O torcedor baiano tem que aturar como sócio indesejado do seu clube uma entidade dita esportiva que confisca 5%- isso mesmo, cinco por cento!- do faturamento bruto de bilheteria sob a rubrica de Federação Local de todo e qualquer jogo que seu clube participe. Isso significa que daquele ingresso pelo qual você pagou R$60,00 pra ver o Bahia golear o Jequié, R$3,00 foram pra essa conta da FBF. Tá feliz com isso, torcedor?
Quando temos um sócio, esperamos que esse sócio contribua com o crescimento de nosso negócio. Esperamos que nosso sócio acrescente ao nosso negócio o suficiente para que na hora da divisão dos lucros, não nos reste menos do que restaria se esse sócio não participasse dos negócios, não é assim? Muito pelo contrário, nos associamos em busca de lucrar mais!
Em nosso negócio, se lucramos mil sozinhos, aceitamos um novo parceiro em nosso negócio com o objetivo de que ele lucre e que você passe a lucrar mais do que os mil que você já lucrava. Isso é bem simples de se entender!
Falando especificamente do Bahia- mas isso vale para todos os clubes baianos-, temos um sócio que nos confisca 5% do faturamento bruto de todos os nossos jogos como mandantes e nos entrega o quê, em retorno de faturamento ou fomento de nossa competitividade? Nos entregada nada! Muito pelo contrário, nos entrega um campeonato baiano em que um clube foge como galinhas e sai praticamente impune de um julgamento em duas instâncias!
Os clubes do futebol baiano têm- todos eles-, além desse, alguns outros sócios que lhes confiscam um parte da bilheteria bruta de todos os jogos que participam e que também não lhes dão retorno adequado- para não dizer retorno nenhum– em aumento do faturamento, visibilidade, em fomento ao desenvolvimento do esporte e muito menos em condições de crescimento para competir sequer com praças análogas no Brasil, quiçá com centros mais avançados.
O principal e mais voraz destes sócios é a própria FBF, entretanto, analisando o borderô dos jogos do campeonato baiano, percebemos que a FBF não é o único sócio indesejado, temos também a ABCD (Associação Baiana de Cronistas Desportivos), uma tal de FACIM que eu nem sei o que é- quem souber explique nos comentários, por favor -, quadro móvel, arbitragem e clubes menores que Bahia e galinhas ainda têm que pagar 3% para um fundo de ajuda aos representantes baianos na série D.
Para ilustrar nossa situação em relação a outros centros, fiz uma análise do borderô de um jogo do campeonato baiano entre clubes do interior (Fluminense de Feira x Atlântico) e comparei ao borderô de um jogo análogo do campeonato carioca (Macaé x Bagu) cujo resumo segue abaixo (literalmente ladeira abaixo para o futebol baiano).
No jogo dos baianos, 1.968 torcedores pagaram ingressos, enquanto no carioca pagaram ingressos apenas 540 torcedores. No jogo baiano, a renda de bilheteria foi de R$20.020,00 e a FBF confiscou R$1.010,00 na rubrica Federação Local, R$404,00 na rubrica FACIM, R$1.708,00 no quadro móvel FBF e R$606,00 com a taxa da série D. No final das contas – descontadas outras taxas e impostos-, de uma renda de R$20.020,00, o Fluminense ficou com apenas R$ 1.918,00 de renda líquida! Quase igual ao seu sócio indesejado, na taxa de federação local, que papou R$1.010,00.
Enquanto isso, no jogo carioca, a renda com bilheteria foi de R$6 mil e a FFERJ nada confiscou na rubrica de taxa da FERJ. Além disso, a FERJ nada confiscou de taxa de série D, associação de cronistas, quadro móvel e outras taxas.
Agora pasme com o que há de saber, torcedor! Dessa renda com bilheteria de R$6mil, o Macaé, mandante do jogo, ficou com R$5.350,00, valor quase 5 vezes maior que o do Fluminense de Feira. Mas, não fica só nisso, a cota de TV do Macaé foi de aproximadamente R$240 mil! Ou seja, a federação carioca efetivamente ajuda e dá retorno no desenvolvimento do futebol local sem cobrar taxas por isso e dando visibilidade e retorno de faturamento a seus clubes.
Deixo a reflexão com o torcedor sobre o papel da FBF no desenvolvimento do futebol baiano, que vem sofrendo com essa gestão amadora que se perpetua há quase duas décadas. Quais os benefícios, projetos e ideias que ela tem trazido ao longo desses anos? Quanto o Bahia tem gasto em despesas para manter esse sócio indesejado? Que retornos em termos de financeiros, de visibilidade e de competitividade essa federação nos tem dado? E para o futebol baiano, em que a FBF tem contribuído? Vale a pena manter esse estado de coisas? Quais nossas perspectivas se isso for mantido? Esse sócio indesejado precisa passar por uma reformulação?
Uma coisa eu posso afirmar, quanto mais eu me aprofundo no conhecimento sobre o funcionamento do futebol e da federação baiana, mais eu me convenço de que já passou da hora do torcedor de todos os clubes intervirem nessa FBF anacrônica e fazerem uma revolução em seus institutos democráticos tal qual a torcida do Bahia fez no nosso clube.
xxx
O grupo 100% Bahia se engajou nessa luta por mudança e está divulgando uma camisa que pede a mudança na FBF. Apesar de não fazer parte do grupo, eu apoio a ideia!
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