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Coluna

Cássio Nascimento
Publicada em 09/12/2019 às 11h43

Feliz ano velho (Parte 2)

Ainda na esteira da revoltante desclassificação do Bahia para a zona da Libertadores, seguimos na segunda parte desta série, desta vez disposta em temas em vez do formato crônica:

BRASILEIRO SÉRIE A 2020

A Região Nordeste apresentou bom desempenho em 2019 como um todo, tendo apenas uma baixa, a do CSA. Contudo, os alagoanos não fizeram tão feio, com um time de série B porém aguerrido, ganhando experiência e perspectivas para o futuro. Terá a primeirona o reforço do tradicionalíssimo Sport, juntamente ao Bahia e à maior dupla cearense. Quanto aos conterrâneos de Iracema, a esperança de honrar o nome da nossa Região contra a onda flamenguizadora que provavelmente virá em cinco a dez anos. Para o ano que vem, as maiores forças do G12 deverão se articular para tomar a hegemonia do Urubu carioca, especialmente o Palmeiras dos banqueiros e o Santos de Sampaoli. O Corinthians, endividado e na alça de mira do governo, deve levar à interrupção do incipiente processo de espanholização do futebol brasileiro, devido a esperada perda de rendimento.

Quanto ao Bahia, depois do inaceitável vexame, este deverá cumprir a sua sina de escravo voluntário de um orçamento acomodante e apequenador, a não ser que aconteça um milagre. Nem preciso dizer que um outro time azul, vermelho e branco do Nordeste tinha menos orçamento e ficou à nossa frente, para calar a boca de dirigentes inertes e treinadores abúlicos.

Reestruturação vem de dentro para fora e não de fora para dentro. O Bahia pode e deve manter a filosofia de salários em dia, profissionalização da gestão e recuperação patrimonial e institucional. Contudo, o futebol é seu carro chefe, e ainda necessita manter um padrão mínimo de competitividade. A frustração do torcedor em 2019 não é uma mera consequência do excesso de expectativa: ok, entramos no campeonato, como sempre, visando não cair, mas janelas de oportunidade devem ser aproveitadas independentemente dos objetivos iniciais. O elenco, tendo ido além do que se esperava, tinha a obrigação de fazer mais – uma ex-presidente da República, inclusive, definiu bem o que é bater meta e dobrar meta do alto de sua dislexia, apesar de quase ninguém ter entendido o que ela disse.

CIDADE TRICOLOR E PITUAÇU

Um dos pilares da reconstrução de um clube de futebol é definir seu patrimônio e sua estrutura física. O modelo de clube social do passado, tornado obsoleto pela mudança do padrão de lazer e entretenimento, deu lugar a um modelo mais enxuto, centrado e focado. Não clamamos, aqui, pela volta das suntuosas sedes sociais, mas pelo estabelecimento de uma sede própria e estrutura de formação de atletas. A Cidade Tricolor não é uma conquista de um gestor em específico, mas algo paulatinamente construído e melhorado. Apesar de seu idealizador ter sido uma figura demonizada pela torcida, gestores subsequentes garantiram a segurança jurídica do negócio e mantiveram o Fazendão. O atual CT, obsoleto e cercado pela gray zone entre Salvador e Lauro de Freitas poderá garantir dividendos e/ou possíveis permutas com terrenos e/ou outras estruturas de nosso interesse.

O decantado Atlético Paranaense, o São Paulo Futebol Clube e o nosso maior rival são exemplos do quão importante é definir essa questão de patrimônio: o clube de Curitiba deixou de usar o hoje privatizado Estádio do Pinheirão, voltou a usar seu velho campo em área residencial, investiu no mesmo, apesar das dificuldades de espaço em seu entorno, e promoveu a viabilização do chamado CT do Caju – o resultado:  em menos de 10 anos um título brasileiro e a consolidação como clube de Série A. Quanto ao clube do Morumbi, necessitou passar treze anos sem títulos paulistas para consolidar o palco de suas três Libertadores e mundiais; e dos seus seis brasileiros. O rival de Canabrava, por sua vez, saiu do estágio de semiamadorismo para a profissionalização após reformar e efetivar sua pocilga seu estádio e o respectivo entorno, angariando mais campeonatos baianos do que o Bahia em uma década.

Nessa esteira, não obstante os benefícios que advirão com a Cidade Tricolor (que deverá ser referência na formação de atletas, o que praticamente inexiste a contento hoje), seria importante também um campo de jogo que garantisse, pelo menos, o não-prejuízo em jogos menores. Refiro-me ao Estádio de Pituaçu.

Com a intenção do Governo do Estado em privatizar o velho Roberto Santos, acredito que o Bahia tem a obrigação de participar de eventual certame licitatório para tal finalidade. Sei que é polêmico, e que alguns torcedores bradarão contra tal ideia – tanto pela questão financeira quanto pelo apego à Fonte Nova. Contudo, considerando a exiguidade territorial de Salvador, não podemos nos dar ao luxo de cometer o mesmo erro que cometemos nos anos 70. A Fonte Nova, em local privilegiado, possui padrão excessivamente dispendioso para enfrentar ypirangas e juazeirenses, reservando-se a Fonte para grandes jogos e clássicos. Aos que dizem que Salvador não comportaria tanto estádio, convido-os a conhecer Curitiba, especialmente o Couto Pereira, Pinheirão, Vila Capanema, Vila Olímpica e Arena da Baixada – todos estádios que recebem ou receberam jogos de Série A, numa cidade com metade da população de Salvador.

Enfrentará o Bahia, em busca de Pituaçu, a concorrência de grandes empresários e do próprio rival, que fará tudo para melar o negócio mediante participação própria ou de laranjas. Dinheiro se consegue, e o retorno é garantido – inclusive a venda do terreno do Fazendão poderá render um bom capital. Isto é uma forma de ser ousado.

POLÍTICA PARTIDÁRIA X PRESIDÊNCIA DO BAHIA

Vejo como inevitável o assédio das forças políticas em um clube de massa, e também vejo como natural que um dirigente tricolor seja convidado para participar da mesma política. Os sócios elegeram Belintani sabendo que o mesmo é envolvido nessa atividade, e a torcida mais esclarecida sabia, também, de suas intenções de disputar a prefeitura de Salvador antes de assumir o Bahia. Enfim, impossível tornar o Bahia asséptico a isto tudo. Só existe uma pessoa capaz de tentar, pelo menos, dificultar tal assédio: o sócio, extensivo a toda a torcida.

Não vejo a possível candidatura como causa premente da queda de rendimento do Bahia, e sim uma concausa, pois a falta de foco certamente leva o gestor a não intervir em certos problemas quando necessário.

De qualquer modo, o modelo de jovens empresários e empreendedores no comando do Bahia parece dar sinais de cansaço, e o torcedor pode, ao seu gosto, prospectar novos modelos e propostas. Não vemos, no momento, uma oposição no Bahia que seja propositiva em vez de focada na desconstrução da personalidade dos seus adversários, o que aguardamos aparecer. Esperamos que novos modelos sejam testados, mas que a responsabilidade administrativa seja minimamente preservada.

O caso de Belintani não é inédito no futebol brasileiro, tendo havido precedentes no próprio Bahia, que já “fez” deputados estaduais, federais e – por tabela – conselheiros vitalícios de Cortes de Contas. Vicente Matheus e Andrés Sanchez, do Corinthians; e Alexandre Kalil, do Galo mineiro, são exemplos do quanto o futebol pode ser trampolim para candidaturas, especialmente em clubes populares. Cabe uma observação ao prefeito belo-horizontino, o qual, por óbvio, foi eleito por cruzeirenses, americanos e atleticanos, e já chegou a 73% de aprovação em recente pesquisa na capital mineira. O político é eleito porque alguém votou nele e ponto: que o torcedor entenda isso de uma vez.

Saudações Tricolores!

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