é goleada tricolor na internet
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Publicada em 1 de março de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Para a “elite” delirante e paranóica

Desculpem aí os leitores tricolores. Eu sei que este site é destinado a falar do Bahia e para a sua imensa e apaixonada torcida daqui e de alhures-overseas, mas depois da chapoletada de 2×1 que demos no BAvi de ontem, hoje eu vou dedicar essas mal digitadas linhas ao Vitória da Bahia. E só chamo “Vitória da Bahia” para não causar confusão com o Vitória-ES, que vencemos recentemente também, ou com o Vitória de Santo Antão-PE ou com o Vitória de Guimarães-POR, etc. É só por isso: não é para acirrar os ânimos e deixar os torcedores do Vitória da Bahia chateados com essa denominação que eles parecem execrar; é só para situar-me e situá-los. Infelizmente, eles não conseguiram ainda exclusividade no nome. O que é que eu posso fazer?

Não é segredo de estado o fato de que o Vitória da Bahia é um time extraordinariamente organizado – é o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United tupiniquim, tupinambá e tapuia. O Vitória da Bahia é time de elite e da elite. É o supra-sumo da carne seca. Todos os seus torcedores são mais esclarecidos do que a patuléia que tem outra opção clubística. Eles são naturalmente superiores. Coisa aristocrática mesmo. Não tem ninguém do povão lenhado naquelas bandas de lá de Canabrava. É a elite, a nata, a flor do azeite. Tem até torcida organizada deles que se coloca num nível ainda mais alto (como se possível fosse) e se auto-intitula “Grupo de Elite” – coisa inalcançável para os nossos padrões plebeus – a elite da elite!

O Vitória da Bahia tem estádio – negócio de primeiro mundo (e construído com recursos próprios!), com instalações luxuosas e nababescas; em terreno valorizadíssimo, comprado a peso de ouro, situado numa aprazível reserva ecológica e que alberga milhares de espécies animais pré-históricos, alguns especímenes em risco de extinção e outros ainda nem classificados pela entomologia , combustíveis fósseis a dar com o pau, o diacho. O estádio é auto-suficiente em todos os sólidos, líquidos e gasosos. É um Jurassic Park a serviço da excelência no futebol. “Os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis”. O nome do estádio é sempre dito num aumentativo, que podia até ser um superlativo ao estilo da elite pernóstica: Barradérrimo! A Fonte Nova, com sua denominação simplista, morre de inveja. Alguns detratores insistem em denominá-lo como o Monumental de Canabrava, o Colosso do Lixão, Sucursal do Couto Maia… A elite torce o nariz.

O Vitória da Bahia é time de Primeira Divisão. Nem sempre foi assim no passado remoto nem no passado próximo, mas é como se essa fosse uma realidade imanente e imutável na perspectiva dos rubro-negros baianos. O Vitória da Bahia não briga mais para não cair para a Segundona: a meta é ficar com a última vaga da sensacional Copa Sul Americana, coisa de elite. Já são dois anos seguidos em que a meta é atingida e o confronto com times como o River Plate (do Uruguai) garante o status de internacionalização e globalização desse clube do século XIX.

O Vitória da Bahia não almeja a conquista do título dessa copa ou de qualquer outro campeonato em nível nacional ou internacional. Isso é meramente secundário. O vice-campeonato é uma glória tão louvada para eles que a conquista do título de campeão iria causar uma crise de identidade traumatizante e de conseqüências imprevisíveis. O Vitória da Bahia não trabalha com imprevisibilidades. Tudo lá é meticulosamente planejado.

E o planejamento prioriza a conquista exclusiva do campeonato local, que, ultimamente, devido à escassez de datas, se transformou num mero torneio. Contando com o enfraquecimento do rival (o meu Bahia), que vem sendo sistematicamente fragilizado e desorganizado por grupos ineptos que se eternizam no comando do clube, e sabendo explorar os regulamentos de campeonatos locais, os quais insistem em dar vantagem nas finais a times de melhor campanha em todo o campeonato, mesmo quando enfrentam adversários diferentes ao longo da competição, o Vitória da Bahia viu aí a oportunidade para se vingar dos inúmeros revezes sofridos historicamente e tentar igualar os números acachapantes de títulos conquistados pelo Tricolor de Aço em épocas que o campeonato durava no mínimo 06 meses.

O Vitória da Bahia é o único time moralmente invicto no mundo desde o seu aparecimento no cenário esportivo – nunca perdeu uma partida nem levou um gol sequer! Todos os campeonatos que perdeu se deveram a conspirações de bastidores. Os torcedores rubro-negros, a elite intelectual do mundo, do universo visível e do universo paralelo, senhores da matéria e da anti-matéria, usando da sua superior e inigualável noção de justiça desportiva que eles julgam incorporar e teimam em demonstrar sem medo do ridículo, provam por a+b que todos os gols sofridos pelo vice (não resisti), até hoje, foram irregulares e são anuláveis. Isso chega até a ultrapassar o comum senso de justiça e se tornar um senso de “justiçamento”, de linchamento. Quando não supõem uma irregularidade qualquer nos lances propriamente ditos dos gols que sofrem, usam com maestria as teorias do “Efeito Borboleta” em que uma ação aqui altera uma ação acolá.

Se tomam um gol aos 10 minutos, imediatamente recorrem a um lance acontecido aos 5 minutos que, se tivesse tido um outro desfecho ou uma outra interpretação da arbitragem, inviabilizariam o acontecimento do lance futuro que resultou no gol contra seu time. Se não houver um lance desses para culpar, há sempre a possibilidade de responsabilizar o minuto de silêncio pelo atraso no início da partida, o uniforme do árbitro, o cansaço da partida na semana passada, o cartão amarelo que o jogador recebeu na primeira rodada, um suborno de seus jogadores… Eu não acho que eles sejam paranóicos ou delirantes. Afinal, eles são da elite! Eles têm autoridade e discernimento para defender esses pontos de vista que nós, da plebe, não conseguimos acompanhar.

Atenção senhores torcedores do Vitória: por mais atordoante que isso possa parecer, nós ganhamos esse último BAvi de 28/02/10 e devia ter sido de uns 3 ou 4. Antes que vocês consigam anular o jogo, reverter o placar, excomungar o juiz, permitam-me um momento de chamado a uma breve lucidez – nós ganhamos porque fomos melhores! Agora podem voltar à megalomania. Afinal, vocês devem ser elite até no manicômio.

P.S.: o árbitro Arilson Bispo da Anunciação está tentando seguir um caminho interessante de não considerar falta qualquer contato físico. Nessa linha, se ele não considerou falta o lance sobre Edílson que acabou originando o gol de empate do vice, não poderia considerar como faltosa a carga de Nen sobre Schwenk, no lance do pênalti tão reclamado. Arilson só precisa refinar o critério nesses lances de contato físico para se aprimorar e tornar o jogo mais fluente. Assistir aos jogos do Campeonato Inglês seria de grande valia para todos os nossos árbitros. E também para os torcedores da nossa “elite”. No mais, permitam-me apenas uma exclamação: BORA BAHÊÊAA!

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