O Bahia tem sido muito castigado com erros capitais de arbitragem. Foi assim contra o Vitória nos dois jogos que decidiram o título baiano, injustamente por consequência desses erros…
Foi assim também que saiu da Copa do Brasil com três erros gritantes da arbitragem num só jogo — um gol em claro impedimento e dois pênaltis claríssimos não marcados. Ora, isso alterou completamente o resultado do jogo!
Não entro no mérito técnico do time, que em meu modo de ver precisa melhorar muito como pretendente à série A. Questiono apenas o mérito das arbitragens que realmente têm prejudicado o Bahia de forma letal e é por isso que disserto sobre o AAV a seguir.
Manoel Serapião acaba de regressar de Amsterdã, onde participou dia 18 deste mês da reunião do Painel Técnico Consultivo da Internacional Board – IFAB, representando legitimamente a Confederação Sul Americana de Futebol e a CBF, onde foi debatido e aprovado definitivamente o seu projeto Arbitro Assistente de Vídeo — AAV.
Tal projeto objetiva tão somente corrigir erros claros e inequívocos de arbitragens em lances de gols e pênaltis marcados e não marcados e de ações disciplinares graves, pois são esses erros que podem alterar os resultados de jogos — lances de gol entende-se impedido ou não.
— Em seu último jogo pela Copa do Brasil na Fonte Nova, o Bahia, provavelmente, não teria sido desclassificado se o AAV estivesse em ação – só para ilustrar melhor.
A atual forma de arbitragem apenas sofreria pequenos ajustes; as intervenções do “AAV” seriam em 90% das vezes com o jogo já parado. Os erros seriam corrigidos com muita rapidez e toda a dinâmica e a essência do futebol seriam preservadas — inclusive, o próprio árbitro.
Importante salientar que, além disso, o AAV usaria as mesmas imagens de TV geradas para o público, com imediato replay, tornaria o processo acessível universalmente, ou seja, tanto no mundo do futebol “rico” como do futebol “pobre”.
O projeto de Serapião, embora seu conteúdo haja sido integralmente recepcionado, sofrerá prejuízo em razão do protocolo elaborado pela IFAB, em que pese a elevada competência de seus integrantes, pois há mais exigências burocráticas do que diretrizes objetivas, ao contrário do que ocorre no projeto Serapião, já que nele há clara indicação dos lances, da forma e do momento em que o AAV deve atuar.
O protocolo agregará ao AAV lances de interpretação, o que obrigará o próprio árbitro a recorrer a um monitor e, também, lhe dará o direito de conferir os lances claros e inequívocos, de modo que a essência e a dinâmica do futebol serão fatalmente atingidas, porque o jogo se tornará chato com tantas paralisações a cada dúvida simples, além de caríssimo, o que não ocorreria se a IFAB não agregasse tanta burocracia ao AAV.
É bom dizer que não são os erros em lances de interpretação a causa do grande clamor público para o uso de tecnologia nas arbitragens. O que o mundo do futebol pretende é evitar erros claros/inequívocos que, logicamente, não dependem de interpretação.
Além do mais, a exigência de tecnologia de ponta poderá conduzir o projeto ao mesmo abismo em que a tecnologia de gol introduzida pela FIFA foi levada. Isto porque de tão cara e sofisticada, tal tecnologia não está sendo usada nem pelos centros mais ricos.
Tem mais da aprovação em Amsterdã: O prazo estabelecido para os treinamentos – até o fim de 2016 — é muito elástico, apesar de o número de jogos estabelecido ser alcançável em apenas dois ou três meses, o que gera conflito entre a norma e a prática.
Diante desse quadro, a pergunta certa é se Serapião estaria equivocado ao desejar tornar fácil o que seria complexo por natureza. Se fosse aprovado pura e simplesmente o AAV, a universalização seria natural, porque o custo do Árbitro de Vídeo seria mínimo. Porém, com o protocolo da IFAB, eu diria que o projeto não se sustentará agregado por ser caro e complexo, excessivamente.
O “AAV”, que deve ser árbitro experiente e que atuará nos estritos limites legais, além de perceber tais lances, também saberá distinguir se houve, por exemplo, mão ostensivamente deliberada; se a disputa pela bola depende de interpretação ou se foi claramente legal ou faltosa, de modo a lhe exigir que informe ao árbitro de seu erro para que a devida correção seja feita imediatamente.
Daí a completa desnecessidade de o árbitro conferir as imagens, pois a correção de erros em tais lances não diminuirá sua autoridade, até porque a autoridade que a regra atribui a um árbitro não é para elevar seu ego, mas para legitimar suas decisões.
Por fim, o avanço existe, poderia ser melhor se fosse mais acessível ao futebol como um todo planetário. Mas, como diz Serapião, “o pouco que tivermos amanhã será muito se comparado ao nada que temos hoje!”.
PALESTRA
Manoel Serapião Filho, que é Diretor técnico da ENAF-CBF, Representante da Conmebol e da CBF no TAP/IPAF, instrutor FIFA, estará ministrando uma palestra no SESC do Aquidabã, em Salvador, no dia 23/05/016. Ingresso custará apenas 1kg de alimento não perecível.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.