Meus Amigos,
Ontem, para um público de pouco mais de 15 mil pessoas, o Bahia finalmente fez um jogo convincente, de muita entrega e luta, batendo o Nacional do Paraguai, pela Copa Sulamericana por 3×0.
Se nas partidas anteriores as principais críticas recaíram sobre a forma displicente de atuar da equipe de Roger Machado, o que se viu na Fonte Nova foi uma equipe ligada na partida, querendo mostrar sua capacidade de construção e definição. Óbvio que nada mudou da água para o vinho, mas a mudança de postura é um alento para a torcida acreditar que 2020 será um ano especial.
Apesar dos pontos positivos, cumpre salientar que as dificuldades das outras partidas para criação das jogadas se repetiu durante parte do 1. tempo. A saída de Daniel para a entrada de Rossi melhorou o setor direito do ataque, visto que o camisa 11 introduziu mais agressividade nas jogadas daquele setor, mas não modificou a principal carência da equipe: A falta de jogadas pelo meio. Roger Machado optou por um esquema semelhante à um 424, variando desde um 442 para um 2422, com duplas pelos lados do campo e basicamente os volantes com a função de municiar estas peças. Élber foi deslocado para o meio do ataque, muito mais próximo de Gilberto, o que causou um buraco no meio campo ofensivo em boa parte do confronto.
Cumpre ressaltar também a bela partida de Anderson. Chamado para o lugar de Douglas (que saiu aplaudido hoje após o aquecimento inicial), não tremeu com a chance, sendo o comandante da defesa em diversos momentos. E ainda salvou o clube quando a partida estava 0x0. Aos 13 minutos, Franco, bom camisa 23 do time paraguaio (alô DADE, VAMOS OBSERVAR), entrou sozinho e chutou na saída do veterano arqueiro que defendeu muito bem, impedindo mais uma noite de lamúrias do torcedor tricolor.
O ponto de virada do jogo, que fez a torcida e o time inflamarem, foi quando Gregore dividiu 3 vezes no mesmo lance, numa demonstração absurda de técnica, força e raça, recuperando a bola na entrada da área tricolor e levando até a intermediária adversária. Esse momento mudou o jogo, pois os jogadores passaram a acreditar mais e a torcida que estava reticente começou a apoiar sem parar. Tanto que o gol não demorou a acontecer. Se antes Élber tinha feito uma boa jogada que o goleiro defendeu, Rossi e principalmente Flávio fizeram uma lindíssima jogada que Gilberto concluiu. Bahia 1×0.
Importante destacar que, se cobrávamos uma maior participação dos volantes na construção do jogo é porque acreditamos no potencial destes atletas. Venho insistentemente destacando que a falta de meias ou pontas que se aproximam para uma tabela e que “pisam na área” tem sido um erro do conceito de jogo adotado e que precisava ser corrigido com urgência. E neste lance Flávio fez isso. Se aproximou de Rossi, serviu o camisa 11 de calcanhar abrindo um buraco na defesa adversária com esta movimentação. Quem faz um movimento desses tem qualidade para fazer com muito mais frequência. O maior equívoco dos nossos volantes é não acreditar que podem e devem ser protagonistas do jogo também na parte ofensiva.
Tudo que vem sendo descrito até o presente momento por este que vos escreve se confirma com o segundo gol do Bahia. Gregore pegou um rebote na entrada da área e finalizou com muita categoria e felicidade. Golaço, com todas as letras. Vale ressaltar que nós vinhamos cobrando um chute a gol de fora da área faz tempo. Nossos volantes precisam usar este jogo como referência para entender a função deles no campo. Os volantes hoje são os primeiros construtores de jogo, muitas vezes com a capacidade de finalização de fora da área ou penetração surpresa (lá ele) no ataque, confundindo o adversário.
Na segunda etapa, com a mudança tática de Élber e Clayson, o time tricolor continuou sufocando o adversário, para matar a eliminatória neste primeiro jogo. O camisa 25 melhorou, participando mais da partida, distribuindo bem a bola. E numa destas bolas trabalhadas, achou Gilberto na frente. Com um belo passe por elevação (algo raro de se ver no futebol brasileiro), Gilberto entrou livre na área e bateu cruzado. O arqueiro paraguaio defendeu e no rebote Élber completou. 3×0 com toda a justiça.
Após o terceiro gol, Roger Machado promoveu alterações na equipe. Tirou Clayson (que eu não teria tirado, pois vinha evoluindo bem), colocando Arthur Caíke, voltando ao 442 original. O camisa 18 teve no mínimo 3 oportunidades claras de ampliar o placar, mas por soberba, preguiça ou desídia perdeu todas as oportunidades. Depois, Jadson e Fernandão entraram para mudar novamente o esquema tático, voltando para um 433 tradicional, com o claro intuito de controlar o jogo e evitar riscos de perder a vantagem obtiva.
O time fez um reset necessário, jogando com muita transpiração e entrega. As falhas apontadas não diminuem o belo resultado. Que seja o início da evolução que todos queremos. E essa evolução passará, necessariamente pela mudança na forma dos nossos volantes jogarem. BBMP!!!
Anderson – Foi fundamental no resultado. Todas as suas intervenções foram importantíssimas e impediram a Fonte Nova de ser um caldeirão negativo para o time. Merece continuar como titular, até por justiça com o profissional.
João Pedro – Uma partida interessante. Foi menos ofensivo do que o esperado, só que foi importante para o início das jogadas ofensivas.
Lucas Fonseca – Partida simples mas objetiva. Zagueirou quando foi necessário. Importante essa mudança de postura.
Juninho – Jogo regular, com bons desarmes e cortes.
Capixaba – Buscou apoiar o ataque, fazendo dobras com Clayson e Elber.
Gregore – Melhor em campo. Não só pelo gol, mas pela forma como jogou, com raça e entrega. Uma partida muito acima das anteriores.
Flávio – Fez um jogo melhor, com um lindo passe para Rossi assistir Gilberto. Precisa acreditar mais em seu futebol, acreditar que pode fazer mais ofensivamente.
Élber – Novamente fez partida muito intensa, buscando jogar mais perto de Gilberto. Um início de ano muito bom.
Clayson – No primeiro tempo fez um jogo pobre, basicamente na esquerda e sendo pouco efetivo. Na segunda etapa ele melhorou bastante, quando passou a flutuar pelo meio e conseguiu um belo passe para Gilberto.
Gilberto – Mais móvel, conseguiu definir bem as bolas que chegaram. Claramente ficou mais confortável com um parceiro de ataque. Fez um gol de centroavante.
Rossi – Melhorou muito o lado direito ofensivo do time. Uma atuação que o mantém como titular.
Jadson – Entrou e fechou o meio. Pareceu ter maior mobilidade e pode ser uma peça interessante, quando precisarmos de um meio mais forte.
Arthur Caike – Entrou teve tudo para se consagrar, mas perdeu muitas chances. Parece fora de sintonia e desmotivado.
Fernandão – Entrou e pouco produziu. Pelo menos lutou e conseguiu algumas vantagens ofensivas. Precisa fazer um gol, para renovar a confiança. Está visivelmente mais magro.
Roger Machado – Grande mudança de postura. Apesar das falhas táticas em parte do jogo, conseguiu transmitir mais energia aos seus comandados. Ademais, mudou a forma de jogar, sendo mais agressivo e conseguindo o resultado final com justiça.
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