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Coluna

Djalma Gomes
Publicada em 07/06/2023 às 15h45

Nesse caso não posso culpar o maquinista

Não gosto de comentar trabalho de treinador porque não vivo o cotidiano interno no clube, muito menos ainda quando esse treinador não cumpriu um ciclo razoável que permita aos mais ignorantes, como é o meu caso, ver se é positivo ou negativo esse trabalho. Porém, são decorridos 5 meses que o maquinista da locomotiva tenta colocar a máquina nos trilhos. Das duas uma: não tem conhecimento da estrada; ainda não conhece a máquina. Acho que nem uma coisa e nem outra, deem-lhe o combustível certo e a viagem será tranquila. 

O treinador do Bahia vem se adaptando ao que tem. Não é injusto dizer que está havendo evolução. As dificuldades existem pela escassez da qualidade e vai mais além: as lesões musculares começam a deixar o Tricolor com cobertor curto e o técnico não deve pagar o pato por isso, não nesse momento.  Matheus Bahia, Yago, Jacaré, Biel e Ademir, só pra citar os mais recentes – este último saiu lesionado do jogo contra o Fortaleza –, deixam o treinador numa esquina sem endereço.  Calendário, ou preparação física inadequada? Questiono a segunda hipótese sem nenhuma convicção, mas não descarto – pode ser os dois. Todavia, o calendário é desumano e tende a ser o vilão desse filme. 

Devido a esses fatores, como cobrar radicalmente a dispensa de Renato Paiva culpando-o de tudo que acontece de ruim com o time do Bahia em campo? Ele tem lá seus pontos negativos que precisam ser trabalhados por ele mesmo. Mas erros e acertos fazem parte de qualquer profissão. Ninguém é perfeito. Dentro do ser humano há duas vias paralelas por onde transitam virtudes e defeitos.  

Somos eternos perseguidores da perfeição, porém conscientes de que jamais a alcançaremos e isso justifica nossos erros e equívocos. O importante é que saibamos o ponto exato das nossas deficiências para então nos aplicarmos mais na busca da eficiência, cujo caminho é trabalho com humildade. Confundir seriedade e compenetração profissional com prepotência, como fazem com Renato, é no mínimo ausência de senso crítico. O torcedor brasileiro tem viés imposto pela paixão, com isso passam a achar que um trabalho da construção de um time de futebol pode ser desenvolvido magicamente sem se fazer as devidas experiências técnicas e táticas. 

Não acho justo fazer uma campanha contra o treinador Tricolor visando a sua queda, mesmo porque essa não vai acontecer e isso só faz mesmo é tumultuar o ambiente, o que deixa o prato quente para o adversário. Se o Bahia ainda não estivesse em fase de montagem do elenco e, se não notássemos em campo uma evolução no trabalho do seu treinador – que está acontecendo, queiram ou não ver isso –, então o treinador mereceria ser repensado pela diretoria do clube. Mas esse não é o caso. 

Sabemos que esse elenco que aí está ainda carece de alguns reforços - falando moderadamente. Renato Paiva vem trocando “pneus com o veículo” em movimento e sob uma pressão quase que unânime da torcida. Mas assim, também, seria se por acaso o treinador fosse Carlo Ancelotti – é só um exemplo. Ninguém faz milagres com um elenco mediano que ainda está se ajustando de acordo com as famosas “janelas” que não permitem se trazer peças de reposição assim que as necessidades são identificadas. 

Então, no meu modo de ver, o problema não é treinador, o problema vem desde a diretoria do clube que não buscou, ou se sentiu impedida, sei lá, de fazer as contratações necessárias e pontuais a partir do mês de novembro passado para entregar ao novo treinador uma base de boa para mais. O pouco que de bom chegou foi no decorrer deste ano, mais precisamente de janeiro para hoje. Não se esqueça, torcedor, Guilherme Bellintani esteve presidindo o Bahia até recentemente – salvo traição da minha memória, final de abril. Não o estou culpando, apenas pontuando a transição que em muito dificultou o processo. 

Só para alumiar os fatos perante o leitor, cito como exemplo Enderson Moreira que saiu do Bahia por ser rejeitado pela torcida – mesmo com o Bahia ostentando o G-4 –  porque o time passou a usar a gordura que criou anteriormente. Além disso, Enderson era tido e havido como insuficiente para o Bahia da Era City. Pois bem, a Era City chegou para o Bahia e o Sport de Enderson Moreira aplicou uma sonora goleada no Tricolor – não é por acaso que o Sport é o mais sério candidato para chegar com tranquilidade na Primeira Divisão. 

É preciso ter calma e entender que o Bahia está esperando mais uma "janela" se abrir para continuar a saga da reconstrução de um elenco que por si só anda clamando por reforços mais robustos. É nesse ponto que o torcedor deve se ater porque de pedra não se tira leite nenhum. Os desfalques estão aí para falar o que o próprio Renato Paiva vem dizendo sobre ter sempre de mudar uma peça ou mais de jogo para jogo. 

Já fiz críticas sobre o trabalho de Renato no Bahia, mas depois necessitei rever meus conceitos sobre o treinador Tricolor, voltei mais o olhar para o conjunto da obra e cheguei à conclusão de que o processo de evolução do time será lento e de acordo com as benditas “janelas”. Acho o elenco atual do Bahia carente de mais qualidade e, falando de forma alegórica, o vejo como se fosse uma locomotiva que tivesse apenas a metade do combustível para chegar à quarta estação – e ainda nem saímos da segunda. Nesse caso, não posso culpar o maquinista. 

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