O torcedor é realmente um fenômeno em se tratando de humor e paixão. Se seu time está mal, ninguém presta, desde o presidente à comissão técnica e jogadores. Se de repente tudo muda e seu time passa a vencer, então o sentimento se transforma completamente, as vaias somem e pode até surgir quem arrisque dizer que tem jogador em seu time sendo injustiçado por Tite.
Acho a vaia um instrumento de protesto legítimo do torcedor, mas não durante o jogo, porque isso só piora o que já está complicado. Vaiar não ajuda em absolutamente nada ao time em campo. Esse recurso insensato só beneficia o adversário. É uma pena que a paixão do torcedor não o deixe notar isso.
Os protestos com vaias estridentes e volumosas pra cima de Enderson foram tão agudos que cheguei a opinar contra a permanência do treinador achando que ele não mais reunia condições psicológicas para comandar o Bahia. Enderson foi prestigiado e os seus comandados resolveram jogar mais…
A torcida entretanto admitiu, mas ainda não aceitou. A relação da torcida com o técnico é de “tapas e beijos”. Agora mesmo estão bem e nem se fala em “tapas”. Em “beijos” também não. É seguir a ordem da razão porque em time que está ganhando não se mexe.
Já a minha avaliação sobre o treinador do Bahia continua sendo a mesma: acho-o sério, trabalhador, dedicado, e competente… Isto é, só até dentro do vestiário. Daí em diante tenho minhas restrições sobre essa competência.
Embora com os últimos resultados o Bahia tenha se credenciado – coisa que não acontecia até o jogo com o Jequié – para conquistar o primeiro campeonato do ano, continuo com a mesma opinião de que Enderson não é treinador de beira de campo, não tem o olho clínico de um estrategista para identificar o que não está funcionando taticamente num determinado momento de um jogo e mudar.
Nesse “tira Enderson” e “fica Enderson”, uma coisa que me chamou a atenção foi o fato de um pacto ter sido formado pelos jogadores, às vésperas da partida contra o Jequié, para que a partir daquele momento as coisas mudassem positiva e radicalmente. Dito e feito. A goleada contra o Jequié ratificou o compromisso assumido e o time não parou mais de ganhar…
Mas por que raios esses pacto não foi feito anteriormente se de repente e não mais que isso, o time saiu do purgatório para o céu como num passe de mágica? Estranho… mas deixa isso pra lá. Futebol com seus bastidores resume-se àquela “caixinha de surpresas” que jamais desvendaremos.
Será que quando Nelson Rodrigues partiu dessa para outra dimensão, teriam seus personagens, o Sobrenatural do Almeida e o Gravatinha, vindos morar na Bahia?
– O Sobrenatural do Almeida é um personagem do saudoso escritor Nelson Rodrigues. Ele é um fantasma que seria responsável por tudo de ruim que acontecesse com o Fluminense Football Clube, time do coração do cronista, e só aparecia nessas fases ruins quando tudo conspirava contra o Fluminense. Já o Gravatinha, outro também personagem de Nelson Rodrigues, quando aparecia no estádio era prenúncio de triunfo do Fluminense.
– É… pode ser que o Sobrenatural do Almeida tenha sido expulso do Fazendão pelo Gravatinha e voltado para o Rio de Janeiro para ajudar o Flamengo com aquele pênalti presenteado pelo jogador número 4 do Flu. Aquilo só pode ter sido obra do Sobrenatural do Almeida! Que o Gravatinha acompanhe Enderson e o Bahia durante todo este ano. São meus votos.
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