é goleada tricolor na internet
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Publicada em 10 de agosto de 2015 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Filosofia de boteco

Em vários botecos do Brasil, é comum encontrar tabuletas pregadas nas paredes contendo verdadeiras pérolas de sabedoria, do tipo “fiado só amanhã”, “fiado só para maiores de noventa anos acompanhados dos pais” e “não fale em crise, trabalhe”. Frases que compõem o folclore do nosso vasto país.

Não fale em crise, trabalhe. Ao povão, a arraia-miúda, não resta outra alternativa, mesmo que recheada de reclamações e impropérios à desgastada presidente da República e seu séquito de corsários companheiros de partido. Quando as contas de luz vem majoradas, quando os juros do cartão de crédito e dos empréstimos aumentam, heróis viram vilões; e desejos, ameaças e bravatas ameaçando a classe política de morte passam a ser lugar-comum, ao contrário de antes, quando uma explosão de consumo tomou conta do país e o Estado foi bastante aparelhado e ao mesmo tempo saqueado. Vamo batê panela! Quando perdemos de 4×1 para o maior rival, nada presta porque somos isso: enxergamos apenas o que está à nossa frente.

Não fale em crise, trabalhe. Uma pequena massa de privilegiados passa ao largo da crise, apenas reclamando do preço do dólar que impede uns e outros de viajarem a Miami com frequência. Os donos do capital, por sua vez, põem as cartas na mesa e ditam regras, financiando a linha de frente midiática que diz clamar por um país diferente (e devoto do Deus Mercado, why not?). Enfim, esse é o jogo democrático num país capitalista, sim senhor.

Depois de tantas contratações, o Bahia aos poucos se desfaz de alguns jogadores como o controverso Titi e a revelação (em má fase) Bruno Paulista. Torcedores indignados nas redes sociais reclamam dos termos da transação deste último a um clube português. Mesmo em má fase, o jovem de 19 anos tem qualidades que talvez pudessem ser lapidadas em mais alguns poucos anos (e até valorizar mais ainda seu “passe”). Titi recebia altos vencimentos e possui uma parcela da torcida chateada com o mesmo após suposta conspiração que terminou em goleada contra o rival de Canabrava. Há outro jogador na ativa com alto salário e pouca produtividade, como o primo de Messi.

A crise também bateu às portas do Internacional. O colorado gaúcho, com folha de pagamento 5 ou 6 vezes maior que a do tricolor baiano, levou um coco do maior rival o qual jamais será esquecido, e que certamente torna programas de sócios e títulos conquistados algo irrelevante no momento. Já se fala, no aterro da Padre Cacique, em enxugamento de folha. Cabeças devem rolar nas próximas horas Guaíba adentro. Desespero ou não, o momento é de reflexão no clube vermelho.

Por falar em Rio Grande do Sul, os servidores públicos daquele Estado devem estar procurando o resto do seu suado dinheiro nas Lojas Tumelero, conforme “prometido” pelo governador local em campanha eleitoral. Depois de tanta prodigalidade, cometida por sucessivos governantes, para com as contas do rico e industrializado Estado, a culpa é sempre de quem está no poder. E de certa forma é. Também.

Prodigalidade não cabe mais no futebol brasileiro dos 7×1 e do país mais uma “eterna” crise. Governo Federal acertou em estabilizar a economia, errou em deixar o Erário sangrar tanto. Governou para o povo quando tirou milhões da pobreza; mas deixou o setor produtivo sangrar junto e com ele a economia.

Esporte Clube Bahia contratava 30, 40 jogadores por ano, alguns talvez até “de favor”. Hoje ainda contrata bastante, embora em quantidade bem menor. Apostou na base, mas a base às vezes não resolve. Não tem dinheiro, chama um mais ou menos para compor elenco. Vejo que o Bahia, com a base baseada na base, tem tirado leite de pedra nesta série B, porém permanece instável e provoca temor em relação ao acesso. Boa coisa é vencer o Boa de goleada, pois dá mais moral… que assim permaneça.

Por um lado, o nosso clube demonstra preocupação com o equilíbrio financeiro e orçamentário; por outro, ainda segue o mesmo padrão de contrata-descontrata e de vender jovens revelações ao mercado externo a preços módicos. Quando esse padrão acabará, não se sabe. Pelo menos, assim como Gabriel foi para o Flamengo, Paulista foi direto pra zoropa em clube grande.

A venda do Paulista, ao meu ver, foi precoce e aparentemente precipitada, e num clube cheio de dívidas tributárias e trabalhistas (desta e de outras gestões), o valor arrecadado mal dará para quitar uns meses de folha de pagamento até o final do ano. Uns dirão que o Presidente Apóstrofo está destruindo o clube; outros dirão que não havia escolha. Será? Uma coisa é certa: essa responsabilidade é de quem está no poder também.

Não falemos em crise por falar, pois ela está à nossa porta e no nosso bolso, e o futebol brasileiro está vivendo uma das maiores crises de sua história. Agora é preciso achar uma alternativa para sair desse padrão pródigo e/ou corrupto. Quem teria essa alternativa? A oposição política (do clube e do país)? Os patrocinadores do clube? As grandes empresas e empresários brasileiros? A hora de discutir o assunto é esta, sem partidarismos ou grupismos.

O presidente Apóstrofo não sofre acusações de improbidade como a presidente Dilma, porém tem dificuldades em resgatar a saúde financeira do clube haja vista os últimos acontecimentos. É preciso trabalhar duro para achar uma verdadeira mudança. Se o acesso vier com esta equipe, terá sido um feito a ser muito comemorado; mas o problema é o dia seguinte. Depois da queda dos saqueadores da nação brasileira e seus companheiros de partido ou coligação, o Brasil será um país melhor? Em paralelo aos panelaços, temos uma boa oportunidade de rever nossos conceitos e condutas enquanto cidadão. Não é porque eu “estudo e trabalho” que isso me basta. Tá na hora de passar às próximas gerações a importância de se fazer diferente. Tá na hora do pessoal do Bahia refletir sobre como se preparar para disputar uma série A, a fim de não cair novamente. Pelo menos tão cedo.

Saudações Tricolores!

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