As crises passam, mas a crise do Bahia parece não ter fim. Quatro derrotas seguidas na segunda divisão, incluindo para duas tradicionalíssimas equipes de nome Tupi e codinome Xavante, mostram que o Tricolor de Aço não conseguiu homologação da Funai para seguir adiante na competição.
Toda vez que o Bahia entra em crise, ou seja, a cada derrota, seja por goleada ou não, para clubes sem importância, lembro-me da minha coluna “Meia Noite e Um”, escrita em novembro de 2012. A rotina do tricolor parece não ter fim, com um círculo vicioso de mediocridade que, como todo círculo, anda e não sai do lugar.
Muitos analistas, doutores, oráculos e profetas tentam analisar as causas do fenômeno. Ora, falamos de um clube que ganhava tudo nos anos 70 e 80 em âmbito estadual, porquanto não tinha rival, disputava o brasileiro com um regulamento diferente a cada ano, no qual os critérios de acesso e descenso não eram respeitados, não havia tanto dinheiro em circulação e o abismo entre a elite e o resto não era nem sombra do que é hoje. Os regulamentos de pontos corridos, hoje, premiam a estabilidade e regularidade em detrimento do emocional ou do sobrenatural. Raudinei tornou-se espécie em extinção.
Os mais antigos dirão: “é porque naquela época se jogava com amor à camisa”. Decerto, hoje o amor é ao dinheiro, mas a verdade é que o futebol está cada vez mais profissionalizado e inserido num contexto de mercado o qual não apenas o Bahia, mas nenhum clube nordestino consegue acompanhar.
Atualmente, temos um presidente eleito com uma proposta inovadora, com imagem de grande apelo entre os jovens, mas continua no mais do mesmo: postura autossuficiente, contratações que não vingam, rótulos de inexperiência em futebol, desconstrução da sua imagem de forma pejorativa nas redes sociais e total oposição da mídia esportiva tradicional são as maiores dificuldades encontradas pelo homem do apóstrofo. Azar o dele: quem está nesse cargo não pode, jamais, se colocar na posição de vítima.
Vários modelos são propostos para o Bahia. Parte da torcida inveja o Sport, espelha-se nele como exemplo de clube vencedor, porém falamos de um clube que perde estadual para interiorano e não consegue uma vaga na Libertadores, tendo como trunfo uma Copa do Brasil relativamente recente. O Santa Cruz, outro “exemplo”, goleou o Cruzeiro e o Vice de Tudo – e só: vai brigar para não cair. Nem vou falar do Ceará, de triste lembrança galinácea: o clube que revelou o grande craque “Que Merda Hein?” para o rival de Canabrava.
Esta coluna será a primeira de uma série de textos que analisarão o contexto tricolor. O Bahia está em crise ou apenas está no lugar que lhe cabe? Precisamos abrir os cofres, gastar tudo montando uma equipe de ponta, ou a política dos pés no chão é o que vale? Pés no chão gelado, com uma bruta rinite vasomotora, quando a carreta de jogadores like Tchô entra e sai da Fazendávila; quando presidente bota vice pra falar na hora que a coisa aperta; quando um técnico emergente de uma equipe emergente é disputado como se fosse treinador de seleção; quando jogadores da base viram solução em vez de investimento. Aguardemos os próximos textos.
Saudações Tricolores!
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.