é goleada tricolor na internet
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Publicada em 25 de janeiro de 2022 às 12:42 por Victor Moreno

Victor Moreno

O poste mijando no cachorro

O poste mijando no cachorro

Salvador, 13 de março de 2019, dezenove horas e trinta minutos.

O tranquilizador de corações entra em campo pela 6ª rodada da Copa do Nordeste pressionado por estar fazendo uma campanha que não o credencia a se classificar na fase de grupos do certame e por ter sido vice-campeão na temporada anterior. O adversário do dia é o colorado de Aracaju, o Sergipe. O Bahia treinado por Enderson Moreira fazia mais uma péssima partida, onde a bola não entrava mesmo após mais de 20 finalizações e inúmeros cruzamentos na área e acaba derrotado por 1 a 0 quando um fato chamou atenção na partida: a reação do jogador Guilherme às vaias da arquibancada. O jogador fez gestos para a torcida demonstrando sua insatisfação com o comportamento das arquibancadas, como se tivesse razão.

O jogador acabou sendo dispensado numa manobra de contenção de danos. Meses se passaram e o poblema voltou a se repetir: Em jogo pelo Campeonato Brasileiro, o lateral Moisés não suportou a pressão das arquibancadas e respondeu a torcida com gestos e palavras obscenas. A animosidade durou até o final daquele ano e o jogador, que havia sido adquirido em definitivo pelo tricolor, teve que ser envolvido numa estranha negociação com o Internacional, pois, não havia o menor clima para a sua continuidade aqui depois do fato.

O ano de 2019 terminou de maneira melancólica, com direito a Fernandão dizendo que a torcida deveria abrir um sorriso e se orgulhar de não ter brigado para não cair na temporada e a pressão foi elevada em algumas potências para a temporada 2020. A nossa diretoria, por sua vez, resolveu investir num time com mais pompa, buscou jogadores de relativo destaque no eixo Rio-SP para compor o elenco e este perfil de atleta tende a não encarar o Bahia com tanta seriedade. Não deu outra, o Bahia fez mais uma temporada desoladora e, mais uma vez, os atletas rebelaram-se contra a torcida por estarem sendo cobrados. E dessa vez veio em combo, mesmo sem ter sentido o gostinho de serem vaiados na fonte nova: inúmeros momentos de jogadores ofendendo torcedores em redes sociais, com destaque para o atleta Luis Antônio de Rocha Júnior (sem apelido para este rapaz) que não aturou ser cobrado por um torcedor em ‘seu momento’ e o ofendeu com palavras de baixíssimo calão.

Foto: Bahia/Facebook

E o que dizer do peculiar ‘’atacante’’ de mais de cem jogos e menos de vinte gols, Elber, que com sua saída já acertada, resolveu mandar um recadinho em forma de pedido de silêncio para a torcida após marcar um raríssimo gol. E o mais recente caso foi o ‘CR7 acarajé’ demonstrando uma ousadia e uma empáfia tão grandes que, confesso, arrancou-me uma gargalhada. Não basta ser uma carniça, tampouco ter perdido um penalty e feito ‘na cagada’ o gol de empate no tradicional Baianão contra o arrumadinho Unirb, Lucas Araújo achou-se no direito de responder ao protesto das arquibancadas com palavras de ordem e pedidos de incentivo incondicional. Os adeptos saíram de suas casas para assistir uma partida desta envergadura, em um momento de aumento de número de casos de Covid-19, com restrição de público, pra ouvir desaforo deste ‘’jogador’’.

Definitivamente, o poste está mijando no cachorro aqui no Bahia. E de quem é a culpa? É do torcedor que se empolgou e subiu o nível de cobrança? É do torcedor que se manteve pagando em dias a mensalidade do plano de sócis, mesmo sem jogos durante o período mais crítico da pandemia? Pois eu digo quem, com certeza, tem uma parcela grande de culpa no cartório. Em uma entrevista para o canal Sou Mais Bahia, nosso presidente Guilherme Bellintani ao ser indagado a respeito do ‘Caso Élber’ cravou que a torcida pede jogadores de personalidade e, portanto, deve arcar com as consequências de ter que ouvir ‘’jogador de personalidade’’ pagando sugesta.  

Já no caso da ‘invasão’ da torcida organizada ao CT Evaristo de Macedo para cobrar os atletas durante o treinamento, um impasse foi configurado: entender o momento do torcedor, aceitar a visão de parte do elenco (A exemplo de Rezende e Johnatan) que encararam o caso como algo natural no futebol, dar uma satisfação e tentar trazer pra si esses torcedores ou prestar queixa contra os torcedores, comprar a briga, na tentativa de passar uma mensagem para o elenco que o torcedor não pode cobrá-los no seu local de trabalho. Guilherme escolheu a segunda opção. E quase toda vez que rola um impasse jogador x torcedor, ele fica do lado do jogador. Ele pode achar que está tomando a melhor decisão em blindar seus atletas, mas, no frigir dos ovos, a mensagem que ele transmite é que aqui no Bahia está permitido procurar gaiatice com a torcida.

Em 11º lugar em ranking nacional, Bahia tem maior torcida do Nordeste

Foto: Reprodução / Esporte Baiano

Gostaria de lembrar a Bellintani que o Bahia é um clube de fora do eixo econômico do país, com poucos títulos e poucos momentos de grande destaque, entretanto, a torcida do Bahia é diferente, é maior que o clube. E essa torcida precisa ser ouvida e protegida, ainda que os jogadores sejam preteridos nesse embate. Tem que respeitar a turma tricolor, fomos nós que tiramos esse clube do fundo do poço, fomos nós que botamos o escudo do Bahia em destaque quando se fala em média de ocupação de estádio  e somos nós que temos o poder de resolver qualquer problema no clube. Jogador beija esse escudo por tempo determinado (uns e outros aí anda se emocionando com torcida adversária bem no dia que o Bahia caiu pra segunda divisão), o torcedor é eterno.

É preciso ter um pouco mais de cuidado na forma como se labuta com o torcedor do Bahia. A gente não está aqui só para apoiar, incentivar, consumir e se doar. A torcida do Bahia funciona sem contrapartida já faz muito tempo, o mínimo que queremos é respeito. E atitudes como essas da direção só fazem afastar cada vez mais o torcedor e aumentar a pressão sobre eles.  Fora que esse tipo de comportamento dos jogadores para com a torcida já se tornou algo banal na gestão Bellintani. Já passou da hora de incluir cláusula no contrato de rescisão unilateral em caso de jogador ofender a torcida do Bahia.

Tem que haver seleção.

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