Quando em algum tempo do pretérito já vimos um treinador no Bahia recusar uma proposta de um chamado grande clube do “Sul (ou Sudeste) Maravilha”? Nem Evaristo de Macedo resistiu ao chamado do Vasco da Gama na década de 90 no auge de um dos seus ótimos trabalhos no Esquadrão. O mais recente foi o sofrível Guto Ferreira, que optou por “uma grande oportunidade de um gigante”, segundo suas palavras.
Foi esse mesmo “gigante” que às vésperas de um jogo importante do Tricolor – contra o Grêmio – voltou à prática desleal e anti-ética de assediar um treinador do Bahia com propostas salariais acima dos padrões da maioria dos clubes brasileiros – acho isso um desrespeito enorme ao clube e aos treinadores, porque indiretamente são tratados como mercenários. Ainda bem que nem discutir o assunto Roger Machado quis…
E não quis porque tem caráter, é ético, tem princípios e costuma respeitar contratos. Além do mais, acredita no que os seus olhos veem e nos homens que dirigem o Bahia. No Tricolor, Roger encontrou um projeto para médio e longo prazos e uma diretoria séria, moderna, e que assim como Roger, acredita no que está fazendo. Sabem eles qual é o futuro desse clube merecedor de que o tratem com o devido respeito, pela sua própria história.
O Sul e Sudeste ainda não perceberam que outras regiões estão evoluindo rapidamente no futebol e não é à toa. Tem objetivo. É fruto consequente do estilo moderno do futebol globalizado, da competência, e sobretudo da consciência empresarial de como deve ser conduzido o futebol. Enquanto isso, a parte de baixo no mapa do Brasil vai involuindo mentalmente e se alimentando de preconceitos.
Não acreditei em nenhum momento na saída de Roger e até achei muito bom ter acontecido a investida do Internacional, porque quando todos apostavam numa iminente ida da comissão técnica do Bahia para o Inter, eis que não aconteceu e ficou clara a força do Bahia como um clube de futebol que se faz respeitar e é organizado. Também ficou a certeza para o torcedor tricolor que o treinador Roger Machado vai além do futebol com seus ideais.
O avultado preconceito contra os times fora do eixo Sul e Sudeste é uma realidade, e ao mesmo tempo desinteligente, porque só no Nordeste há 60 milhões de habitantes. Isso reforça minha indignação quanto a esses fatos, porque os seus reflexos se alastram até nas transmissões dos jogos por canais fechados de TV… No jogo Grêmio x Bahia, aconteceu.
Nas redes sociais, há um áudio, aparentemente vazado, no qual o tricolor, cantor e compositor Luiz Caldas reclama com um amigo, possivelmente ligado ao meio, revelando sua indignação com o narrador – @dandansportv – do canal Premiere, que de forma indisfarçável torcia contra o Bahia e não raro desqualificava lances técnicos do Tricolor de Aço…
Num determinado momento da mensagem, indignado com tanta parcialidade do narrador, Luiz Caldas diz que “eu não quero criar nenhuma briga com o canal, de forma nenhuma. Só que o canal é pago, e se é pago, tem de respeitar os assinantes”. Falou com propriedade, Luiz Caldas. Narrador não tem de ter camisa clubística.
Felizmente, Roger está do lado de cá do país – não é assim que eles tratam o Nordeste? – e parece que fincou bandeira por aqui, haja vista seus posicionamentos contra preconceitos raciais e uma sociedade igual. São esses alguns dos fatores que de uma certa forma o atraem, porque a Bahia é o berço da cultura brasileira. Não diria que o treinador se eternizará no Bahia. Claro que não. Mas que ele comprou o projeto do novo E.C. Bahia, ah sim! Comprou.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.