é goleada tricolor na internet
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Publicada em 23 de maio de 2006 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Releitura da quase morte anunciada

No último 22 de março escrevi neste ecbahia uma crônica sombria: “Crônica de uma quase morte anunciada”, depois da humilhação de nem sequer disputar as finais do 1º Turno do Campeonato Baiano.

Era a segunda grande humilhação de 2006: a primeira foi eliminação na primeira rodada da Copa do Brasil pelo Ceilândia – 185º colocado no ranking da CBF.

O terceiro vexame aconteceu neste domingo, três meses depois: adeus Campeonato Baiano 2006. O Bahia venceu no Barradão, por 1×0, mas pagou o preço de uma campanha pífia em toda a competição.

A eliminação não ocorreu anteontem, mas foi construída, sim, desde o início do Campeonato, com a contratação de 42 jogadores e a dispensa de 25 desses contratados; com o mando de três treinadores; com a impontualidade no pagamento dos salários dos jogadores e dos funcionários; com o clima de “casa da mãe joana” que reina no Fazendão há anos, porque o atual presidente é somente a fachada de um sistema montado pelo “eterno presidente”. Recentemente, os presidentes do Bahia e do Vitória foram à CBF. O do Vitória estava só, enquanto o do Bahia foi “acompanhado”. Advinhe por quem?

Os funcionários fizeram greve por causa de salários atrasados. São atrasos de três meses, mas há médicos que não recebem há 10 meses. Parece, contudo, que as “vozes oficiais” estão com o jabaculê em dia. Como um ambiente desses pode ser bom? E tudo isso às vésperas de um BA-VI decisivo…

Na semana passada, a direção do Bahia se queixou das perdas que teve com a renda do BA-VI na Fonte Nova. Ironicamente chamou de “Despesa Futebol Clube”. E o que a direção fez para reduzir as despesas? Por que pagar mais de 10% de ingressos sobre a renda bruta (R$ 20.496,00) quando os cines Multiplex ou o Teatro Castro Alves imprimem seus próprios ingressos a um custo dez vezes menor?

E o quadro móvel do Bahia, não poderia mais enxuto? E por que o clube paga o quadro móvel da FBF? E por que os árbitros não são “patrocinados”, para que esse despesa fosse abatida? E lanche e transporte para policial, por que o Bahia é quem paga? Acaso a segurança pública não é tarefa do Estado? Sou jornalista profissional, sindicalizado, mas acho absurdo um clube pagar percentuais para as associações de repórteres fotográficos e cronistas desportivos. É o jabaculê institucionalizado.

Entre as questões estruturais que não foram atacadas incluem-se as finanças. E como falar em planejamento e redução dos gastos quando se contrata 42 jogadores? E a remuneração dos dirigentes “abnegados-remunerados” sai de onde?

O Bahia teria que buscar um investidor para solucionar a questão financeira. Mas ninguém é imbecil para pôr dinheiro nas mãos de um grupo que recebeu R$ 12 milhões do Banco Opportunity e, oito anos depois, afundou o clube em dívidas de R$ 52 milhões, além de uma sucessão de vexames e humilhações.

A outra alternativa seria colocar a torcida para sustentar o clube. Se ela tem potencial para colocar 60 mil pessoas na Fonte Nova em vários jogos da Série B, tem para sustentar 20 mil sócios pagando R$ 20,00 ou R$ 30,00. Claro que esse dinheiro não paga todas as contas, mas é uma nova receita que vai permitir o equilíbrio financeiro do Bahia. Terão credibilidade os “donos do Bahia” para pedir mais um sacrifício para a torcida? Vide a história patética da venda das moedinhas e das camisas dos 75 anos que você encontrará a resposta.

O Barcelona acaba de fazer uma nova campanha de sócios onde o principal chamariz é “seja sócio e eleja o presidente do clube”. Por que no Barça, no todo poderoso Barça, e no Bahia, não? Porque abrir o clube à torcida significa destampar a caixa preta da corrupção, do desmando, da irresponsabilidade.

E de desmando e de irresponsabilidade vamos vivendo; perdão, morrendo. Quando será o nosso próximo vexame? Com certeza, a partir de 16 de julho, na Série C. Em 55 dias vamos assistir a mais uma longa hemoptise de nossa doença crônica: treinador “fica-não fica”, jogador indo embora, falta (ainda mais acentuada) de dinheiro para pagar os compromissos, time sem base e confiança para encarar o Confiança.

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