Ao longo da minha trajetória como colunista deste site, sempre enveredei pela pauta da crítica ácida e ferina à gestão dos ex-dirigentes tricolores e seus coligados. Incontestavelmente, e isso tem sido comprovado por meio de uma auditoria judicial, as gestões sob o comando daquele grupo eram um verdadeiro tormento na vida da instituição Esporte Clube Bahia. Em quinze anos, os rebaixamentos, desmandos, factóides e afins falam por si só.
Neste momento, temos uma diretoria eleita democraticamente, e da qual fui e sou um apoiador declarado por opção. Mas isto não significa que não devemos expor o que estamos no momento enxergando no cotidiano do clube e da equipe de futebol do ECB.
Com o resultado adverso diante do São Paulo Futebol Clube, mais um passo em direção à temida Série B pode ter sido dado pela equipe tricolor no Brasileiro-2013. A competição, cuja tabela aos poucos se afunila, já demonstra realidades factuais como a do Náutico, realmente rebaixado, e outras realidades como a do Vasco da Gama, cujo presidente e ex-ídolo do clube poderá amargar o segundo descenso da sua história, e se lhes pesando várias acusações de incompetência no comando da equipe. Inclusive, os “depostos” vascaínos, que atendem pelo sobrenome Miranda, ensaiam uma volta “triunfal” ao clube da Caravela no futuro próximo: reminiscências da democracia.
Grosso modo, quem está no comando é responsável pelos sucessos e insucessos de uma equipe. É de conhecimento público que Fernando Schmidt assumiu o Bahia envolto em diversos problemas de ordem financeira, administrativa e de recursos humanos. Preferiu a nova direção ao assumir adotar uma política de austeridade em relação às contratações, prestigiando o que já havia no clube e contratando uma opção barata vinda do Sul – um jogador promessa de um time secundário do Estado Gaúcho (isso após promessas falhas de “dois ou três jogadores sondados”). Tal escolha feita pela nova diretoria, no momento, está se revelando uma péssima escolha diante das evidências.
Resta agora pensar e refletir se não está na hora de se partir para um plano-B. O campeonato vai chegando ao fim, adversários dificílimos virão, e não percebi em momento algum poder de reação por parte desta equipe que atuou hoje na Fonte Nova, a despeito da evidente vantagem numérica durante o jogo.
O triunfo significativo diante do maior rival, em noite de gala na Fonte, deu a impressão de que às vezes podemos confundir mística, raça e vontade com técnica e organização. Um clássico não tem este nome à toa, e mais uma vez o parâmetro do rival, que está encostando no G4 de cima, ilude o torcedor imaginando que tudo estaria mudado. Há controvérsias.
Nesta tarde de triste lembrança para o torcedor tricolor, eu vi uma zaga inerte, laterais que não cruzam, quinhentos volantes que só fazem ligação direta, um Barbio procurando o Ken redondo de couro costurado em gomos e um dedicado Fernandão que não merece jogar numa equipe tão frágil. Fora isso, um treinador que saca o melhor jogador do time em campo e assiste impassível mais um fracasso.
Seria a culpa de Cristóvão?! Eu diria que às vezes diante de um material ruim pode ser necessário providenciar quem consiga obter um aproveitamento maior dele; e esse seria o tal plano-B. Mas pelo que vi o time jogar, e a esta altura em que faltam treinadores com “mercado”, eu penso que o tiro pode sair pela culatra…
Por outro lado, há de se esclarecer o que ocorre no intra-muros do clube em relação à diretoria de futebol e em relação a certos atletas que oneram o clube, nada fazem e permanecem na mesma. E pior! que ainda podem ser escalados no time de cima por falta de opções. Seriam apenas especulações? Parece que há alguém ocupando muito espaço dentro do clube sem ser nomeado pelo clube, e isso não é tão especulação assim… seria um novo candidato à Eternidade? Como sócio e Camisa-100 da chapa majoritária do Conselho, vejo que olhos abertos fazem bem à saúde…
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Caso o Bahia seja rebaixado, os créditos do insucesso deverão ser dados a quem está no comando, assim como em qualquer clube. Por outro lado, todos sabem o que foi descoberto nas auditorias e todos sabem dos problemas dum elenco inchado que inclui o Souza. Ou seja: a base deste elenco fraco também é “deles”.
Este risco de queda sempre foi real, com ou sem os destituídos. A gestão Schmidt não veio com a obrigação de mudar o status do Bahia no campeonato brasileiro, e sim de consolidar a democracia e iniciar um processo de recuperação do clube. O resto depende de quem dará continuidade a este processo.
Deverá Schmidt sair com o clube sendo a mesma coisa que sempre foi, com o diferencial de permitir que se possa tentar fazer diferente. Se vai cair ou se não vai cair, não sei. Apenas uma coisa pode ser previsível: sofrimento até o fim.
O foco deve ser esse: no calor da derrota as críticas são compreensíveis, mas a expectativa que está se criando em torno de Schmidt é errada e devemos atentar a realidade que estamos (e por muito tempo estivemos) mais para Náutico do que para Grêmio.
Eu acredito que vamos brigar para não cair ou viver na gangorra por mais algum tempo até as coisas se ajeitarem e se houver governabilidade dentro do clube.
O deposto, por sua vez, tem toda sua parcela de culpa pelos motivos que estão mais do que expostos nas auditorias. Seu grupo esteve quinze anos à frente do Bahia e só fez afundar o clube. Schmidt está quantos MESES à frente do Bahia?
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Esta reflexão é para que possamos entender que a lua-de-mel acabou, e a realidade bate à nossa porta mais do que nunca.
Demitir Cristóvão, a esta altura, seria uma medida tão arriscada quanto a que a atual diretoria tomou em termos de austeridade para com despesas e contratações. Pode dar certo, pode não dar. E no caso da “austeridade”, por enquanto não está dando.
Por outro lado, este treinador a cada dia demonstra que escala mal, substitui equivocadamente e parece sem saber o que fazer diante de um elenco tão fraco. Na “pior” das hipóteses, poderia ser demitido após o campeonato brasileiro, independente da permanência ou não na primeira divisão. Talvez um técnico “motivador” ou “psicólogo” seja a alternativa em seu lugar. Mas, repito, seria uma medida tão arriscada quanto manter Cristóvão a esta altura, faltando uns 8 jogos, porque o time é ruim mesmo e ainda não consegui formar opinião em relação ao dilema do “problema do técnico” por conta de tal ruindade. Talvez eu esteja diante do insolvível Dilema de Tostines do Século XXI.
Hoje temos o álibi da horrenda situação financeira do clube, mas para o futuro próximo, deveremos ser um pouco mais ousados para pelo menos obter melhores resultados em campo e poder até arrecadar mais…
Finalmente, terminou neste triste domingo, mais um capítulo da novela tricolor na corda-bamba do futebol brasileiro.
Peguemos nossas calculadoras, nossos terços e vamos torcer mais uma vez pela Sorte FC: esta de vez em quando nos dá alguma alegria.
Saudações Tricolores!
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