Ultimamente, tem sido observado um fenômeno, relacionado a algumas equipes tradicionais do nosso futebol, que remete, certamente, ao tal legado da Copa, de triste lembrança para os brasileiros: clubes como o Flamengo, Atlético-MG e até o América de Natal estão correndo para ter uma casa para chamar de sua.
Analisando-se detidamente as causas dessa corrida construtivista, notamos que o Maracanã, outrora dos grandes públicos, não suporta mais a crise econômica e a elitização fifiana das grandes praças esportivas. Pelo andar da carruagem, a elite do futebol brasileiro nunca esteve tão perto de se europeizar, com ingressos caros, estádios setorizados e o nome arena para distingui-los das arquibancadas de cimento frio que o brasileiro conhece bem.
Salvador tem dois clubes de futebol profissional de fato. Constantemente alegam que já temos a Fonte Nova, o vice de Canabrava tem sua pocilga, e temos o estádio de Pituaçu, palco do acesso de 2010 e usado para eventos futebolísticos de menor porte. “Por que Salvador (e Região) teria um quarto estádio?” Perguntem à torcida do Galo mineiro, que fez um negócio da China para obter a sua praça esportiva; bem como a torcida natalense, que já convive com o Frasqueirão do arquirrival e com o Paquiderme Albino das Dunas.
Ter um estádio não é apenas tirar onda com o time do aterro sanitário, e sim, ter uma praça organizada, para a qual não se paga aluguel, donde é possível setorizar e fidelizar seu torcedor a critério exclusivo do clube. É ter uma receita fixa de patrocínios, e é ter um equipamento onde a torcida se sente em casa. Inclusive, com estádio próprio, o preço de aluguéis não é repassado ao seu torcedor, podendo aproximar públicos menos favorecidos do seu clube do coração.
Não cabem mais estádios para 200 mil pessoas, diante da realidade já exposta. A Fonte Nova, por sua vez, poderá abrigar grandes espetáculos como finais e outros jogos de grande apelo. Para o Bahia, um equipamento do tamanho de Pituaçu já foi testado e aprovado em várias ocasiões – e esta praça já foi palco de jogos da Seleção Brasileira.
Como ter um estádio, considerando que o Bahia é deficitário e está atolado em dívidas? De fato, isso, no momento, não é prioridade. Mas, em consolidando o novo Centro de Treinamento, há duas alternativas passíveis de reflexão: usar o Fazendão e adjacências para tornar a empreitada realidade, ou negociar, diretamente com o governo, uma praça como Pituaçu, permutada com o terreno do Fazendão, e dando uns títulos da Prefeitura de troco…
A Lei de Licitações e Contratos na Administração Pública possui, em seu Artigo 17, previsão legal de permuta, desde que devidamente autorizada pelo Controle Externo, atendendo-se ao interesse público. Salvo melhor juízo dos juristas e demais entendidos em Direito Administrativo, vejo que se trata de alternativa viável, com vistas a consolidar o patrimônio do clube e evitar a sua dilapidação direta por dirigentes irresponsáveis.
Fica a dica para o Sr. Apóstrofo da Santa Ana, o Imperador do Próprio Espelho, e seus partidos da base aliada. É possível, é viável, e basta ter um pouco mais de ousadia e coragem.
Saudações Tricolores!
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