A evolução do pensamento humano, infelizmente, não é um dado positivista. Isso significa que não tem propriedades uniformes, contínuas e seja abrangente a todos.
Mesmo que uma considerável parcela atinja um determinado senso crítico, uma reflexão científica e desconfie de enunciados absurdos ainda haverá espaço para os doces ingênuos.
Eles trazem consigo pensamentos mágicos irascíveis e acreditam num mundo tanglomanglo, com fábulas bruxelantes. Daí serem tão `manipuláveis` por quem detém o poder.
No futebol, o pensamento mágico está presente na essência do esporte. O torcedor é, antes de tudo, um otimista. Acredita que seu clube pode vencer mesmo com um elenco infinitamente débil ante um poderoso adversário.
Prende-se a estatísticas, retrospectos ou mesmo na inabalável fé que uma bola vadia traga-lhe o conforto e expurgue suas fraquezas.
Há ainda aquele torcedor que estende suas criações fantasiosas para as administrações esportivas. O tipo ideal.
Ele louva factóides como se engrandecessem seu clube e, a medida que os mesmos não se confirmam, esquece de cobrar responsabilidades.
Por que digo isso? Nos últimos dias a imprensa esportiva tem feito a cobertura dos movimentos do Bahia para contratar um novo técnico. A lista girou em torno de um nome pomposo: Levir Culpi (ex-Atlético-MG).
Mas não se confirmou.
O presidente do Bahia pensou em algo ousado, ao mesmo tempo que revelou uma face traiçoeira. Um nome de peso ajudaria a minimizar o fracasso no seu primeiro ano de gestão, concluiu, genialmente.
Um técnico de nome reforçaria a arranhada marca de arrojo e juventude que Sant`Ana tenta (ainda sem sucesso) imprimir ao seu mandato.
Tiro n`água.
O torcedor foi na onda. Embarcou no discurso que isso era parte de um Bahia grande. Que buscar um técnico expressivo no mercado era enxergar o clube de maneira expressiva.
“Quer dizer que o Bahia tem que procurar Arturzinho, Sapatão?”, escreveu-me um, via twitter.
Esse é o diabo do pensamento mágico. De imaginar que pode encontrar uma solução dos céus sem está pronto ou estruturado para ela.
O Bahia hoje não consegue trazer Levir Culpi. É um dado matemático. O Bahia está na Série B. O treinador pretendido é o atual vice-campeão brasileiro. Tem mercado livre em todos os 18 clubes da Série A (com exceção do Atlético-MG, que o dispensou, e do Corinthians, muito bem servido com Tite no momento).
E pra completar ainda tem espaço no exterior, onde, ao que tudo indica, deve ser seu destino.
Prefiro acreditar, embora tenha tido várias provas contrárias, que a direção tricolor tem ciência das suas limitações e não vive em devaneios e delírios torpes.
Mas aí fica a indagação. Qual razão de incentivar essa insânia coletiva?
Inebriar o torcedor enganado? Incutir a imagem de uma diretoria forte? Amealhar o bônus (sem ônus) de um factóide que, desde gerado, nunca teve efetivamente a chance de se tornar real?
Sou plenamente a favor do sonho, das tentativas de ousar e de se fazer uma administração pautada pelo crescimento do clube.
Mas isso precisa ser uma ação efetiva. Não um pensamento mágico sem condições materiais de tornar-se real. Muito menos uma ação para ludibriar o torcedor ingênuo.
Ou isso ou 2016 já começa com um tiro n`água.
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