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Publicada em 17 de setembro de 2008 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Não serei conivente

Eis que está ressurgindo Pituaçu, cravado no centro de um lindo verde da mata Atlântica em uma quase perfeita harmonia do homem com a natureza, prestes a ser reinaugurado. Tudo bem. Mas preciso não calar sobre a Fonte Nova; começo a temer pelo futuro do velho e belo estádio entregue ao abandono. As vozes que podem decidir o seu futuro calaram-se como se quisessem que calássemos também numa espécie de cumplicidade. Assim: silenciamos à respeito e o tempo se encarrega de condenar a Fonte das nossas alegrias.

Não serei conivente, posto que não silenciarei. Tenho cumplicidade, sim, com a Fonte Nova, sou um admirador fanático da sua beleza, um nostálgico amante defensor daquele conjunto harmonioso que é o Dique de águas verdes com a grandeza arquitetônica da Fonte.

Ao relembrar neste mês a tragédia do 11 de Setembro com o World Trade Center, se apodera de mim o sentimento de um vazio imenso, uma espécie de pesadelo real, ao ver no trágico local em Manhattan apenas um marco histórico cheio de flores e velas acesas em homenagem aos mortos, vítimas do terror bestial. Ali não há mais a imponência da beleza arquitetônica, sobrevive ali o orgulho ferido dos americanos e o imponderável.

Guardo as devidas proporções e temo pela sorte da Fonte Nova. Receio que uma implosão a faça desaparecer para sempre e o 25 de Novembro se transforme numa data com local certo para se levar flores e velas, numa futura e melancólica praça com parquinho para crianças e banquinhos para casais.

Aqui na Bahia já se mudou nome de aeroporto, nome de município, deram nome de cantora a teatro e depois tiraram, trocam nomes de ruas de acordo com a conveniência e estabelecem o absurdo. De sorte que não duvido que o Estádio Octavio Mangabeira se transforme numa pracinha gramada com busto e nome de um político qualquer. Afinal, eles precisam estar sempre em evidência.

Quando imagino que um tecnocrata desses aí possa sugerir que se erga um novo estádio na rodovia Cia/Aeroporto em substituição à Fonte Nova, talvez no mesmo local onde está o lixão que outrora “perfumava” Canabrava. Tremo na base só em imaginar esse caos na inteligência humana.

A Fonte Nova não deve ser esquecida e muito menos desaparecer, ali foi construída quase toda a história do futebol baiano. Não seria uma empresa de construção civil de qualquer parte do mundo e sem compromisso algum com a história da Bahia, que viria para determinar qual o destino a ser dado ao Estádio Octávio Mangabeira. Da nossa história cuidamos nós.

Foi precipitado, sim, o fechamento da Fonte Nova, ele foi ordenado pela emoção do momento e sem um estudo prévio sobre a estrutura do estádio. Poderia ser fechado o anel superior, fizessem uma verificação no estado do anel (no bom sentido) inferior e tudo estaria bem até a abertura de Pituaçu. A partir de Pituaçu seria fechada para reforma a Fonte Nova. Isto funcionaria com eficiência e todos sabem disso. O Morumbi já sofreu processo idêntico e o Maracanã idem.

Mas aqui os interesses são outros porque vem aí a Copa do Mundo e muita gente quer aproveitar para ganhar algum, afinal construir um novo estádio custaria a bagatela de aproximadamente quatrocentos milhões. Talvez muito mais, ou talvez menos. Mas, mais ou menos, é dinheiro pra caramba.

Só pra não dizer que não falei de uma coisa desagradável. Ao contrário do excelente Roberto Tolentino já não tenho vontade alguma de escrever sobre o time do Bahia, este é uma dessas farsas do futebol. Aqueles que vestem a camisa do Bahia, tirando um ou dois no máximo, são dignos de time de Terceira Divisão, pra não sair de lá. Jamais.

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Vou considerar uma zebra sem precedentes uma “possível” classificação do Bahia. Porém uma zebra comum se não cair.

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Lembrou-me o amigo Maurício Guimarães que a média de público do Vitória gira em torno dos 15.000 neste campeonato. Até aí tudo bem, é verdade. O problema, diz Maurício, é que no dia 14 passado o público no Barradão foi comprometido por um movimento libertador (lá deles do movimento) que houve no Campo Grande, assim só 7.000 torcedores presenciaram Vitória e Coritiba. Quanta infidelidade!

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