O presidente-dublê de bruxo do Bahia é uma figura ímpar: inteligente, articulado, foge do lugar comum de dirigente dos anos 80, não se limitando a dizer “vamos ganhar!” ou coisa do tipo. Por vezes teve surtos de comportamentos dos seus antecessores, xingando arbitragens de “merdinha”. Boa praça, muito concentrado no que faz e chama atenção por posicionamentos não esperados da parte de um dirigente nordestino, numa região que teve até ex-presidente da República como mandatário de clube.
Recentemente, Belintani foi convidado para participar, como membro titular, de um grupo técnico para fiscalização do Profut. Algo simbólico porém de grande importância uma vez que envolve dinheiro, austeridade e responsabilidade fiscal. A política de ações afirmativas, o interesse progressivo da imprensa sudestina a respeito do nosso dirigente e suas ideias fora-de-padrão para o futebol nacional tem transformado Belintani numa voz ativa politicamente.
As implicações de uma participação maior do futebol nordestino, mormente o Bahia, nos processos de tomada de decisão no âmbito do futebol, já encontram eco no debate sobre a Medida Provisória recém-publicada, a qual versa sobre o direito do mandante em negociar as questões de transmissões de TV. O Bahia tem, depois de anos de truculência, personalismo e clientelismo de determinados grupos, um personagem independente, dotado de grande capacidade de articulação política, que pode, com toda certeza, reivindicar situações mais vantajosas para o Bahia e para o futebol nordestino.
Pode-se ir além no debate, como, por exemplo, a discussão sobre a reformatação dos anacrônicos campeonatos estaduais, que, no momento, só trazem prejuízos a clubes de grande torcida, além de fomentar rivalidade – no caso da Bahia – que nem existe mais, face ao abismo técnico notório entre seus clubes. O calendário esportivo, quando devidamente ocupado por competições de maior importância, rende maiores dividendos e mídia.
O Bahia e o Nordeste tem a faca e o queijo na mão, para reivindicar condições mais equitativas aos clubes da região, bem como cotas de patrocínio mais justas. Mesmo que, dentro de campo, o Bahia esteja muito longe do que pretendemos, Belintani tem conduzido o Bahia à ribalta do futebol brasileiro, do ponto de vista institucional. Em termos políiticos, no bom sentido, um ganho e uma boa perspectiva para um clube que, há 10 anos, lutava para subir para a Série A dentro de campo.
Uma pandemia, não obstante as mortes e o sofrimento, nos traz lições e aprendizados, bem como oportunidades de melhoria. Quem sabe, em paralelo, não teremos grandes mudanças no futebol? (apesar de eu, pessoalmente, ser contra a volta dos campeonatos).
PS: finalmente as embaixadas estão sendo melhor formatadas. Esperamos que, no longo prazo, se tornem em núcleos esportivos e culturais de alcance extra-regional.
Saudações Tricolores!
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