Prezados amigos e amigas tricolores, boa noite!
Hoje mais uma vez iremos relembrar um jogo histórico.
Sabemos que a história do Bahia é repleta de gols marcados nos acréscimos das partidas. São inúmeros gols importantíssimos anotados nos minutos finais.
Torcedores costumam dizer que há uma padroeira chamada Nossa Senhora Tricolina, que sempre nos abençoa nos últimos suspiros dos jogos.
O mais emblemático desses gols talvez tenha sido o de Raudinei, marcado frente ao nosso maior rival, em uma final de campeonato baiano que na época tinha um peso muito maior do que o atual.
Porém, há dois anos vivenciávamos na Fonte Nova mais um momento de êxtase total por um gol marcado nos acréscimos de uma partida importantíssima.
Bahia e Sampaio Corrêa era o duelo daquela noite de terça – feira. Partida essa que era de suma importância para as pretenções de acesso do tricolor naquela série B. Já para o Sampaio definiria a sua permanência na segundona ou rebaixamento para a terceira divisão.
Fonte Nova registrava mais um excelente público com mais de 36 mil tricolores sedentos pela volta à elite do futebol brasileiro e ainda a possibilidade de assumir a vice liderança ocupada pelo Vasco da Gama.
Eu particularmente fui ao jogo com mais dois amigos na maior empolgação. O menos empolgado apostou em um 4 x 0 para o Bahia. Paramos para tomar umas na ladeira da Fonte e encontrei um grande amigo que atende pelo apelido de Calculino (todo ano ele faz cálculos para saber perspectiva do Bahia nos campeonatos).
Pois bem, cerveja vai, cerveja vem, muita resenha e do nada Calculino larga: “esse jogo vai ser 1 x 0 Bahia! Vai ser ferrado!” Confesso que ri muito da cara dele, chamei de corneteiro e partimos em direção às arquibancadas.
Começa o jogo e o Bahia parte para cima do Sampaio naquela pressão costumeira de quem joga em casa, mas sem muita efetividade. Vítor Rangel (bate na madeira 3x) perdeu umas duas chances claras de gols e o Sampaio pouco assustava, com um futebol atordoado, típico de quem brigava para não cair.
O tempo foi passando e a euforia foi se transformando em ansiedade, que piorou quando o volante Juninho, talvez o nosso principal jogador naquele campeonato sai de campo aos prantos por uma contusão.
A ansiedade foi virando raiva, pois o ataque do Esquadrão seguia muito mal na partida, principalmente com Hernane Brocador, que vivia um jejum de 700 minutos sem gols e parecia que duraria mais alguns com diversas chances claras perdidas pelo atacante.
Para terminar de angustiar mais ainda o torcedor tricolor, o Sampaio ainda perdeu uma chance claríssima de gol e aí a raiva deu lugar ao completo desespero. Surreal! O Bahia não estava conseguindo vencer um dos piores times do campeonato dentro de casa e dava indícios de que morreria mais uma vez pelo caminho, assim como no ano anterior.
Para piorar, o Náutico abria o placar contra o Goiás, resultado que tirava o Bahia do G4. Mas Calculino falou que ia ser 1 x 0 ferrado, né?!
Pois bem, aos 47 do segundo tempo Renê Jr controla a bola pelo meio de campo e dá um passe longo e rasteiro para o zagueiro Tiago que se arriscava desesperadamente ao ataque. O capitão tricolor encarna o brilhantismo dos maiores meias da história do futebol e dá um passe milimétrico de calcanhar que encontra Hernane no caminho do gol.
O Brocador fica cara a cara com o goleiro e ali o mundo congela. Chuta, não chuta. Chuta, não chuta. Chuta, não chuta. Foram os segundos mais demorados da vida de todo torcedor do Bahia. Todos pediam e esperavam por um chute forte colocado ou por um drible que deixaria o goleiro vendido, mas para surpresa de todos o Brocador dá um lindo toque de cobertura por cima do goleiro e a bola vai morrer lentamente no fundo das redes do Sampaio. Bahia 1 x 0 e muita festa nas arquibancadas! Era o ansiolítico que precisávamos para curar aquela crise de ansiedade.
Existem três coisas nesse jogo que marcam a memória do torcedor tricolor. A primeira é a cena dos jogadores correndo desesperadamente em direção a Hernane para comemorar o gol, a segunda é a emoção e o choro de Juninho que assistia ao jogo sentado no chão com uma bolsa de gelo no tornozelo e a terceira é uma narração que diz:
“Vai Hernane, vai Hernane, vai Hernane, broca Brocador! Broca Brocador! Broca Brocador!”
Saudações tricolores.
BBMP!
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