é goleada tricolor na internet
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Publicada em 19 de novembro de 2014 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O Bahia que queremos, o Bahia que temos e o Bahia que poderemos ter

Praticamente consumado o rebaixamento para a Série B do Brasileiro, seguem o Bahia e sua torcida na preparação para o futuro. Não vamos falar nesta coluna de culpados ou responsáveis, pois quem está sentado nas cadeiras de presidente, diretores e conselheiros tem, cada um, a sua cota de responsabilidade e não necessariamente de culpa no sentido de dolo.

Enxergando o clube dos pontos de vista político, administrativo-gerencial e futebolístico, nota-se ainda uma adaptação das placas tectônicas políticas no primeiro, o lançamento de uma semente que pode germinar vigorosamente no segundo e o mais do mesmo, mesmo mesmo, no terceiro.

Do ponto de vista político, o que antes era pró-Eternos e anti-Eternos começa a se diversificar. Antes, um inimigo em comum movia todas as oposições de então no sentido de unir forças em busca do regime democrático no clube. Uma vez conseguido isso via intervenção e praticamente aclamação de Fernando Schmidt, a lua-de-mel findou-se e os problemas começaram a se revelar com o passar do tempo.

Com uma administração voltada ao gerencial e um plano de trabalho que privilegiou apostas arriscadas no setor futebol, Schmidt e equipe, em um ano e meio, tentaram seguir uma linha que começou a se perder na vala comum da tentativa-e-erro, nem sempre ao lado de pessoas comprovadamente competentes em suas áreas de atuação. Com o passar dos meses, diretores saíram, outros dirigentes desviaram suas funções e passaram a interferir diretamente em áreas finalísticas e as áreas-meio sofreram influências as mais diversas, culminando com a descontinuidade do caminho inicialmente traçado.

Em razão de tal descontinuidade, dentro da direção do clube e dos Conselhos Deliberativo e Fiscal, os grupos ideológicos começaram a se estranhar, e deste ovo mal chocado nasceu o pinto (lá ele) que se tornará a galinha do micro-cosmo político-partidário simulacro do que ocorre na Praça dos Três Poderes em Brasília. Não vejo tal fenômeno como algo nocivo, e sim como consequência direta do processo democrático, onde o bom senso deve prevalecer, e alguns interesses postos em posição secundária ou terciária. Mas estamos falando de seres humanos, com seus sete pecados capitais à toda prova; e é batendo cabeça que se aprende a não errar. A democracia é um bebê de colo no Bahia, e desta forma deveria ser encarada.

Atualmente, o torcedor mediano tricolor se depara com um grande dilema: qual seria o segredo do sucesso tricolor? Apostar num grande time de futebol, sendo que este deve ser o foco do clube do curto ao longo prazo; ou o segredo seria apostar primeiro no fortalecimento institucional no Bahia através do modelo gerencial? Do ponto de vista administrativo-gerencial, a passagem de Reub Celestino na diretoria financeira lançou as sementes de um trabalho que poderá ser resgatado pela futura gestão, visando primeiramente sanear as contas do clube; sendo que um dos mais visíveis resultados deste trabalho foi a manutenção dos vencimentos do elenco profissional em dia durante boa parte do ano. Sob tal bandeira, Celestino pediu conta do clube em seguida, alegando ingerências ou coisa parecida em seu trabalho, provocando certa consternação em segmentos da torcida. Ficou a semente da importância de um modelo gerencial diante do exposto.

Do ponto de vista do futebol, mais do que visíveis foram as contratações de jogadores cujo perfil é bem conhecido do torcedor tricolor, com exceção dos contratos bizarros (da gestão passada) de jogadores que retornaram recentemente de graves contusões e/ou encostados em clubes do Eixo Rio-São Paulo e até de obscuros clubes do Exterior. Jogadores não titulares em suas equipes de origem, de currículo mediano para baixo, reservas de times do Eixo, jogadores em fim de carreira etc. Some-se a isso tudo a manutenção dos supostos acusados de entregar os mais vergonhosos clássicos Ba-vi em todos os tempos na equipe principal.

Ao contrário do que Schmidt havia prometido, empresários aparentemente continuaram a dar as cartas, e dirigente que deveria se ater às suas funções passou a dar pitaco em contratações que não eram da sua praia. Alguma novidade quanto ao futebol? Não. Basta lembrar dos elencos do passado e lembrar como foram contratados Dario e Cláudio Adão, por exemplo. Num passado de Série C, o veteraníssimo Sorato. Num passado recente de Série B, o fraquíssimo, porém carismático, Rodrigo Grahl. Para não dizer que não falei de flores murchas, o Primo de Messi foi um fracasso retumbante de público e bilheteria, quando deveria ter sido a maior aquisição para 2014. A diferença maior dos tempos atuais para os anos 80 talvez esteja no padrão de equipes formadas basicamente em casa no passado, sobreposto por times de aluguel com jogadores sem a menor identificação e compromisso com o clube.

Olhando para frente, e sabendo que o passado não volta, torcedores culpam estádios, gramados e arenas pela perda dos encantos do Bahia, quando diante de um passado de dirigentes-pavão invasores de gramados, públicos incontáveis com ingressos baratos em estádios feitos de açúcar e competições curtas com times mais parelhos; entendemos que o futebol mudou e o Bahia ainda está mais atrasado do que Barrichello no GP de San Marino de 1994 chorando a morte de Senna no Jornal Nacional de hoje.

Qual seria a fórmula ideal para montar uma grande equipe de futebol para a difícil segundona? Não arriscaria em dizer: “chame 3 craques de seleção que a torcida paga”, nem “temos que contratar uma equipe de nível de série B”, jargões mais do que batidos de dirigentes passados. Mas certamente enxugar a equipe atual sem desmontar a sua espinha dorsal. Lomba, Titi e Fahel já encerraram seu ciclo. Branquinhos, lincolns, marcos aurélios, kiezas, maxis e afins poderiam ser substituídos pelo que deu certo nas principais equipes da Série B atual ou em equipes intermediárias da Série A. O próximo presidente tricolor poderia ser mais avaro e se concentrar apenas em sanear as contas do clube enquanto investe na base, mantendo no momento apenas o essencial para não voltar a temida Cerei C… são possibilidades, para as quais tenho minha opinião pessoal, mas prefiro que o leitor desta coluna reflita a respeito.

O futebol é o carro chefe do Bahia e isso nem o mais pragmático tricolor pode negar. Quanto mais for protelada a permanência nas séries sub-A do brasileirão, pior será inclusive em termos de receitas. Mas um plano de metas em longo prazo seria interessante também, mesmo que custasse mais alguns anos lá embaixo, porém com possibilidade de um retorno futuro sem sufocos ou ilusões… creio também, que um plano de reestruturação do futebol passe por um treinador que se encaixe bem no perfil desejado pela próxima presidência do Bahia.

Hoje, o torcedor do Bahia não tem o que comemorar: exceto acessos, campeonatos baianos, fugas de rebaixamento, classificações para competições internacionais com direito a eliminações precoces no Peru e um ou outro triunfo significativo contra equipes do G12 – usualmente comemorados como se “não houvesse amanhã”. Pensar e olhar para o alto seria o primeiro passo para poder segurar na corda e sair do poço.

Está nas mãos do torcedor (representado pelo sócio-eleitor) decidir: o melhor modelo é o que pensa no amanhã ou que pensa no depois de amanhã?! Lembrando que o Bahia não poderá olvidar tanto um nem outro, em razão da situação delicada que se encontra. Politicamente, ainda tem muita água para rolar debaixo da ponte. Administrativamente, a semente plantada do planejamento estratégico só precisa ser regada constantemente. Futebolisticamente, não creio em grandes surpresas num curto prazo, talvez sendo necessário usar a inteligência e até cortar um pouco na própria carne se quisermos sair desse marasmo de tantas decepções e alegrias fugazes. Talvez subamos para a primeira em 2015, mas se não mudar vai cair de novo.

Matematicamente, ainda há esperanças: mas alguém aí acredita em quatro triunfos seguidos ou em milagres? O “life” já foi gasto por Raudinei e Charles e não temos tantas fichas para apertar o “continue” assim.

Saudações Tricolores!

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