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Publicada em 25 de novembro de 2009 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Monstros sagrados da bola

Para quem viu Marito, Léo, Alencar, Mário e Biriba num só ataque, ou mesmo no tempo de Natal, Douglas, Picolé, Fito e Peri, dá uma saudade das grandes! Cito apenas esses, mas a qualidade técnica dos jogadores das décadas final de 50 e início de 60, 70 e 80 talvez tenha sido a melhor. Como surgiam craques!

Sei que alguém vai lembrar de Sanfelipo, Zé Eduardo, Jorge Campos, Gilson Gênio, Jésum, Eliseu, Canhoteiro, Beijoca, Osni, Bobô etc… Eu também lembro. Olha, é muita coisa boa, só pra lembrar do Bahia. Mas é claro que não podemos deixar de citar nomes como André Catimba, Mário Sérgio, Gibira, Gilson Porto, Carlinhos Gonçalves, Valtinho, Nelson e outros saudosos craques de um tempo romântico no futebol da Bahia.

No resto do Brasil não era diferente, havia uma plêiade de monstros sagrados da bola, só craques, na acepção da palavra. Os ataques com cinco na frente, apenas o meia-esquerda ficava um pouco atrás para compor o meio-campo de dois jogadores. Só estou lembrando dos meias e atacantes, mas da defesa para o meio não era diferente em qualidade e estilo.

Hoje só existe laboratório de cinturas duras criados pela cultura do futebol europeu, que não sei porque o Brasil copiou. Os preparadores da base já não trabalham mais o talento natural do jovem, a arte cedeu campo para jogadores de porte físico elevado, a preferência desses “descobridores” de altura e do porte tipo “armário”. É incrível como não se trabalha mais no garoto o fundamento do drible, como se proíbe o jogador de desenvolver o seu talento, como se prepara bem o anti-craque em detrimento da arte prazerosa de Pelé e Garrincha…

Atualmente quem manda no pedaço são os empresários. Estes na volúpia pelo dinheiro estrangeiro forçam a barra na base do clube para que só revele jogadores de 1,80m de altura, mínimo exigido. Jogador baixinho só se for gênio. Se há um craque frente de zaga, por exemplo, abaixo da medida preferencial dos técnicos – esses grandes contribuintes para o declínio do futebol arte – e um jogador meia-boca com um porte físico acima de 1,80m, então o escolhido será este.

Deveria haver um código de ética a favor da arte, mas infelizmente isso pertence ao romantismo, futebol atualmente é negócio grande, é empresa rentável e funciona dentro do mais alto estilo europeu. Lamentavelmente, nesse cenário, o Brasil só aparece como celeiro exportador em detrimento da arte elegante de jogar bola.

Os treinadores brasileiros aprenderam a jogar com 4-4-2 e não raro 4-5-1… Isso é o que mata a arte, povoa-se o meio-campo e empobrece a técnica. Eles têm a culpa da decadência técnica do esporte das multidões. É a tal filosofia do “seo” Zezé Moreira, que pregava: “primeiro vamos empatar de 0x0, depois, se possível, ganhar de 1×0”. Veja que a idéia já vinha germinando desde épocas remotas. Telê Santana, como bom discípulo introduziu no futebol brasileiro a filosofia do mestre, aperfeiçoando-a, entretanto de forma moderna. Assim acabou com os pontas e criou um carrossel técnico em 1982.

Mas de certa forma Cláudio Coutinho, o futurista, foi o mais fiel introdutor do futebol europeu no Brasil ao criar “over-laping”, “ponto futuro” etc., para denominar as jogadas dos laterais com os pontas, ou dos laterais com os meias, que nada mais são que os alas de hoje. Aí está então um futebol pobre de habilidade e técnica, e pífio no exercício de encantar platéias.

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Certa vez escrevi sobre a Fonte Nova e dizia à época que tudo levava a crer que os políticos a transformariam em uma “pracinha”, onde certamente colocariam seus nomes. Como o Dique do Tororó está ali num casamento perfeito com a formosura da velha Fonte, então uma praça para namorados e crianças, com espaço para assaltantes e drogados, é claro, funcionaria melhor que um estádio. O Governador já sinalizou com a possibilidade de cancelar o projeto do novo estádio…

Também pudera, com essa sandice de uma nova arena na estrada Cia-Aeroporto, sendo maior ainda a sandice de tornar Bahia e Vitória sócios nessa arena, o Governador tem toda a razão do mundo! Pra quê construir uma nova Fonte Nova se Bahia e Vitória estão unidos nessa construção, juntos com os portugueses?!… É cada uma ideia na cabeça dos dirigentes do futebol baiano que só vendo o início dessa loucura para acreditar. Com todo respeito, mas… que “portuguesada” é essa?

Recuso-me a admitir que haja nessa coisa o braço insensato da política partidária. Mas pelas palavras do Governador posso sentir isso. Por que o futebol precisa ser usado em política partidária para eleger ou derrotar esse ou aquele? Para se fazer uma obra dessas num lugar distante e de difícil acesso, entre outras necessidades seria preciso um sistema de transporte dos mais eficientes. Nesse caso falo de uma linha de Metrô que interligasse Salvador às regiões de Lauro de Freitas, Simões Filho e Camaçari.

Se não há condições de concluir um metrozinho de curtíssima distância como esse que liga a Lapa – Centro – ao Acesso Norte, imagine o leitor o sonho de um Metrô via Paralela/Aeroporto/Centro Industrial de Aratu? Estamos no Brasil e no Nordeste, senhores portugueses, onde entre outras dificuldades está a falta de vontade política.

Fico imaginando Inter e Grêmio, Cruzeiro e Atlético, Santos e Corinthians, sócios… É muita onda na minha cabeça, acho que esse pessoal tá de brincadeira comigo, porque eu não posso entender um negócio desses, nunca! Não dá liga, não há clima, não há infra-estrutura para tal empreendimento… Contem-me outra piada porque essa não tem graça nenhuma!

Pra quê reconstruir a Fonte Nova? Só para a Copa do Mundo? E depois, serviria pra quê? Museu? Futebol feminino? Esqueça os portugueses, Governador, faça o que tem de fazer e esqueça o resto! Êta Bahia porreta! Êta política nojenta! Que zorra!!!

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