A ausência de público nos jogos do Bahia na Fonte Nova não está estritamente presa à questão ingressos, mas sim aos preços de tudo que se consome dentro do estádio. Um copo dágua de 200 ml custar R$ 2,00 é qualquer coisa de excepcional. O cidadão que for acompanhado da esposa e mais um ou dois filhos ao estádio, não gastará nada inferior a R$ 150,00, só para exemplificar a exploração que afasta do estádio o torcedor.
Então, não é o ingresso isoladamente o vilão do enredo, é o conjunto da obra. Não é justo o Bahia ser penalizado enquanto outros serviços e a própria Fonte Nova Negócios se beneficiam à custa do Tricolor e sabe-se lá mais a quem isto traz benefícios. São essas coisas que precisam ser tratadas de outra forma, com mais clarividência e sem o protecionismo que, suponho, exista para quem explora os bares e serviços lá dentro.
Vou me ater ao vilão principal por ser necessariamente um item indispensável para quem vai ao estádio. Quanto custa um copinho dágua para quem o adquire no atacado? Vinte centavos? Não creio que seja tudo isso, mas admitamos que assim seja. Agora, vende-lo por dois reais, não assusta o consumidor? Acho que simplesmente o espanta… Se em números absolutos o copinho dágua já aterroriza, imagine em números relativos, que é como essa continha deve ser feita…
Falo do preço da água por ser um item vital e consequentemente indispensável, mas o restante que faz parte do prazer de se estar no estádio torna-se difícil para a maioria e impossível para aqueles de poder aquisitivo sofrível que vai com o ingresso e mais quaisquer 10 reais.
Um futebol que possui um calendário para beneficiar a Televisão, em detrimento da qualidade do espetáculo e do torcedor, respectivamente, com jogos as quartas e domingos, se quiser público fiel tem que peitar os respectivos consórcios administradores dessas arenas caríssimas e exigir preços dos serviços internos de acordo com a realidade econômica do torcedor brasileiro, especialmente o nordestino.
Não vejo nenhuma inteligência nos dirigentes de clubes quando resolvem diminuir drasticamente o preço do ingresso. Pelo contrário, vejo é desespero e irresponsabilidade para com os clubes que dirigem, ou submissão diante dos consórcios que administram esses novos estádios. Se for para negociar com as administrações dessas arenas, então que não se negocie somente o ingresso, mas tudo que encarece e sacrifica a razão de existir dessas arenas, o torcedor…
Faço ressalva apenas para os casos em que o clube é dono do estádio. Aí é diferente, porque ele mesmo ajusta as suas necessidades de acordo com ocasiões.
É imperativa uma redução ponderada nos atuais preços praticados nessas novas praças de esporte, de cabo a rabo, revendo contratos de concessão de serviços, preços dos ingressos, bebidas, lanches, estacionamento etc., porque assim todos ganharão no volume do negócio já que os estádios estarão sempre cheios, ou próximos disso. Uma coisa é 100% de nada, outra bem diferente é 1% de quase tudo. A margem de lucro das grandes empresas é embasada no volume e na relatividade dos valores, não nos valores absolutos, como parece ser a filosofia desses consórcios que administram estádios.
Se junta a tudo isso, que já é bem complexo, times de futebol irritantes pela deficiência de qualidade, e os maus dirigentes que infestam o esporte predileto do Brasil, chega-se à equação simples e objetiva dessas dificuldades; ou mudam-se os conceitos operacionais, e enxerga-se o torcedor como parceiro do negócio, ou a tendência deste será ficar comendo pipoca em casa, em frente à TV.
SALÁRIOS
Vejo que há certa timidez por parte da presidência do Bahia em atualizar publicamente a folha salarial dos funcionários mais graduados. Isso mesmo, o salário de cada um deles. Uns dizem ser a favor da divulgação, outros se dizem contra. Eu acho que devem, sim, ser divulgados os valores, já que o discurso de campanha eleitoral da atual diretoria era a transparência. Ou será que a tal caixa preta só era coisa do demônio no passado, e agora, virou anjo de guarda?
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