual cenário a paciência tem de ser um exercício diário.
Não há dúvidas sobre a coexistência entre a paixão e a razão de dois desejos comuns sobre o mesmo objetivo, porém de modos diferentes: o primeiro é o torcedor que exerce a sua paixão contagiado pela pressa que determina a sua própria ansiedade ao cobrar títulos como se não houvesse concorrência na mesma corrida. Já o investidor não tem pressa e nem paixão, trabalha com a razão dos cronogramas de um projeto, destacando: operações; objetivos; prazos; e responsabilidade com os limites de cada etapa – é a busca constante pela perfeição, que no sentido figurado é uma busca quase próximo do cuidado da alquimia visando transformar materiais comuns em substâncias mais valiosas porque é no que acreditam os alquimistas.
RELAÇÕES CORTADAS
Ainda bem, pois quem com porcos se mistura farelos há de comer. Melhor assim, diretoria corinthiana no chiqueiro dela – aqui isento a instituição Corinthians, um marco histórico do futebol brasileiro, em mão erradas, há décadas – com toda a sua incompetência, usando retórica como cortina de fumaça para ocultar o caos administrativo do qual são vítimas o Corinthians e a sua nação. Enquanto eles chafurdam na lama o Bahia segue fazendo um futebol profissional, ético e cumpridor dos seus deveres, sem jamais ser punido com transfer ban da FIFA.
À imprensa corintiana paulista: recomendo que estudem para saber pesquisar e tomar conhecimento dos fatos como eles são e não como vocês inventam, preconceituosamente. O Bahia é uma unidade sim do City Football Group, porém autônoma como as demais da mesma Holding. O Bahia não é uma base de lançamento para o Manchester City e nem para nenhuma outra unidade do grupo, e isso é recíproco. O Bahia terá sempre o bônus do acerto ou o ônus do desacerto, e de igual modo o Manchester City – como exemplo.
Às vezes, o silêncio traz mensagens muito mais poderosas do que a manifestação vocal da bravata.





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