Nasceu pra Vencer

Em 1988 o Bahia tinha um time de futebol e, efetivamente, pode-se dizer que naquele time havia um só craque, Bobô. O restante eram excelentes jogadores e homens comprometidos com a camisa do Bahia que funcionavam tal e qual uma orquestra regida por um grande maestro. E havia de fato esse maestro que nem só entendia do riscado, regia a sua orquestra de forma mágica e encantava plateias a cada Ópera .

Os estádios de todo o Brasil por onde passava o Bahia de Evaristo Macêdo e Bobô, enchiam!, e isto não só era pelo time da casa, era pelo encanto de ver desconhecidos como Paulo Rodrigues, Tarantini, Claudir, Zé Carlos, Charles, João Marcelo, Sandro, Edinho, Gil Sergipano, Ronaldo e outros jogando um futebol de disciplina e tática indiscutível, mas também de abnegação, honra, garra  e destemor.

Mas podemos voltar ainda mais no tempo e lembrar do Campeão de 1959 de Nadinho, Henricão, Biriba, Marito, Leo Briglia, Vicente, Alencar, Mario e outros monstros sagrados da época, que esbanjou futebol e determinação contra Pelé, Mengálvio, Coutinho, Zito, Garrincha, Zagalo, Belini, Gilmar, Nilton Santos, Didi e dezenas de outros gênios da época que encantavam o mundo.

Mas posso falar, também, de craques como Douglas, Fito, Jorge Campos, Léo Oliveira, Romero, Roberto Rebouças, Picolé, Sapatão, Gésum, Peri, Pombinho, Carlos Buticce, Picasso, Zé Eduardo, San Fellipo, Raul Alberto de Paez, Amorim, em épocas diferentes, é claro, que vestiram o Manto tricolor com muita garra e de acordo com a tradição do Bahia. Eles jamais tremiam.

No passado, às vésperas de mais um Bavi,  estávamos passando nas imediações da Fonte Nova eu, Fito e Altivo, e então eu lhes disse: estou com receio e não vou ao jogo domingo — o rival tinha apenas Osni, André, Gibira, Mario Sérgio, Fernando Silva, Gelson, Almiro, Vavá, Deodato etc etc — porque o time deles tá melhor que o nosso… A resposta veio segura com Fito dizendo “ô Djalma, vai sim, ganhamos todas e você não confia em seus amigos? Vamos ganhar mais esta, é bicho certo, os caras podem enfrentar a gente sendo Seleção brasileira, mas com aquela camisa não ganham da gente”.

— Nem preciso dizer que mais uma vez ouvi Mário Sérgio dizendo para San Martim — repórter — ao fim do jogo que “o Bahia é um time talhado para ser campeão”. A fita gravada deve existir ainda na Rádio Excelsior.

Às vezes era assim, um Vitória repleto de craques e o Bahia jogando com uma linha de frente de Tirson, Piolho e Marquinhos Cotta. Não que este ataque fosse ruim, pelo contrário, mas o Vitória tinha um super time e era considerado favorito absoluto à época, mas no fim o que imperava mesmo era a mística camisa tricolor…

Hoje eu vejo um time entrar em campo já perdendo de 1×0 desde à diretoria… No meu modo de pensar o Bahia vem pecando onde antigamente ele mais acertava que era em ter técnicos renomados. O Bahia, tradicionalmente, sempre teve líderes incontestes dentro e fora de campo, técnicos que davam o comando certo e passavam segurança e isto faz falta hoje no clube. 

Se esse grupo que aí está não assistiu o filme “Bahia minha vida”, então é um pecado capital dos dirigentes, a história do Esquadrão de Aço tem de ser obrigatória junto aos jogadores que chegam para que esses entendam o tamanho da responsabilidade que é vestir a mesma camisa que Baiaco, Roberto Rebouças e Beijoca — símbolos de amor e garra pelo Bahia — vestiram.

Raudinei está vivo e gozando plena saúde para ensinar como se ter sangue tricolor nas veias, porque ele e seus companheiros transformaram um jogo — quase perdido — em título aos 44 minutos do segundo tempo diante do Vitória e de uma Fonte Nova lotada.

Inspirem-se na coragem que a própria camisa transmite, sim, porque essa é uma camisa de glória, luta, amor, suor e sangue. Há duas estrelas acima do escudo e isto por si só já deveria fazer o grupo honrar com raça e orgulho esse Manto histórico. Tem que ganhar porque o Bahia é isto, ganhar sempre! Nunca houve jogos perdidos para todos esses tricolores que cito acima porque sempre honraram o mantra tricolor NASCEU PARA VENCER.