Amélia passava fome ao lado de Ataulpho Alves e Mário Lago e ainda achava bonito esse ato de amor. Amélia os consolava, quando estes se irritavam, sabendo que não havia o que fazer. Ela não fazia exigências porque sabia que Ataulpho e Mário eram pobres rapazes.
O triste dessa estória é que ainda assim, com todo esse amor e dedicação, Amélia foi preterida (trocada, abandonada) por eles, que vieram a se arrepender depois ao se depararem com a realidade do mercado feminino.
Mas há males que vêm para o bem e, não fosse esse infortúnio, Amélia não teria se tornado tão famosa através dos versos de seus admiradores, como aquela que era a mulher de verdade, aquela que não tinha a menor vaidade.
Inspirado nessa bonita estória romântica, vou escrever esse ano uma carta a Papai Noel e pedir para que ele nos dê alguns presentes que nos sirvam para um ano de 2010 mais feliz que o atual.
Gostaria que o senhor, Papai Noel, botasse na cabeça da diretoria do Bahia que uma base do time atual deve ser mantida para o próximo ano. Queria também que os jovens das divisões de base tivessem oportunidade no time principal e que fossem poupados da fúria da torcida viciada em queimar a prata da casa.
Papai Noel, o senhor também poderia tirar da cabeça da diretoria esse factóide de um estádio maluco em parceria com o vice na estrada do CIA. Essa estória ridícula poderia ser afastada da imprensa também.
O senhor também poderia convencer aos diretores que o Bahia precisa de associação em massa, democracia, transparência, credibilidade e planejamento e que isso só acontecerá quando o clube for aberto através de eleições diretas de verdade, sem filtros. Na verdade, quem precisa de filtro é água suja, não o Bahia.
Eleições diretas de verdade, com qualquer sócio em dia com suas obrigações podendo votar e ser votado, seria um grande sonho que o senhor poderia realizar para nós nesse ano de eleições para presidente, governador e deputado.
O senhor poderia também ajudar a por um pouquinho de sabedoria, o mínimo que seja, no conselheiro do presidente (que se tornará eterno conselheiro, caso o estatuto fajuto seja aprovado). Aproveitando a deixa, peço ao senhor que não deixe esse estatuto equino ser aprovado.
Se não for possível atender a estes pedidos (afinal, pra que tanta exigência?) peço ao senhor que jamais faltem onze pessoas em campo vestidas com a camisa do Bahia, não importa a divisão em que estejamos atuando.
Nem é necessário que sejam jogadores profissionais, quaisquer onze pessoas vestidas com nossas camisas servem, desde que do outro lado haja mais onze vestidas com as camisas de qualquer outro clube e que não faltem o churrasquinho de gato, a cerveja quente e o ingresso de no máximo dez reais.
Acredito que o bom velhinho vai me atender, afinal a torcida do Bahia tem sido muito bem comportada – sem exigências em demasia -, só comparada a Amélia em termos de fidelidade e resignação. Antes que comecem a reclamar: em vibração, nem mesmo Amélia nos iguala!
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Aos torcedores que ainda têm alguma esperança de mudar o clube, deixo aqui o aviso de que deve sair convocação para a Assembléia Geral para alteração dos estatutos marcada para alguma data às vésperas dos feriados de final de ano, provavelmente na Tribuna da Bahia, em algum canto escondido do jornal. O intuito é pegar a torcida no contrapé e fazer passar na AG o que eles quiserem.
Essa é a velha prática do grupo que comanda o Bahia há décadas, do qual o atual presidente Marcelo Guimarães Filho, deputado federal, é o representante incumbido de mudar o estatuto a fim de manter o grupo mais vinte anos ininterruptos no poder.
Resta saber se a torcida será conivente, compreensiva e fiel novamente, tal qual a querida Amélia de Ataulpho e Mário.
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Solidarizo-me com o jornalista Joca Teixeira Gomes, filho do primeiro goleiro e fundador do Bahia, o grande Teixeira Gomes, e venho de público dizer que os métodos ditatoriais e incompetentes da Era Maracajá continuam mais vivos do que nunca na atual administração do deputado Marcelo Guimarães Filho. Joca, você não está sozinho!
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Mais uma vez o bandeira Alessandro Matos aparece mais do que o esperado em um jogo decisivo de campeonato, e dessa vez foi em São Paulo, onde a torcida não tem a tradição pacífica e passiva que tem a torcida do Bahia. O resultado foi uma ridícula cena de troca de socos e pontapés entre ele e um torcedor em pleno campo.
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