é goleada tricolor na internet
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Publicada em 4 de setembro de 2014 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O bom, o mau e o feio

O campeonato brasileiro segue com a dupla maior do futebol baiano segurando a lanterna da competição. Faltando uma rodada para encerramento do primeiro turno, o Bahia deverá enfrentar um concorrente direto ao não-descenso em seus domínios numa partida na qual será terminantemente proibido empatar: mais um capítulo da novela do time que não deslancha depois de trocentas contratações, da falta continuada de um camisa dez de ofício depois do lamentável dramalhão envolvendo o argentino, do nove que só pega bola mascada e do outro argentino que não disse a que veio. Segue o time na pegada da muralha de volantes cabeça-de-bagre no lança-pra-frente-que vai-que-dá-certo.

Mais uma vez o campeonato de pontos corridos se mostra uma competição feita para quem tem “bala na agulha”. Segue a Raposa do Helicóptero aparentemente imbatível, passeando com garbo no campeonato que tem o nosso maior rival pernambucano como concorrente “por fora” ao G4 de cima, se tiver fôlego para tal ao termo das próximas 20 rodadas, o que é pouco provável ocorrer.

Por sinal, os leões de Pernambuco foram às compras e contrataram bastante, inclusive um malfadado ex-centroavante do Vice-de-Tudo, que tem feito lá seus golzinhos. Tal investimento, contratando um cartel de refugos do futebol sudestino, tem dado certo, e é natural que a nossa torcida se pergunte “o que eles tem que eu não tenho?”. Não saberia apontar, a princípio, alguma receita de sucesso para o pessoal do Recife, mas há elencos que “dão liga” e principalmente tendo o antipático ex-Canabrava em boa fase marcando gols decisivos. Por outro lado, torcedores se lamentam do fato de o Bahia não ter repatriado o ídolo dos tempos de Série B Jael, que está fazendo gols de tudo quanto é jeito em Joinville… será que numa série A o polêmico matador teria o mesmo desempenho, especialmente num time com dificuldades no meio-campo?

O elenco do Bahia, de uma maneira geral, é composto por atletas de perfil “refugatório” assim como o do Sport Recife, porém menos famosos do que muitos dos atletas rubro-negros (a famosa política do medalhão). Contudo, algo não tem dado muito certo pelas bandas do Fazendão. Há de se indagar se o elenco sofreu com a ausência do veterano Lincoln ou se há jogadores mal-escalados. Há aquela dúvida também que nos assola: será que dentro do elenco há de fato alguma influência nefasta? Será que o [medalhoso e caríssimo] treinador Kleina vai conseguir administrar tudo isso em tempo hábil e devolver a equipe ao rumo dos bons resultados em campo, saindo da maldita Zona?

Campeonato brasileiro é competição para quem tem dinheiro. Não basta contratar um monte de jogador mediano, e sim é preciso ter peças de reposição à altura, o que não tem sido observado no Bahia. Eu prefiro ser mais cauteloso com o exemplo do Sport pois quando as contusões, cartões amarelos/vermelhos e suspensões começarem a pipocar na Ilha do Retiro, veremos realmente se o futebol deles deu certo ou se é apenas um fogo de palha. Na hora do pega-pra-capar, só os fortes sobrevivem no Brasileirão.

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Recentemente estourou mais um escândalo institucional no Bahia, envolvendo perda de atleta por falta de pagamento de tributos. Diante deste fato, temos que manter a coerência diante do discurso de textos passados e exigir que se apurem responsabilidades por este fato. Seria de bom-tom inclusive que os supostos envolvidos esclarecessem diante da torcida o problema em seus mínimos detalhes, de preferência com elementos probatórios.

Este problema, mesmo sendo originado na gestão passada, teria obrigatoriamente que ser sanado de alguma forma pelos atuais gestores. Inclusive, os nomes em particular não devem ser pretexto para condescendência com erros, e a definição de responsabilidades deve ter a sanção devidamente proporcional ao dano causado.

O que o torcedor e o sócio em particular precisam entender é: a) em qual gestão houve o problema? b) o que esta gestão está fazendo para sanar este problema, que não pode ser ignorado “porque é da gestão passada”; c) qual o tamanho do dano?; d) é possível sanar o dano?; d) quais as medidas definitivas tomadas pela atual direção diante de tudo isso?

Lembrando que numa instituição a figura do líder não deve jogar toda a responsabilidade em cima de subordinados quando de uma falha destes, e sim assumir para si o erro e sancionar o subordinado dentro do que couber.

Fora disso é querer politizar o pleito eleitoral que virá no final do ano.

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Finalmente, aproveito e peço licença ao colega Djalma (que abordou muito bem o tema no seu último texto, dentro do seu ponto de vista) para opinar rapidamente sobre o tema racismo, novamente em evidência após o lamentável episódio ocorrido em Porto Alegre há alguns dias. Primeiro: o povo brasileiro é em geral racista, pois na nossa cultura ainda há coisas grudadas como chiclete que habitam nosso subconsciente. Segundo: o racismo à brasileira, ao contrário do americano, é mais de classe social do que de cor de pele, pois a associação entre etnia e pobreza ainda nos remete ao tempo da escravidão. Terceiro: a midia é corresponsável pela manutenção de certas atitudes preconceituosas, visto que em certos casos dá notoriedade aos ofensores quando de sua exaustiva exposição.

Chamar uma pessoa de macaco em razão de sua cor é algo notado em todo o mundo, especialmente na Europa. Alguns diriam que “daqui a pouco os xingamentos ao juiz serão passíveis de sanção”, mas a grande questão é o sentido e a intenção que são dados às palavras. Do mesmo modo que o adjetivo nigger é um insulto gravíssimo nos Estados Unidos, que exacerba a sensibilidade da sociedade, a alcunha de macaco é algo condenável e sinônimo de falta de civilidade, no mínimo, de quem profere tal termo.

A sanção de exclusão do Grêmio da Copa do Brasil parece exagerada, possivelmente induzindo os contrários a argumentar sobre possíveis sabotagens de torcedores adversários. Porém, do outro lado era o Santos (um time de outro Estado cujo maior ídolo é o pretíssimo Pelé) que estava jogando, e certamente naquela hora não havia torcedores santistas fazendo coro contra seu próprio atleta, haja vista que foram devidamente identificados.

Sem embargo, vejo a exclusão do Grêmio como uma tentativa extrema da CBF de acabar, ou tentar minimizar um pouco, esta praga que ainda contamina nossa sociedade, pelo menos do lado de dentro dos estádios. Da próxima vez o torcedor gremista vai pensar duas vezes antes de falar besteira… inclusive contra os torcedores do Internacional, clube que, à semelhança do porco palmeirense, adotou o macaco como mascote numa forma de contemporizar esta alcunha pela qual são denominados pelos tricolores gaúchos… e quem não lembra daquela versão, tendendo ao cinismo, de que os “macacos” já trepavam nas árvores em volta do antigo campo dos Eucaliptos??

Finalmente, o que eu acho errado é pregar aquela mocinha na cruz e depositar toda a conta do racismo em cima dela. Esqueçamos a garota e deixemos ela se entender com a polícia. Afinal, não foi apenas ela quem estava gritando… neste caso a melhor resposta aos racistas é deixá-los sozinhos com suas próprias consciências.

Esta é a opinião de um brasileiro negro que, embora nunca tenha sido tão ostensivamente atacado (um pouco em razão da minha posição social), sabe um pouco do que é lidar com seguranças à espreita, policiais desconfiados, caras viradas, pessoas mudando de calçada e comentários jocosos nas entrelinhas. Nesta vida já fui de pagodeiro a jogador de futebol: só esqueceram de me avisar que já fui tudo isso. Estou aguardando me chamarem de cotista, mesmo tendo quase 13 anos de formado… segue a vida.

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Só não desejo saudações multicores porque pega mal… ops! estou sendo preconceituoso… um abraço a todos e vamos aprender mais um pouco a conviver. Até os torcedores do vice são gente.

Saudações Tricolores!

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