Antes mesmo de tomar conhecimento do interesse do City Group pelo E.C. Bahia, chamei atenção em um dos meus textos, nesta coluna, sobre o fato de terem negligenciado com o Opportunity desde quando o Bahia sofreu a intervenção em 2013, pois, à época a dívida com o banco era bem menor e havia a condição de o Bahia mover uma ação protestando as condições pela forma como fora feito o contrato.
As administrações de 2013 para cá sentaram em cima dos problemas mais agudos e deixaram que a coisa chegasse a tal ponto de estar – talvez não mais – sendo agora uma pedra no caminho do Bahia para o City. Afinal quando aconteceu a intervenção, segundo diziam os que assumiram o clube, tudo seria feito de forma a deixar o Bahia democrático e com suas pendências resolvidas. Mas o que vimos foi algo parecido com um mutirão fazendo uma devassa no Bahia, para encontrar o que afinal se a coisa virou uma caça às bruxas, jamais encontradas? Perderam-se apenas o senso óbvio de aproveitar a oportunidade para verdadeiramente sanear o Bahia.
O recadastramento, o desmonte do Conselho e as auditorias à época, tiveram qual finalidade? Não foi a de limpar o clube naquela “vassourada”? Ou apenas jogaram os problemas para debaixo do tapete? O atual vice presidente está há 9 anos no clube. Inicialmente foi ele o responsável pelo departamento jurídico. Não viu o que precisava fazer? Não deveria ter alertado sobre esses riscos sensivelmente jurídicos? Haviam duas dívidas, bem ali à sua frente, já com ares dos monstros em que se transformariam anos depois.
Fato é que nem a democracia ficou tão democrática assim porque o que houve foi uma mudança de grupo. As duas principais dívidas, uma com a BWA e outra com o Opportunity, foram sendo “empurradas com a barriga” sob os olhares complacentes dos administradores da nova Era Tricolor.
A BWA, empresa responsável pela venda de ingressos do Bahia, antes do retorno do clube à Arena Fonte Nova, processou a agremiação pelo não pagamento de parcelas estabelecidas no dia 15 de dezembro de 2011, após assinatura de contrato. A quantia de R$ 6,5 milhões foi dividida em 31 parcelas, no entanto, a BWA só recebeu apenas três delas – pressuponho uma de entrada e outras duas em 2012/13. Fato é que isso virou uma bola de neve e também uma trava. Para acabar com a dívida o Bahia, neste ano, pagou 20 milhões. Por que não continuaram honrando o compromisso que, hipoteticamente, em 2013 estava em dia? Negligência é o que explica isso
Restava ainda o Opportunity… ao meu ver, o acordo só não foi realizado mais rápido porque, como todo banco, o Opportunity é também um oportunista de época. Ora, o clube deve ao banco 100 milhões, ou mais um pouco – a dívida, certamente não congelou neste ano –, o banco sabedor que tem um investidor ávido por fechar um negócio com o clube, segundo já se fala na ordem de aproximadamente 700 milhões, então, nenhuma pressa o banco teria se havia um trunfo à vista que é um poderoso investidor para comprar o clube.
Está sendo um jogo de paciência que o Presidente do Bahia vem jogando com muita calma, pensando cada quesito da prova antes da resposta, e ele na prova dos negócios sabe todos os quesitos. Nesse caso dou uma nota 10 para ele porque soube finalmente consertar as coisas erradas que inviabilizavam o Bahia. A essa altura o assunto Bahia/Opportunity já deve estar em fase de homologação na Justiça. Logo a torcida vai estar vendo a marca estampada como Bahia City.
A verdade é que a dívida com o banco quase impediu o negócio entre Bahia e City Group. Tudo isso por gestões incompetentes, incapazes de pensar essas dívidas com a devida responsabilidade. Não se pode, todavia, culpar só os presidentes, mas sim todos os diretores do clube, do Jurídico ao Financeiro, ao longo de 8 anos. Afinal a chamada profissionalização do clube visou apenas pagar ótimos salários a diretores que não estiveram à altura das suas atribuições, com raras exceções.
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