Não acho que me cabe bem o papel cabotino de me autorreferenciar. Soa pedante e outras milongas mais. Entretanto, como o título desta coluna é sobre a função da crítica, tomei a liberdade de mandar às favas essa controvertida modéstia que me aprisiona.
Em duas colunas anteriores que escrevi para este altivo canal recebi reações pouco comedidas de algumas correntes do clube. Entre afagos como “jornalista de merda” e com “falta de caráter” surgiu até uma situação de manifesta agressividade.
São efeitos colaterais do papel ingrato que tento cumprir com a crítica. Mas não suficientes para aquiescer o ímpeto que cabe a um jornalismo independente, léguas distante dos princípios que regem a benevolência fraterna. Dito de outra forma, ou o jornalismo incomoda ou é piquenique entre amigos com PAU DE SELFIE.
E bem, acho mesmo que prefiro uma radiografia detalhada a uma foto narcisa.
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Em um mês de comando — completados no último domingo, 18, — há pontos em aberto na gestão de SantAna que merecem considerações. Um é o fato da diretoria de mercado permanecer desocupada em prejuízo das ações que poderiam ser desenvolvidas neste intervalo.
A última informação de dentro do clube é que o Bahia estaria na iminência de fechar com Jorge Avancini, ex-diretor de marketing do Internacional. O contrato já estaria formulado, dando margem a premiações caso Avancini superasse o principal desafio desta gestão: alavancar novas receitas.
O problema é que a novela se arrasta sem prazo para o capítulo final. Para quem foi eleito pela bandeira do profissionalismo tocar uma gestão — por mais de trinta dias — com uma diretoria desfalcada não parece tão condizente com o discurso de campanha.
Outras questões também urgem. SantAna NÃO se comprometeu com a estrutura deixada pelo ex-presidente Fernando Schmidt. Na campanha, ele se colocou no espectro da oposição, mas desde que assumiu não desmontou integralmente certas amarras políticas que ficaram como legado do último mandatário.
Por exemplo, ainda não se tem uma posição clara sobre a manutenção ou saída de Miguel Kertzman, ex-secretário municipal de transporte, que ocupa um cargo nas divisões de base do clube — numa indicação pregressa essencialmente política.
Por enquanto, Kertzman permanece. Talvez usando sua competência na ordenação de trânsito para indicar aos garotos da base métodos de se fazer uma conversão da direita para a esquerda com segurança.
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Mas há, sim, uma outra face de pontos elogiáveis.
O jogo Bahia 3×2 Shakhtar Donetsk resgatou parte da auto-estima do torcedor perdida após o rebaixamento, ao passo que proporcionou um belo espetáculo.
Gostei também da contratação de Léo Gamalho, 28 anos, para ser o centroavante do tricolor.
Depois da frustrada tentativa com Jael a nova aquisição obedece uma lógica de um jogador barato, com raízes no futebol nordestino e — ao que os números indicam — eficiente.
A ver!
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