é goleada tricolor na internet
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Publicada em 13 de abril de 2013 às 00:00 por Vladimir Costa

Vladimir Costa

O fim de uma ditadura e a ascensão de uma milícia

O resultado do ultimo Ba-Vi ainda causa gastura em muitos torcedores, desde aqueles mais apaixonados aos mais críticos e realistas o sentimento é unânime: um “mixto” de vergonha e revolta com o espetáculo bizarro promovido pelos “atletas” do Bahia.

Mais triste que o placar humilhante numa data histórica e mostrada ao vivo para metade do planeta é saber que, na realidade, aquilo foi a demonstração do poder que a milícia formada por jogadores e um ou dois empresários tem dentro do Bahia.

Acho que é a primeira vez na história do país em que um grupo desarmado conseguiu derrubar uma ditadura estabelecida há décadas e que até então parecia perpétua.

Apesar do ineditismo, não é difícil de entender o que houve na república peninsular do gel com rótulo verde. Para isso, é necessário relembrar como sempre se deu a sucessão de poder no clube:

O Bahia sempre foi um time de donos. Surgido na década de trinta, veio desde então mudando de donatário sem nunca considerar a opinião daqueles que se julgam seus donos, a torcida. Os mais velhos hão de concordar: nem na época de Osório havia democracia. Quem decidia tudo era ele, com a anuência dos conselheiros.

Seu discípulo de sobrenome felino assumiu a capitania hereditária, levou o clube ao auge tanto dentro de campo, com a conquista de mais um nacional, como com um número considerável de sócios em dia com o clube – nem nessa época havia democracia e o clube continuava sendo possuído por meia dúzia de cardeais/baluartes/abnegados.

Depois de sua saída, começou a verdadeira desgraça que nos leva ao Bahia de hoje. Os próximos arrendatários do Fazendão conseguiram reverter um caixa positivo decorrente da venda de Uéslei e Marcelo Ramos no final de 94 para um time deficitário e que tentou com todas as forças ser rebaixado por três anos seguidos, conseguido tal feito apenas em 97.

Em 98 há uma nova mudança: assume o trono o patriarca da famiglia Guimarães, dinastia essa que perdura desde então e cujas terras se estendem da península itapagipana até Itinga. Ora, para manter um reinado tão vasto se fazia mister para o sucessor do patriarca firmar alianças com novos aliados, distribuir feudos entre esses aliados e mesmo aceitar inimigos dentro da corte, contando com a anuência daqueles que podiam apresentar um contra-ponto ou mesmo se opor a essas medidas mas que preferiram ser mais passivos que o gado ovídeo a caminho da tosquiadeira. A plebe? Como sempre, só servia para sustentar todo o sistema.

O novo reizinho da Coroa de Bozzano acreditava que essa era uma forma de modernizar seu governo sem, contudo, colocar a possessão de sua família em risco. O que o valente rei (ao menos nas redes sociais), do alto de sua ingenuidade não imaginava é que esses mesmos aliados se rebelariam contra ele. Mercenários de meia pataca, aliados mal-intencionados e inimigos dissimulados tomaram as rédeas das mãos do Rei-dos-rótulos-verdes-com-gelo-de-água-de-coco.

Hoje, o reizinho ainda acredita que ainda consegue comandar montado em seu troninho- ou ao menos ele diz que acredita, por maiores que sejam as evidências em contrário. Até mesmo algumas ovelhinhas começaram a balir, cansadas de serem apenas tosquiadas e humilhadas repetidas vezes. A plebe? Está esperando o jogo de amanhã para esquecer o resultado de ontem, como sempre.

Analisando a situação é fácil concluir que a situação da Família Surreal é digna de pena. Equipara-se à da Família Windsor na Grã-Bretanha, cheia de pose, mas que não manda nem no palácio que mora: o de lá é bancado pelo estado e o de cá jaz no poder da milícia. Sufocado por um lamaçal de contratos e acordos que ele mesmo assinou, o pobre menino mantém a pose ainda que a lama já tenha alcançado seu protuberante queixo.

Sem dinheiro para dispensar os mercenários sem polegar, ou mesmo contratar novos, resolveu trazer um bobo da corte que repetidas vezes desdenhou de seu reino para ao menos tentar tapear os mercenários de maneira que eles voltem a se submeter ao Rei de direito.

Enquanto isso, o reino vizinho do auge de sua mediocridade regional consegue um pouco de regozijo por saber que tem outros piores que ele. A milícia, mesmo com a chegada do bobo, fica cada vez mais forte, os feudos recém- tomados pelos “aliados” já não rendem tantos frutos para o reino, e a plebe? Ah, a plebe… a plebe segue recebendo exames de toque retal lubrificados com areia.

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