é goleada tricolor na internet
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Publicada em 10 de setembro de 2013 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O início, o fim e o meio

Às vezes eu me perguntava por que o torcedor do Bahia estava tão calado. Não falava de futebol quase nada. Nem sorria como lhe era de costume.

O torcedor, mesmo assim, pensava no clube toda hora, e nos dirigentes que carcomiam o clube, cuspiam na sua cara e o deixavam ao “relento”. Muitos não entendiam, mas o tempo acabou por lhes mostrar a verdade.

Subitamente eu me lembrava: vivíamos sem a menor perspectiva de futuro, no que diz respeito ao clube. Rebaixamentos seguidos, goleadas históricas jamais havidas (bom frisar), dirigentes sorrindo, tomando uísque importado, mandando o torcedor sodomizar a si próprio. Não, não que o Bahia vivesse na UTI, posto que sua torcida o socorreu prontamente nos piores momentos, salvando-o das séries infernais graças à sua paixão e vibração. Triste foi ver dirigente deposto se locupletando disso como se fosse feito próprio… de qualquer maneira, passamos de doente de UTI a convalescente nas enfermarias de longa permanência, para tratamento da mediocridite crônica que já se enraizara na alma do EC Bahia.

A Luz das Estrelas, representada pela ação da Força Maior travestida do Tempo Implacável, transformou a escuridão do luar em uma alvorada bela e magnífica, trazendo a Esperança e dissipando o medo de amar. As coisas da vida são assim, nos mostrando a cada dia que não há mal que sempre dure.

O medo do time fraco afastava o torcedor e o blefe dos jogadores nos conduziu a humilhantes quedas perante o Rival. Mas bendito seja este Rival! Piada pronta que é, fez-nos o eterno Vice-de-Tudo o maior de todos os favores: despertar definitivamente o torcedor mediano para os gravíssimos problemas de dentro da agremiação. Quantas cinderelas não caíram das nuvens naquele clássico, dissipando-se-lhes força na imaginação!

Enquanto isso, dirigentes fingiam fazer sacrifícios, ignorando as placas sinalizadoras da contramão da História. O torcedor, com sangue nos olhos, jurava-lhes a cada dia maldição.

“Por que tanta pergunta?”, indagavam ao torcedor indignado os antigos dirigentes. Perguntas não mostrariam ao torcedor o porquê deles se intitularem dinâmicos e futuristas, acima do bem e do mal, mais importante que os quatro elementos da Natureza…

O torcedor precisava tomar o seu clube e tê-lo para si todo dia. Mas não sabia se isso era bom ou se era ruim. A força estava dentro do torcedor, certamente, e não no acaso ou no mágico ou magnífico.

Um belo dia, um homem que nasceu praticamente dentro do clube, indignado com o que via, resolveu apelar ao Poder Judiciário para ter pelo menos o direito de ter voz por um pleito eleitoral justo na instituição.

Conseguiu, mais tarde, muito mais do que isto: não somente comprovou a improbidade do pleito, de acordo com a Justiça, como também suscitou uma intervenção judicial sem precedentes no Bahia.

O desfecho, inclusive, mostrou que liminares, agravos e afins foram apenas pequenas pedras no caminho que serviram para erguer a fortaleza tricolor, numa perspectiva fernandopessoense.

A mão áspera e dura do carrasco tricolor deu lugar à mão suave e macia da Democracia, como todos sabem.

Obrigado, Jorge Maia, por ter sido a mosca na sopa destes homens; por ter sido os olhos dos cegos e a cegueira da visão feudal, patrimonialista e personalista que antes havia no Bahia.

O amargo da língua de homens tóxicos não retornará ao intra-muros do clube tão cedo. Às aclamações da realeza, inclusive aos elogios desmedidos de seus assessores-asseclas, que se deem lugar ao contraditório, aos questionamentos, aos debates e à certeza de que ninguém é eterno nem absoluto. Parabéns, inclusive, ao novo Conselho, enxuto, heterogêneo e certamente atuante doravante.

O filho que ainda não veio é o Futuro. Não o conhecemos ainda, mas podemos “educar bem” este “filho” a fim de que cresça forte e saudável física e mentalmente.

A eleição do Sr. Fernando Roth (sobrenome de retranqueiro?!) Schmidt para presidente do Esporte Clube Bahia é apenas a primeira fase do segundo turno do campeonato de reestruturação do clube. No primeiro turno, a linguagem era essencialmente judicial. Agora, o jargão será o da gestão e do planejamento estratégico.

Primeiramente, é preciso SANEAR o clube financeira e administrativamente; e não contratar “jogador de seleção” e “ganhar todos os campeonatos que disputar”, como normalmente os Salvadores da Pátria de plantão costumam prometer. É preciso manter o time de futebol funcionando, é claro; é preciso se manter na Série A e brigar pela hegemonia local, é claro, mas, e esta é uma esperança-quase-certeza; espero que todas as vezes que meu time entrar em campo, que saia sempre, se derrotado, de cabeça erguida, com jogadores comprometidos no que fazem com profissionalismo. Creio que, num curto prazo, notemos diferenças na metodologia de contratações e administração interna; e, num prazo de 3 a 5 anos, os resultados dentro de campo serão traduzidos em taças e outras conquistas mais significativas.

Um Conselho Deliberativo renovado será, acima de tudo, o maior fiscalizador da gestão do Sr. Schmidt, e será o elemento maior de cobranças e chamamentos para endireitamento caso cometa equívocos. O Conselho é o parlamento do clube, a representatividade maior do torcedor e não um Conselho Real que apenas homologa as decisões do Rei.

É hora de arregaçar as mangas, finalizar a Lua-de-Mel quando possível, e saber que num casamento, a co-laboração é fundamental. Num casamento, inclusive, crises e desentendimentos são parte do processo enquanto os dois consortes tiverem paciência, devendo interromper imediatamente os períodos de descontrole e colocando a cabeça no lugar em nome da solução e não da postergação ou lamentação. Que assim seja entre o EC Bahia e sua torcida.

Sabendo que crises financeiras são uma das maiores causas de divórcios, é preciso paciência mais do que nunca, tendo-se em vista as assombrosas dívidas do clube neste momento. O torcedor mediano do Bahia, sabe-se, é imediatista, carente e distímico em excesso, e esta observação serve bem como alerta.

Parabéns a Rui Cordeiro e Antônio Tillemont, por representarem a Democracia acima de tudo. Num pleito eleitoral há vencedores, mas nem sempre os outros partícipes podem ser qualificados derrotados de fato. A experiência de ambos pode contribuir para a democracia tricolor de outras maneiras, com suas opiniões e eventuais críticas sobre o clube, sempre ouvidas por parte significativa da torcida e imprensa.

Parabéns à torcida engajada, representada pelos movimentos MUT, RT e ABL, antigos lutadores pró-democracia que doravante estarão aconselhando bem o clube. Parabéns aos integrantes do fórum de discussão deste site, que emplacaram alguns torcedores como titulares e suplentes deste Conselho, graças às suas opiniões cada vez mais ouvidas fora desta página eletrônica.

Aos depostos e destituídos, que as suas consciências os relembrem do que foi feito de bom e de ruim, e do que é melhor a se fazer daqui para frente. Que respondam pelos seus atos na medida do que lhes couberem e de acordo com suas responsabilidades individuais/coletivas, se for o caso. Que a Justiça dos homens garanta qual o quinhão de cada um em todo o processo. Os depostos e destituídos são, acima de tudo, torcedores como todos nós; e um dia poderão retornar ao clube como qualquer outro que assim se habilite e seja assim homologado pelos sócios. Mas, caso voltem, encontrarão outra realidade e terão que se adaptar a ela, pois o Tempo não pode parar e estamos ficando cada vez mais para trás na História.

A Democracia é o início, o fim e o meio.

O início de uma fase de superação dos próprios limites de um clube nordestino e coberto de dívidas.

O fim de uma era de mediocridade, personalismo e patrimonialismo dentro do clube.

E é apenas o meio para concretizar as mudanças necessárias dentro do clube para que estes limites sejam superados, bastando que o torcedor “de arquibancada” ou “de radinho”, o sócio, o Presidente e os conselheiros queiram e façam por onde.

E é muito bom voltar a falar de futebol!!!!! Daqui para frente, esta seção de “Colunas” também mudará muito por conta deste novo tempo.

E finalizo mandando um abraço ao pessoal do açougue. O charque, se Deus quiser, vai virar apenas suicídio de hipertenso: uma iguaria bastante apreciada na Caatinga e no Sul do Brasil…

Saudações Tricolores!!!

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