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Publicada em 1 de fevereiro de 2009 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O direito de encher Pituaçu

Na quinta-feira passada (dia 29) peguei um tremendo engarrafamento na Paralela, por volta das 19h30, no trajeto entre o centro da cidade e Stella Maris. Quase uma hora dentro do carro. Era o engarrafamento do Festival de Verão, uma espécie de crônica da morte anunciada que ocorre todos os anos em Salvador. No dia seguinte, indo para o mesmo destino, tentei escapar do caos fazendo o trajeto pela orla. Foi pior. Fiquei mais de duas horas no tráfego.

O Festival de Verão acontece todos os anos no Parque de Exposições e recebe mais de 50 mil pessoas diariamente, durante quatro dias seguidos, sem nenhuma estrutura especial de estacionamento. O pessoal bota o carro como pode, onde pode e às vezes até onde não pode. Isso gera um engarrafamento que repercute em grande parte da cidade.

O Festival já está perto de virar tradição na cidade e a própria população sabe compreender que eventos que envolvem milhares de pessoas sempre geram algum tipo de transtorno. Esse é o preço a pagar quando se quer realizar eventos de grande porte – como o Carnaval, o Festival de Verão, grandes shows ou grandes jogos de futebol.

Que eu me lembre, nunca se cogitou reduzir por decreto o número de participantes em eventos desse tipo. O que limita a presença de público é a capacidade do equipamento ou do local onde se realiza o evento. Se o Parque de Exposições comporta 60 mi pessoas, colocam-se à venda 60 mil ingressos. Se no circuito Barra-Ondina cabem 500 mil pessoas, é algo próximo dessa quantidade de gente que vai aparecer por lá no Carnaval.

Portanto, se no estádio de Pituaçu cabem 32.400 pessoas, que se possa colocar à venda 32.400 ingressos. Não é possível o poder público tratar as coisas com dois pesos e duas medidas. Na inauguração do estádio, à qual compareci, a confusão no trânsito criada pelo evento não foi maior do que a normal. Eu estacionei na área da loja Ferreira Costa, saí do estádio uns quinze minutos depois do jogo e não tive maiores problemas para chegar em casa. O tráfego estava lento, intenso, mas em vinte minutos eu estava em casa. Soube depois que cerca de uma hora, uma hora e meia após o jogo o público já tinha sido todo escoado e o movimento era normal na área.

O bom senso aponta para a conveniência de se liberar imediatamente a capacidade real do estádio de Pituaçu – o ideal seria que já a partir do jogo da próxima quarta-feira –, ao invés de insistir nessa palhaçada de limitar a 20 mil torcedores a entrada de público num estádio moderno, confortável, seguro e no qual cabem mais de 32 mil pessoas.

Insistir nessa limitação de público em Pituaçu fica parecendo coisa de torcedor do Vitória, sinceramente.

Aliás, a turma rubro-negra está enfurecida com o governador Jaques Wagner por ter ampliado o estádio Roberto Santos. E manifestou isso explicitamente através de faixas e gritos de guerra da torcida, impublicáveis, contra o governador, no último jogo do Vice em seu campo. Tremenda idiotice. Certamente eles queriam que Salvador, terceira maior capital brasileira, continuasse tendo como único estádio (depois do falecimento da Fonte Nova) aquela pocilga onde eles jogam e não gostam que ninguém mais jogue. Não tem como enfiar na cabeça dessa turma sem cérebro que o Governo do Estado fez um equipamento para o povo baiano, não para o Bahia.

Por isso, sem sombra de dúvida, fica plenamente justificado o grito de guerra da torcida do Bahia durante a inauguração de Pituaçu: “Rubronegro, otário, meta no c(…) o seu aterro sanitário”. Pois é, diante das circunstâncias não resta senão concordar com a galera. Vox populi, vox Dei.

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