Vencer o Grêmio é mais do que uma questão de honra para mim, é uma obrigação futebolístico-familiar. Ser eliminado de uma Copa do Brasil, mais uma vez nas quartas de final e mais uma vez por um clube gaúcho, é mais do que uma frustração para mim. Que a raiva passe um dia, e a razão vença. Enquanto a razão consulta o VAR sobre as caneladas que darei doravante no bom-senso, eis o que se segue a respeito de mais uma frustração tricolor:
Ver o Bahia disputar partidas decisivas contra o chamado G12 me dá crises de ansiedade…. na hora que a partida se iniciou, parei no caminho para casa a fim de degustar algo alcoólico e relaxar um pouco. Na trajetória do Esporte Clube Bahia, jogos contra os mineiros das alterosas e os gaúchos dos pampas nunca me inspiraram confiança quanto a bons resultados (haja vista o retrospecto), e tinha aquele sentimento-quase-certeza de que, ontem, o normal seria mais um resultado adverso.
“Quem sabe não ganhamos nos penais?” “Quem sabe a estrela de São Raudinei dos Arrependidos da Ladeira não brilha?” Pensava entre um gole e outro de um malbec argentino, ante a suave brisa de uma noite seca do cerrado. Começava, enfim, o jogo… o Grêmio, com PhD em Copas do Brasil e similares, jogou com seriedade e firmeza, mantendo a posse de bola ao passo que o Bahia se defendia, mas não passava muito da intermediária do adversário…. jogo brigado e difícil, como há muito tempo não víamos da parte do Bahia. O belo gol gremista coroou um adversário que está a anos-luz do tricolor baiano e que deve lhe servir de espelho ou meta.
O Bahia não jogou tão mal: na verdade, emulando as palavras do presidente Belintani, faltou qualidade, o “tchan a mais”, o espírito de time copeiro, de time que decide e de potência nacional. Nem a grande torcida presente, apoiando freneticamente a equipe, tem mais resolvido o crônico problema do abismo técnico entre o Nordeste e o G12 nessa era do pós-2003.
Não adianta, Belintani, destacar que o Bahia jogou “com alma”, pois isso é desculpa de derrotado ante o óbvio: a caminhada para que o Bahia apareça na ribalta do futebol brasileiro ainda é longa e espinhosa. As recentes (e boas) contratações hão de reforçar a equipe em busca de duas metas importantíssimas a serem batidas neste ano: não cair e figurar na “primeira página” da tabela ao final da competição, com lampejos de esperança de uma pré-libertadores no vácuo do fracasso de terceiros postulantes ao referido posto.
O torcedor do Bahia, inclusive, pode perfeitamente exclamar “que cara azedo!” com o que vou dizer agora: está na hora de ignorar o que passou, ignorar o patético rival local e ignorar o incrivelmente moribundo campeonato baiano, se quiser olhar para frente e para o alto. Não adianta tantos aplausos para quem não cumpriu sua obrigação dentro de campo, uma vez que deseja ostentar a alcunha de bicampeão nacional.
Pode parecer birra de quem mora longe da Bahia há quase duas décadas, mas o que o Bahia deve conquistar está muito além das quartas-de-final de uma competição já vencida por monstros sagrados dos porões futebolísticos como Criciúma, Juventude e Paulista-Ketchup de Jundiaí.
Quem joga com alma é o exorcista, senhor presidente, seja o pastor, o padre, o médium ou o radiestesista de plantão. O Bahia tem que jogar para vencer, com alma de quem quer se superar, com espírito de um grande clube brasileiro. Caso contrário, que venham os memes zoando o defunto de canabrava, cuja alma já fora encomendada pelo Carneiro Cordeiro de Satanás ao Quarto dos Infernos, mais conhecido como Série D.
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