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Coluna

Djalma Gomes
Publicada em 06/09/2021 às 14h34

O tamanho do monstro

Não é porque o Bahia ganhou a primeira depois de oito jogos sem vencer que tudo já voltou ao normal. É imperativo que fatos mais importantes do que apenas um eventual resultado em campo fiquem claros e de acordo com a realidade. O que não é certo é colocar panos quentes sobre uma profunda crise financeira e, quiçá ecônomica, que procede de decisões equivocadas.

Gostaria de ter visto a guinada prometida pelo presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, na sua segunda gestão e apostei que aconteceria. Acreditei muito porque aparentemente a única coisa que se colocaria como dificuldade ao discurso do então candidato era a falta das bilheterias e a inadimplência dos sócios. O que não é pouco para atrapalhar um projeto. Mas deveria ter um plano B. Não sei qual, mas quem é pago para pensar o Bahia tem a obrigação de saber.

Nas palavras do presidente Guilherme mudanças importantes no Departamento de Futebol aconteceriam e veríamos uma gestão amadurecida. Então foi encerrado o ciclo de Diego Cerri e contratados dois profissionais em nome da implantação de um novo modelo de gestão no departamento de futebol.

Feita as mudanças, e, delineada a fórmula, o meu sentimento foi que, aos dois contratados, não seria delegado o poder com a simples e exequível condição de entregar como contrapartida resultados previamente estabelecidos -- isso partindo do princípio hierárquico que o papel de um presidente é delegar e cobrar resultados. A consequência dessa salada deixou tudo nas aparências e o futebol segue sofrendo ingerências da presidência.

As atribuições do Presidente é delegar poderes para o clube funcionar bem em cada departamento, principalmente, os que precisam de autonomia específica como por exemplo o Departamento de Futebol. Não é o que vem acontecendo. Ser centralizador, como é Bellintani, dificulta o funcionamento da máquina e acaba criando entraves altamente nocivos ao clube.

Quando eu soube que o Bahia estaria atrasando impostos tributários e previdenciários achei que não era verdade. Então busquei informações através de uma fonte muito confiável e fiquei sabendo que desde Janeiro esses tributos sofrem atrasos... Se estão desde Janeiro atrasados, não sei. Mas que os atrasos começaram em Janeiro e continuam acontecendo, é fato.

O relatório do Conselho Fiscal do Clube chama a atenção claramente para o risco dessa conduta. O pior é que o clube fez o PROFUT e isto o obriga a não atrasar tributos sob pena de perder o parcelamento da dívida anterior. Percebe o tamanho do monstro, caro torcedor? E só se agiganta.
Ainda há os salários dos jogadores que estão em parte atrasados, segundo o próprio presidente do clube confirmou depois que o caso vasou.

Sabemos que é mais fácil alcançar os resultados desejados quando temos uma visão clara do que queremos e como queremos. Então é fazer a ignição para dar a partida que nos levará ao lugar ideal. Mas como é que sem avaliarmos previamente o potencial das dificuldades no trajeto podemos iniciar a jornada sem ter os meios essenciais para executá-lo? Esse é o ponto.

Fácil é dirigir um clube do porte do Bahia com dinheiro em caixa e razoavelmente organizado como aparentava no início da primeira gestão de Bellintani. A sensação era de um clube moderno e bem administrado em todos os seus setores.

Essa impressão ficou ainda mais robusta com a negociação para quitar e adquirir definitivamente os dois patrimônios, Fazendão e Cidade Tricolor. Era a cereja do bolo que faltava para tudo virar festa. Isso teria mascarado a verdadeira situação do clube? Talvez.

-- O caso Opportunity é um senhor de barba branca que agora serve como parâmetro para vermos que nem tudo no Bahia vem acontecendo sustentadamente e, algo bem pior, pode acontecer a partir da questão indefinida com o banco.

Agora o que se tem à vista é um Bahia endividado até a boca, inspirando e respirando pelo nariz, com os problemas se avolumando assustadoramente e tendo que contratar jogadores para formar um elenco capaz de evitar uma possível Segunda Divisão, o que seria desastroso sob todos os aspectos.

Porém o momento não é de criar focos para a desestabilização, é de deixar tudo à luz da transparência. O dono do Bahia é a sua torcida, e o momento é de se associar ao clube -- é duro pedir isso agora, mas é a unica forma de a torcedor salvar o Bahia -- e cobrar a natural contrapartida, ou seja, que a diretoria cumpra seu mandato até o final com franqueza e clareza sem vender a ilusão de que tudo está normal, como habitualmente sugere o costumeiro silêncio dentro do clube.

A torcida só vai determinar um melhor destino para o Bahia se algo em torno de 40 mil sócios for às urnas para eleger o próximo presidente. Só assim os famigerados grupos políticos deixarão de ter a influência absoluta como tem acontecido desde que eles surgiram. Exceção para o grupo +Bahia que resolveu (...) não permitir uma eleição por aclamação.

As eminências pardas precisam perder espaço urgentemente no clube e só o torcedor pode fazer isso acontecer. Caso contrário, será sempre uma no cravo e outra na ferradura.

"O ato verdadeiro da descoberta não consiste em descobrir novos territórios, mas sim vê-los com novos olhos".

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